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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Concurso público ainda vale a pena?


Adolescente inútil de trinta anos esperando o auxílio.

Imagem de Lando por Pixabay

Respondendo logo ao questionamento do título: por enquanto, sim, especialmente para cargos onde se exige nível superior e, mais especialmente ainda, para cargos de elite. Para estes, exigem-se anos e anos de estudo com afinco e dedicação. Ninguém é nomeado para Diplomata ou Procurador do Trabalho com poucas horas de estudo ao dia. Estimo que, para cargos dessa natureza, o cidadão tenha que se dedicar em torno de quatro anos, talvez, com uma média diária de oito horas de estudo. E estudo proveitoso, não qualquer forma de "aprendizado". Método é importante. Há casos onde o sujeito ingressa nesses cargos com pouco esforço? Sim, casos raros, pontuais, dependendo da qualidade da massa cinzenta do cidadão. Tive um colega de faculdade, por exemplo, que, ainda no meio do último ano, passou em segundo lugar para Auditor-Fiscal da Receita Federal. Mas ele sempre esteve acima da média. Conseguiu antecipar o curso e não passou nem dois anos no cargo, pois depois foi nomeado para Procurador de Contas. Daqui a alguns anos, creio, será Conselheiro no Tribunal de Contas, dentro da reserva de vagas ao Parquet, pois ingressou muito jovem no cargo e terá tempo de carreira, por antiguidade, até lá.

Mas voltemos ao assunto: você não precisa ser gênio como meu colega. Basta estudar um pouquinho e escolher aqueles cargos de nível superior, na intricada burocracia nacional, onde dê para retirar um troco bacana - hoje, não menos do que 25k ao mês, em final de carreira. Sem contar que é satisfatório usar o diploma. Acho meio deprimente o cidadão gastar cinco anos numa faculdade para, depois, não fazer nada com o canudo. Então o uso do diploma, além do benefício financeiro, lhe trará benefícios emocionais, psicológicos e espirituais. Conheci uma motorista Uber formada em Engenharia Civil numa bagaça privada qualquer (se bem que universidades públicas também estão uma bagaça) que me disse não ter conseguido emprego em sua área, por isso estava como Uber. Até aí, normal. Muita gente inventa de fazer curso superior sem nem saber se aquilo é para si. Mas o problema é que ela soltou uma que "estava mais feliz assim". Cara, pura conversa fiada.

Por que entro neste assunto? É que muitos guris andam me perguntando se concurso vale a pena, ainda, considerando que - em breve, talvez - quase não existirão. Possivelmente, alguma nova reforma administrativa acabará com os concursos para cargos em atividade meio. Exemplo: em tribunais, haverá concurso apenas para magistrados. Servidores desempenham meras atividades de suporte. E por aí vai a coisa. Além disso, cargos como policiais e fiscais de tributos continuarão sendo providos por meio de concurso. Isso se não privatizarmos a polícia, como na OCP de Robocop! Creio que dá para terceirizar quase tudo por aí. Se não isso, farão o seguinte: processo seletivo. Mesmo sem amparo legal, recordo que o  Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins abriu processo seletivo para cargo efetivo. Logo, o sujeito passaria apenas alguns anos no desempenho das atribuições e depois ganharia um pé na bunda.

Mas, por enquanto, nossa burocracia ainda comporta cargos efetivos e estabilidade nos mesmos. Então vale a pena, sim. É o que lhes digo. Mesmo que amanhã mudem tudo, quem garantiu o seu lugar ao sol, permanecerá aquecido. Falo sempre aos meus colegas próximos que somos dinossauros. Em alguns anos, seremos servidores efetivos trabalhando com pessoas contratadas a preços módicos e com gente temporária de processo seletivo. E, para mim, tanto faz. O mundo muda. Não posso me preocupar com isso, nadar contra a maré. Se os brasileiros terão uma melhor ou pior prestação de serviço, quem saberá dizer? Muitos setores, onde todos são estáveis nos cargos, já não funcionam!

O Brasil é o país dos concursos públicos, pois não temos livre mercado. Nosso capitalismo é de compadrio. Só prospera, em regra, quem é amigo do Rei. Este ano mesmo descobri que meu colega bem sucedido no setor de pré-moldados, eletrificação e energia solar só chegou lá graças a contratos com várias prefeituras. Se dependesse apenas do mercado convencional, estaria na merda. Há as raras exceções, claro; mas são raríssimas, mesmo. Antes, havia mais histórias de sucesso pela garra e determinação. Hoje, isso é raro. Se o sujeito não for herdeiro ou bem apadrinhado, será triturado no moedor de carne estatal.

Além disso, empreender sem apoio estatal é para trouxas. Você será o vilão da história: empresário malvadão, tomador da mais-valia do operário. Terá agentes públicos te infernizando: fiscais de tributos municipais, estaduais e federais, fiscalização sanitária e ambiental, fiscais do trabalho, oficiais de justiça etc. Exemplo bizarro: um conhecido explora o pó da carnaúba para produção de cera. Ele fornece refeitório, EPI, banheiro químico etc. Mas, certa vez, um empregado seu que só gosta de comer à sombra da árvore (matuto legítimo) estava atacando sua refeição e, ao lado, estava seu cachorro de estimação. Para onde ele vai, o bichinho segue atrás, até mesmo para o trabalho. Então ele ia comendo e jogando sobras ao animal. Por azar, apareceu uma fiscalização do trabalho no momento: comendo no chão com os animais, multa de quase dez mil paus. E foi isso. Mesmo o empregado falando que não era nada disso, o patrão rodou na multa. Vale a pena empreender assim, a não ser que seja com gordos contratos junto ao poder público? Para mim, não. A paz de espírito não tem preço.

Outra vantagem de optar pelo concurso público, enquanto ainda existe, é que nos sentimos meio que justiçados. Explico: este é um país de vagabundos, onde a vagabundagem é estimulada. Pessoas que não estudam nem trabalham, que passam o dia todo coçando o saco esperando migalhas caírem do céu: bolsas, auxílios diversos etc. Querem mimos, pois se acham merecedores de tudo porque "também pagam impostos". Ora, como pagam impostos se não produzem, se não dão força de trabalho à sociedade? Os tributos indiretos sobre consumo, é isso? E os impostos diretos? Nunca pagaram nem pagarão. Na verdade, não produzem nada no mundo a não ser merda e flatulência. Apenas ocupam espaço e abarrotam nosso sistema público de saúde, dentre outros sistemas. Desocupados deveriam dar retorno à sociedade de alguma forma, quando usufruem de benefícios diversos. Que dessem ao menos um dia de trabalho ao mês a órgãos públicos, em atividades realmente essenciais, como zeladoria, segurança, jardinagem etc.

Então: a outra vantagem é que, num país de vagabundos, ao menos no serviço público você está embolsando grana dos cofres públicos. O importante é desempenhar bem suas atribuições, fazer a contento seu trabalho e dormir tranquilo. Mas, claro, infelizmente, somos a única categoria que não pode fugir do pesado imposto sobre renda, já descontado sobre nosso holerite. "Ah, mas em empresas também é assim etc.", dizem. Não, não é. Empresas que pagam bem conseguem seus "arranjos" juntos a empregados. Há gente por aí com um salário mínimo anotado mas que, na verdade, embolsa vinte vezes isso, em comum acordo com o empregador. E, pela ótica libertária, não estariam errados. Apenas estão fugindo da sanha predatória do Estado e seus cupinchas.

Agora, certamente, tudo o que falo acima sobre concurso público é destinado a quem não possui dotes especiais: cozinha, mecânica, obras diversas etc. Para muitas profissões bem remuneradas e com ótimo mercado, não se exigem diplomas. Mas se exige "dom", talento. Conheço mecânicos que estão ricos, fazendo o que amam, assim como padeiros, cozinheiros etc. Se você leva jeito para algo que não exija universidade, invista nisso. Ganhe grana sendo feliz. Na minha família, há gente que fez até pós-graduação fora do país para, hoje, estar vendendo miçanga. E não está feliz com isso, claro. É porque é o que deu, pois inventou de se meter numa atividade específica, que exigiu anos de estudo, sem refletir a respeito.

Então é isso. Sou servidor público há duas décadas, pois nunca me vi bajulando políticos ou me corrompendo para poder empreender neste sistema imundo de compadrio, nem tenho saco para ter meus próprios colegas servidores públicos me perturbando com fiscalizações, multas esdrúxulas e exigências insanas. Nunca me faltou disposição para estudar. Fui um moleque que sentia prazer em aprender. E também gosto de trabalhar, pois não consigo me ver como vadio. Logo, me sobrou o setor público. Como muitos estagiários andam me perguntando se ainda vale a pena estudar para concurso, digo que sim. Além disso, quando no cargo, tente fazer a diferença - realmente cumpra seus deveres funcionais, faça a coisa andar, seja gentil com os usuários do serviço e embolse, em paz, sua grana.

Abraços barnabés e até a próxima.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Abelardo, o cego

 

Sexo no iê
Oxente, oh! Shit
Cego Aderaldo olhando pra mim
Moonwalkman

A Prosa Impúrpura do Caicó - Chico César

Como falei anteriormente, ter sido Oficial de Justiça (justiça estadual), enquanto estava na faculdade de Direito, me rendia situações memoráveis, tão bizarras quanto à lambida no sangue por Ademir, o corno artesão. Uma delas foi com Abelardo, o cego sinistro.

Tratava-se de um inventário enrolado e sem fim. Eu precisava encontrar a inventariante que sumiu do mapa após consumir todo o espólio: a mulher tinha torrado a grana do defunto e os irmãos estavam - obviamente - incomodados com a situação. Vamos chamá-la de Maria. De posse de sua possível localização, fui bater à porta de uma casinha até bem situada próximo ao centro da cidade. Havia uma murada baixinha (meio muro) com portão de ferro aberto. Entrei e percebi que a porta encontrava-se entreaberta, com fresta generosa. Bati, bati e nada. Então fiz como se faz no interior deste Brasil de Deus-Pai: fui penetrando e falando alto "Oh de casa, tô entrando". Casa vazia, sem nenhum móvel - exceto por a cadeira de madeira no final da sala, onde o velho estava sentado, apoiado na bengala.

- Boa tarde, meu senhor. Mora aqui?

- Sim, senhor. Sou o Abelardo.

- Conhece Maria? Ela está?

- Conheço, sim, mas ela não se encontra. Me deixou aqui, foi embora e não vai voltar.

Como ele olhava pro nada, percebi ser cego. "O senhor é cego, seu Abelardo?". "Sou, sim". E ainda continuou falando algumas histórias estranhas sobre gostar de ficar ali sozinho e que qualquer coisa falaria depois com Maria. Como o velhote não estava em cativeiro (a porta encontrava-se destrancada), aparentava bons tratos (limpo, roupinhas decentes etc.), apenas agradeci a cordialidade e fui saindo de fininho sem lhe dar as costas.

Suspeito que Abelardo, o cego, esteja lá até hoje, sentando na mesma cadeira de madeira, com ambas as mãos apoiadas na bengala, fitando o nada com seus olhos opacos.

Abraços verídicos e até a próxima.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Memética, isentão e seres de luz

 

Achei o meme acima divertido e podemos facilmente inverter as falas ao sabor de seu ideário. Para mim, serve como está, já que não sou eleitor da extrema-esquerda. Então, por visão de mundo, votarei em quem mais se aproxima da direita liberal-conservadora. Voto em quem menos se meta em minha vida privada, familiar, comunitária, religiosa etc, em menos Estado e burocracia. Logo, descarto candidatos da extrema-esquerda, como Lula, Ciro Gomes etc. 

A esquerda soft também não me serve, pois apenas promove agenda progressista de maneira enrustida, a exemplo de Dória, Tebet, "Danones" etc. E, no final das contas, o que a esquerda faz é pacto de tesouras: metem cinco candidatos fingindo disputar algo quando, no final, tanto faz qual deles chegará ao poder, criará cinquenta Ministério para os partidos coligados e botará para frente qualquer bobagem made in ONU e suas agências. Recordo quando o próprio Lula, em 2014, destacou em um evento que tanto fazia o resultado eleitoral, pois não havia candidato de direita. O Lula passa bem longe de ser burro, diferentemente de seu eleitorado. Lula sempre falou abertamente que partidos como PFL (DEM), PSDB e assemelhados são de esquerda. Quem os rotula de "direita" é o jovem militante de apartamento.

Tenho um amigo de trabalho que nem o convidamos mais para tratar de assuntos funcionais. Sempre que estávamos em alguma reunião ou bate papo discutindo ações práticas, todos davam seu ponto de vista, assumindo posições, viáveis ou não. Ele, não. Sempre dizia ser favorável a "juntar todas as proposições e chegar a um denominador comum que agrade a todos os interessados". Sim, essa é a resposta padrão do cara: solta lugares-comuns e posa de equilibrado. Ele pensa que isso cola. Mas, para nós, trata-se de um bobão e, assim, nem pedimos mais a opinião dele. É um cara "iluminado", acima do bem e do mal, acima de meras convenções práticas. É alguém com cérebro tão evoluído - ante nós, que queremos apenas tentar tomar decisões práticas - que estamos aquém de suas ilações sobre sexo dos anjos.

Na vida política estamos vendo o isencionismo. Ele se promove com o voto nulo ou com o voto em quem, certamente, não terá chance nenhuma de vitória. É a conduta antipragmática e anti-utilitária de fingir que se tomou partido de uma decisão viável - mas lavando as mãos, na prática. Assim, por exemplo, posso votar em Luiz Felipe d’Avila, um representante do Novo (cujas ideias são velhas e estatistas ao ponto de dar inveja ao PCdoB). Ele não terá nem 0,25% dos votos válidos. Obviamente, se meu candidato não for para o segundo turno, anularei! Depois, a partir de 2023, lavarei as mãos quando der merda: "Não votei em nenhum desses, escolhi a terceira via, mas não deu, não tenho culpa disso, tenho consciência política, luto por mudança etc e tal".

O isencionismo é um modismo conveniente, para quem quer ficar bem na fita. É o efeito manada do momento, dentro daquele argumento inteligentinho: "Ah, o mundo está polarizado, mas eu não, estou além disso". Nunca haverá uma "solução" dentre nossas opções políticas, isso é óbvio. Não existe político ideal. Aliás, não existe "ideal" quando o assunto é vida política em geral e precisamos tomar decisões sobre um país com dimensões continentais. Mas precisamos ser pragmáticos e utilitaristas.

Abraços "nem sim nem não" e até a próxima. Talvez.

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quinta-feira, 2 de junho de 2022

Ademir corno


Noiva de Ademir lamentando sua prisão.

Foto de Jill Wellington, no Pexels

Toda vez que o seu namorado sai
Você vai ver outro rapaz
Olha, todo mundo está comentando
Seu cartaz tá aumentando

Reginaldo Rossi

Não recordo o nome do infeliz, mas aqui quero chamá-lo de Ademir porque a maioria das páginas de humor, há algum tempo, gostava desse nome quando falava de chifrudos. Conheci Ademir, o corno, no xilindró. Na época, eu era estudante de Direito e ocupava um cargo de Oficial de Justiça (exigiam apenas nível médio). Era um emprego excelente, aliás: ganhava relativamente bem, tinha liberdade para organizar minha rotina em apenas dois dias na semana (de manhã à noite, claro) e vi muita coisa bizarra. Uma delas foi o caso do Ademir.

Ademir era um artista. Fazia esculturas com palitos de picolé e vendia na feira e em eventos. Vendia bem, aliás. Eram trabalhos lindos! Só que era cornão, apaixonado pela honrada namoradinha que liberava geral. Certo dia, Ademir estava às margens da barragem local (eu mesmo gostava de comer peixe num restaurante próximo) e seu amigo de infância o advertiu que tivesse cuidado com a honradinha, pois ela estava pulando a cerca. Todo mundo sabia, menos o corno artesão. E não deu outra: Ademir puxou um canivete e acertou a primeira nas costas do amigo. Depois, atochou mais meia dúzia de furadas. Matou o otário que não sabia manter a boca fechada e parou no xilindró.

Às vezes eu ia à cadeia (não prisão) para algumas diligências bestas. Hoje em dia, fazem o máximo possível de maneira informatizada, pelo que eu soube. E numa dessas oitivas fui falar com Ademir, trancado na cela com mais uns dez fodidos na vida, no meio daquele cheiro de urina, sêmen, cocô e suor. Entre algumas trivialidades com o corno nervoso (e agora assassino), perguntei se valeu a pena, ao que ele disse que sim e que, inclusive, lambeu o sangue do finado, literalmente. Já viram isso em filme: lamber o sangue da faca? Foi o que ele fez. Além de homicida, boi e artesão, era também seboso.

Ademir era corno macho. Corno nervoso. Matou o amigo à traição quando soube do chifre e lambeu o sangue. Não sei como ficou sua situação, mas deve ter passado anos e anos preso, talvez até dando o anel e mamando piroca, enquanto sua honrada namorada curtia o carrossel de pintos do lado de fora. Ah, e não a estou criticando. Como dizia minha finada avó: "Os vivos vivam"... e como quiserem. Trouxa foi o Ademir.

Por que lembrei disso? É que vi esses dias no Youtube um caso onde o corno bravo matou o talarico. Então um cara comentou "Bem feito, com talarico é bala". Evito retrucar, mas comentei que, agora, a garota iria curtir a vida em liberdade enquanto o matador ficaria compartilhando o toba no xilindró, naqueles famosos troca-cus que rolam na calada da noite prisional. E o rapaz me disse que "tem que ser assim mesmo, pois o importante é dar uma lição no talarico". Achei interessante então recordar do Ademir, corno nervoso e hábil artesão.

Abraços e fiquem com o grande poeta e meu conterrâneo Reginaldo Rossi, que até hoje deve fazer os Ademires desse vasto Brasil chorarem, na noite mais densa, na hora mais escura...


segunda-feira, 30 de maio de 2022

A Quebra-Nozes

Após o avanço institucional no âmbito da Polícia Rodoviária Federal com a inclusão do sistema Auschwitz mobile - fruto certamente do incremento educacional dos agentes após aulas de História -, a nobre Polícia Militar paulista não quer ficar atrás. Algumas policiais certamente estão sendo instruídas a consumir produções eruditas, especialmente peças refinadas como O Quebra-Nozes de Tchaikovski. Ao ser abordado no tradicional e inconstitucional baculejo (até porque revista pessoal genérica só é empregada em mané trabalhador ou vadio cachaceiro, nunca em ricos, políticos, autoridades ou grandes traficantes com poder de fogo), o cidadão fodido pagante dos maiores tributos sobre consumo deste planeta recebe um mimo: o ballbusting, aquela tara onde se tem os testículos esmagados (em socos ou chutes) por moçoilas. Enquanto pervertidos pagam profissionais para que lhes esmaguem as bolas, a policial de sampa ofereceu isso gratuitamente em blitzs. Se alguém não gostar do serviço, poderá ser levado ao xilindró, onde, após o ballbusting, dará o caneco a outros detentos. Na próxima blitz onde você for parado, não marque bobeira, exija seu ballbusting gratuito.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Auschwitz mobile [ Gaswagen ]

A Polícia Rodoviária Federal inaugurou novo sistema de execução: uma câmara de gás portátil. Jogam o pobre coitado no camburão e tacam lá uma bomba de gás. Em pouco tempo, menos um indesejado no mundo. A inauguração do método ocorreu no Estado de Sergipe, quando, ao abordarem um homem com problemas mentais, testaram o sistema na rua mesmo. De acordo com a nota oficial da instituição, "foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção". Logo, aparentemente, deve haver um camburão da morte mais eficiente, com maior potencial ofensivo, ainda em fase de lançamento. Os testes poderão ocorrer aí perto de sua casa, por isso fique atento. A população bovina observou tudo pianinha: afinal, ninguém tem couro de aço e apenas os policiais estavam armados. Fica a sugestão: armem-se, contra indivíduos e contra o Estado e seus agentes! "Ah, mais aí vai virar um faroeste!", me diz a ovelhazinha. Sim, mas ao menos no velho oeste americano todos tinham chances iguais em matar e morrer. Abraços gasosos e até a próxima!

domingo, 22 de maio de 2022

MGTOW - Os Homens Que Temiam As Mulheres


"Stop! Me deixem carregar sacos de cimento sob o sol, por favor!"

Foto de Mikael Blomkvist no Pexels

Recordo quando baixei (saudades do torrent) a trilogia cinematográfica dinamarquesa para a série de livros escritos pelo ativista Stieg Larsson, a trilogia Millennium:  Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar. Vi todos de uma vez e até comentei com minha namorada à época que nórdicos tinham tara em violência sexual, porque simplesmente não era possível aquilo que assistimos. E realmente não é possível. É que a mente doentia de Stieg Larsson potencializou uma má experiência de sua juventude para que sua visão de mundo fosse facilmente intoxicada pelo discurso "homem mau, muié boa". Gostam de pintar qualquer movimento masculinista como "o dos homens que odeiam mulheres". Acho que melhor seria: o dos homens que têm medo de mulheres. E lhes assiste a razão (como veremos). Depois, houve versões americanas sobre a obra de Larsson, mas eu francamente quero passar longe dessa imundície.

Acredito que poucas comunidades crescem tanto no ambiente eletrônico quanto as dedicadas ao conteúdo MGTOW - acrônimo para Men Going Their Own Way, ou "homens seguindo seus próprios caminhos". Trata-se, obviamente, de uma filosofia de vida masculinista. Percebam que falei filosofia e não "movimento", como às vezes falam por aí. É que não identifiquei ativismo por trás da conduta de seus maiores propagadores nacionais. No dia em que os MGTOW saírem às ruas quase pelados, com o corpo riscado, gritando palavras de ordem e até mesmo criando partidos políticos, aí sim será um movimento; e legítimo, aliás.

Essencialmente, as pessoas adeptas desse modo de vida acreditam que o homem contemporâneo está cego numa Matrix misândrica onde as regras do jogo são pré-estipuladas para ele se ferrar. O aparato estatal ginocêntrico tornou a vida dos homens um inferno, com normas e instituições que atuam apenas em nome do sexo feminino (ou até do gênero, já que mulheres trans estão conquistando os mesmos direitos das mulheres biológicas - estas seriam as mulheres cis, nessa novilíngua insana). E eles têm razão. Já citei aqui no blogue minha curta experiência como serventuário de uma Vara Cumulativa onde via assombros, com homens aparentemente cheios de razão se estrepando e mulheres flagrantemente erradas em suas condutas levando a melhor, apenas por praxe forense, aplicação fria da norma jurídica e cultura ginocêntrica.

Certamente, mulheres são privilegiadas entre nós: menor idade para se aposentar, embora vivam mais; instituições e secretarias públicas apenas para promover ações favoráveis ao seu bem estar e segurança, como delegacias, hospitais e curadorias especializadas; risco ínfimo de mortes violentas em comparações com homens; menos pressão social e psicológica, tanto que se suicidam menos etc. Não vou aqui traçar rol quilométrico dos privilégios femininos, todos bancados com nossos impostos cada vez mais impossíveis de serem pagos, além, claro, do fator sexual que naturalmente lhes favorece. Isso dá para pesquisar por aí em canais diversos. Quem nega que existem esses privilégios femininos está sendo leviano, no mínimo. É algo não apenas escancarado, mas que está sufocando o ocidente há bastante tempo - e este é o objetivo, aliás.

Enfim: há todo um descompasso jurídico e institucional na relação macho escroto (hômi) x ser divino (muié), onde o primeiro se estrepa de diversas formas, estando ou não na constância de uma relação afetiva séria. Diante de falsas acusações por agressão, o homem casado deve sair de seu lar imediatamente, por exemplo, sem direito à defesa. É este, aliás, o artifício mais utilizado por alguns maus advogados para a cliente ansiosa pela saída imediata do gadão da residência - pois mesmo que pega na mentira não trará consequências para ela. Você perde sua casa, seu mísero patrimônio e ainda deverá pagar pensão aos seus filhos (sem controle e prestação de contas, bem como sem ter acesso aos pimpolhos e ser vítima de alienação parental), aos filhos dos outros (pensão sócio afetiva) e até mesmo pensão aos bichinhos de estimação da honrada. Se você for solteiro, encher a cara numa balada e meter consensualmente com uma mulher sóbria, ela pode acusá-lo de estupro no dia seguinte e você terá sua vida arruinada, simples assim. Você pode ser celibatário e terá que sustentar mães solteiras com auxílios governamentais e bancar as aposentadorias femininas precoces! Não há para onde fugir, há apenas como tentar reduzir o dano.

Não vou estender tanto os fatos pró-MGTOW. Os exemplos acima foram apenas para destacar que, sim, os caras têm razão. Mas sou MGTOW? Não. Sou casado e pai de uma menina. E brinco que até acho bom um monte de homem preso na Matrix porque, assim, minha filha crescerá com mais privilégios e terá um exército de gados pagando cursos de sedução apenas para tentar agradá-la. Sua vida será mais fácil - ainda mais considerando ser bonita e, creio, tornar-se-á uma bela mulher. Mas, claro, isso é apenas pilhéria. Temo pelo futuro de relacionamentos arruinados, de homens cada vez mais celibatários e medrosos, inaptos a encarnarem o Cavaleiro Templário na defesa do sexo frágil, diante de crises humanas variadas que certamente ocorrerão num médio espaço de tempo (guerra, pandemia, desastres naturais etc.). Gostaria que, se minha filha for heterossexual, tenha um homem forte ao seu lado. Mas, se ela for lésbica, aí vou achar é bom mesmo a gadaiada se ferrando ainda mais para lhe dar o mundo de mãos beijadas, enquanto carregam sacos de cimento nas costas e pagam ainda mais impostos! Brincadeira, gente...

Eu poderia ser MGTOW com a vida que possuo? Não. Mas estou seguindo meu próprio caminho? Não é assim que funciona. As regras do acrônimo são claras: seguir o próprio caminho injetando combustível na Matrix não funciona. Então estou fora. Sou um blue pill.

E vamos lá. Mesmo aceitando algumas licenças à sigla, não me veria como MGTOW porque estou com quarenta anos de idade, no segundo casamento, com uma menina para criar (filha única e não terei mais, como falei no post Vasectomia) e sem ânimo para mudar de vida. E nem quero, pois por enquanto está tudo normal. É uma vida relativamente tranquila de casado. Tenho um emprego que me proporciona grana suficiente para eu manter minha privacidade dentro de nossa casa e comprar minhas coisas sem gerar brigas. Traço a esposa quando quero e ela nunca me negou xoxota em mais de dez anos (com dor de cabeça, cólica, menstruada, tanto faz). Vejo meus filmes, leio meus bagulhos, encho a lata quando dá vontade e segue o baile. E aí que acho estranho quando alguns homens que tomaram a red pill (isso quando não evoluíram para a black pill) falam bastante que a vida de casado é sexo uma vez por mês, com mulheres arredias e prepotentes, falta quase total de liberdade etc. Isso, nunca tive, felizmente. Mas também, convenhamos: o sujeito que sobrevive de subempregos e cata mulher ostensivamente psicótica para conviver e encher o mundo de filhos está, claro, pedindo para existir na merda. Mesmo que eu me separasse hoje, saísse de casa e pagasse pensão, viveria uma vidinha boa. E aí a coisa ganha outro contorno. Vejamos...

Evidentemente, mesmo que o fim do casamento não seja tão fodido, teria sido melhor não casar. Por que viver uma "vidinha boa" pagando pensão a filhos que talvez passem a vê-lo como um estranho se você poderia apenas viver uma vida excelente na solteirice permanente, sem nunca ter arranjado mulher para coabitar? E aí que está o ponto: condição humana. Alguns homens gostam de ter família, então tentam, mesmo quebrando a cara. O estilo de vida solteirão não serve para muitos, mesmo cientes dos riscos envolvidos num relacionamento a dois, ainda mais nos dias de hoje. Eu amo ter minha filha e não cogito outra vida, a esta altura, sem tê-la, mesmo que amanhã esta relação possa não ser das melhores. E nunca seria pai sem ter mulher para emprenhar. Agora, convenhamos, é como falei acima: esta é minha visão de quarentão, pai de família para quem a vida está boa. Se hoje eu fosse um jovem na casa dos vinte anos, creio, pensaria bem diferente e, talvez, seria fiel adepto do estilo de vida MGTOW, pois está cada vez mais difícil a situação com o mulheril "empoderado". Empoderadas e tratadas como se crianças fossem pelo paternalismo estatal.

Cada um deve realizar um autoexame. Quem é você, a que veio, o que procura etc. Não casar, não procriar e envelhecer sozinho consigo mesmo pode lhe ser útil. Mas o inverso também pode valer a pena. Você está preparado para morrer na solidão e sem descendentes? É uma pergunta séria. Uma vida longeva na solidão pode ser tão dolorosa, mais à frente, quanto um casamento desfeito de forma desastrosa. Ao menos, verdade seja dita, na solidão talvez você evite cadeia por falsa acusação de sua companheira. De qualquer forma, vivemos uma realidade onde homens solteiros estão se dando mal, por aí, por falsas acusações. Recordo que, recentemente, um cidadão londrino foi preso por staring (olhar fixamente para uma Deusa na estação de metrô). Salvo engano passou três meses no xilindró, apenas tendo como prova a alegação da moçoila. "Ah, mas homens relacionados se metem em mais confusão"... Sim, claro. Mas convenhamos que a maioria esmagadora procura; não aceitam ser largados, têm crises de ciúmes, são barraqueiros, emocionados etc. De todos os casos que vi de prisões de homens devido a relacionamento, arrisco dizer que a maioria procedia: os babacas realmente pentelhavam, ameaçavam, viviam correndo atrás e até mesmo agredindo. É realmente tudo bem complexo.

Não vou me estender tanto sobre o assunto. Aqui se trata de curto ponto de vista. O tema rende e gera vários "todavias". Apenas percebi como esta visão de mundo (ou constatação de vida?) cresce a cada dia e resolvi dar meu resumidíssimo pitaco. Gosto de consumir conteúdo desses caras mesmo sem lhes adotar o modus vivendi assim como acesso conteúdo libertário mesmo sabendo que jamais existirá vácuo de poder. Aliás, MGTOW e libertarianismo têm tudo a ver. Alguns conteúdos redpillados são até divertidos e bem produzidos, tanto que os recomendei a colegas gays, casados etc.

Não sabemos por quanto tempo esses caras terão liberdade para falar sobre o tema, pois a Lei  n.° 13.642/18 dá a Polícia Federal atribuição para investigar "quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres". E basta que meia dúzia de iluminados definam que MGTOW são odiosos por apenas falar o óbvio que, logo, serão capturados pela Polícia Federal, processados e certamente condenados a assumir uma mãe solteira de três Enzos e duas Valentinas. Esta lei leva o nome de "Lei Lola", em homenagem à ativista feminista Lola Abramovich. Veja bem: você pode postar conteúdo misândrico à vontade, o que não pode é falar dos privilégios femininos ou que está com aversão de se relacionar com elas.

Abraços emasculados e até a próxima!

domingo, 8 de maio de 2022

Seleção de música ambiente - ou ambiental

A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende. 
Arthur Schopenhauer

A seleção a seguir foi testada e aprovada por mim, em momentos de trabalho à frente do computador, ralando para ganhar o pão de cada dia, blogando ou escrevendo bobagens diversas. Como falei anteriormente, com o avanço do tempo passei a dar ênfase à música ambiental enquanto desempenho minhas atividades cotidianas que exigem certo grau de compenetração. Na lista a seguir, há um pouco de tudo: edições baseadas em trilhas de cinema e jogos eletrônicos e até mesmo criações originais. Serviram para mim e, creio, podem lhe servir. Então, por que não compartilhar?

Abraços e até a próxima.








sexta-feira, 6 de maio de 2022

Mídia, Poder e Opressão


Jovens no primeiro dia na favela após a polícia não usar mais armas.
(Foto de Kampus Production no Pexels)

Fascistas de direita
Fascistas de esquerda
São todos iguais
(Engenheiros do Hawaii)

Quando estava na universidade, li Direito, Poder e Opressão, uma obra horrível de Roberto Aguiar. Deveras, o Direito é instrumento de poder e opressão e não há nada de novo nisso. O problema é que a obra é mesmo um saco que destila groselha e clichês socialistas maçantes. E Direito é apenas isso mesmo: conjunto de normas jurídicas, a favor de liberdade ou fascismo de esquerda, tanto faz. Quem se refere ao curso como "ciências jurídicas" está longe do entendimento do que seja ciência. Aliás, nunca vi nada tão estéril quanto o Direito, mas isso é assunto para outra postagem.

Vamos lá. Roberto Aguiar era Secretário de Segurança Pública no Rio de Janeiro quando Benedita da Silva (a petista que defende o direito à "cheiradinha" sem incômodos, lembram-se?) era Governadora. Na época em que lemos este livro, eu estava na cantina com meu colega Marcos, radical chic raivoso. Ainda hoje, aliás, ele continua com esse discurso meio boca; e o melhor: está bem de vida e, agora sim, é um legítimo radical chic, que janta nos melhores restaurantes, não doa um real a ninguém, não participa de nenhuma obra social e sai por aí arrotando progressismo custeado com a grana alheia. Na TV da cantina, passava o imbróglio diante da postura de Roberto Aguiar por os PMs apenas transitarem nos morros cariocas armados. Sim, de acordo com o Bebeto, policiais deveriam andar desarmados no Rio de Janeiro, para que a população se sentisse acolhida. Eu tinha um pensamento mais à esquerda, à época, e mesmo assim vi insanidade nessa proposição; meu colega Marcos, não. Para ele, fazia todo o sentido do mundo uma ideia assim.

Esse dias, o candidato ao Governo em São Paulo, Tarcísio Gomes, foi sabatinado pelos jornalistas da elite socialista, no Uol. E foi duramente questionado se ele endossaria a ação policial que abate bandido com arma em riste apontada para matar PMs! Tentaram confrontar o cara, colocando-o contra a parede, por ele achar justo alguém se defender contra bandido armado! E olha que nem sou fã da polícia militar. Penso realmente que ela deveria ser extinta e nós deveríamos possuir um sistema policial similar ao americano. Mas compreendem a bizarria da coisa toda? De acordo com os "jornalistas", ninguém armado deveria atirar num marginal que lhe aponta uma arma, que está na iminência de lhe ceifar a vida!

Mas o que quero dizer com a história de Marcos? É que o cérebro de meu colega virou mingau. Ele está com cabeça cheia de bosta de tanto alimentá-la com marxismo durante toda a vida. Não há mais retorno. É um doente crônico. O câncer cerebral só progride. Então chego à conclusão que esses jornalistas talvez não estejam agindo apenas de má fé diante dos rios de dinheiro que recebem e porque esperam ter um Governador progressista que vá entupir os meios de comunicação com publicidade estatal. Acho que, em parte, eles agem assim porque seus miolos estão intoxicados por ideologias nefastas, sem chances de reversão. Essas pessoas habitam o mundo de Nárnia, do pirulito, do pote de ouro no final do arco-íris. Este mundo está lascado!

Recordo quando Olavo de Carvalho mencionou, certa vez, que em breve precisaríamos pedir desculpas a bandidos. É mais ou menos isso.

Abraços olavetes e até a próxima.


sábado, 23 de abril de 2022

Livros escolares

Acredito que todos sabem do ocorrido numa escola paulista de elite, onde um professor deu carteirada no aluno que ousou confrontá-lo, alegando até mesmo ser Dotô por Rávarde. Ele pode até ser PhD em Antropologia, mas levou uma "indígena" para discursar sobre ideologia de gênero e outras merdas e ainda entraram no assunto agronegócio e invasão de terras. Ou seja: o título de antropólogo lhe deu autoridade para falar sobre tudo com propriedade, de astrofísica a agronegócio e direito à propriedade. Sobre a "indígena", trata-se de Soninha Silva, filiada ao PSOL, que gosta de se apresentar por aí com o nome Sônia Guajajara. Ando pensando em me chamar Kleiton Guaxaxá Aimumô e enviar faturas às residências da cidade cobrando dívidas históricas. Aceitarei pagamentos em xoxota.

Eu gostava de estudar, na maior parte do tempo. Ficava bastante na rua, ia ao sítio onde me metia na mata à toa, jogava videogame em casas de amigos e fliperamas (onde às vezes apanhávamos de alguns trombadinhas que iam lá roubar nossas fichas), bestava até tarde da noite falando abobrinha na rua (eram tempos mais seguros) e, mesmo assim, gostava de estudar. Algumas atividades eu nem considerava "estudar", como por exemplo as leituras de livros da série Vaga-Lume ou as seleções da coleção Para Gostar de Ler, dentre outros títulos. Na adolescência, alguns livros me marcaram bastante, como os expostos na imagem acima. Escolhi, para a imagem, as capas dos exemplares que possuí. Como dá para perceber, eu tinha uma inclinação para Humanas, diferente de meu irmão que pendia mais para exatas. Me saía bem em Biologia, entretanto. Mas minha diversão eram mesmo as matérias acima, especialmente Geografia e História. Cheguei a economizar e comprar todos os 12 fascículos, em banca, de Brasil 500 Anos da Ed. Abril (ano 2000, salvo engano), os quais era acondicionados em fichários com grampos vagabundos de plástico.

Tenho bastante saudade desses livros e, se os encontrasse em ótimo estado (algo impossível), penso que compraria todos, para reler de cabo a rabo. Sempre gostei das fotografias de indígenas em livros de Geografia, aliás, pois são mostrados de maneira poética, sem Hilux, camisetas Lacoste ou bebendo uísque do bom.

Pensei até em comprar as novas edições, embora quisesse mesmo as idênticas as que possuí. Veremos... Quem sabe mais à frente.

E o porquê desta postagem? Sei lá. Hoje pensei bastante naqueles livros e resolvi matar a saudade, ainda mais após rever algo sobre o tal professor sabe-tudo e sua sanha de doutrinação. Felizmente, em minha época, a doutrinação era quase subliminar, sem a toxidade de hoje em dia. Aproveito a oportunidade e compartilho, também, a coleção História do Brasil Barsa: 4 livros + 1 CD, adquirida por mim numa bela promoção via Amazon.

Abraços estudantis e até a próxima.




Obras presentes na imagem acima:
  • Literatura brasileira: Das origens aos nossos dias por José de Nicola
  • História das Cavernas ao Terceiro Milênio, por Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota
  • Geografia Geral e Geografia do Brasil por Marcos de Amorim Coelho
  • Nossa gramática: teoria e prática por Luis Antonio Sacconi
Memes da vida real:


iPhone Guajajara

domingo, 27 de março de 2022

Um Maluco no Pedaço


Quem leva a sério o Oscar? Acho que apenas influenciador oba-oba de Youtube e a grande mídia, a qual também está no descrédito e no fundo do poço, junto a todo mainstream. E isso vale para tudo. Prêmios, instituições culturais etc., está tudo morto, pútrido, purulento. A fedentina se tornou insuportável de tal forma que, há anos e anos, não assisto a Oscar nem quero mais saber quem arrebatou o Nobel de Literatura. Está tudo igual na Academia Brasileira de Letras, laureando gente medíocre, enquanto bons escritores amargam o ostracismo e às vezes ganham um lugarzinho ao sol quando conseguem agradar às pessoas certas.

O tapão na cara de Chris Rock, durante a "cerimônia" de entrega da estatueta careca, é emblemático. Will Smith, o corno manso mais famoso do show business, até sorriu da piada sobre a careca de sua digníssima e honrada esposa, a ninfomaníaca Jada Pinkett Smith. O vídeo é bem claro. Mas, após sorrir, ele olha para a esposa que estampa uma cara de merda e, assim, sobe o palco para esbofetear Chris Rock. Aliás, olhando aquela plateia, quase todos possuem cara de merda, expressões insossas, superiores e de poucos amigos. São as pessoas mais esnobes do entretenimento, a elite socialista de Hollywood. Acho que o simples fato de respirar o ar naquele ambiente pode dar câncer, de tanta malignidade no espaço.

"Ai, mas a Cara-de-Cu sofre de uma doença, tadinha". Também padeço de alopecia, junto a 42 milhões de brasileiros. É só uma careca. Nada de mais. Há tratamentos, implantes etc. Não é o fim de uma vida. Aliás, passa longe disso. Adoro ser careca e vemos naquela senhora que ela fez disso um estilo! A coroa deu pra todo mundo e continua traindo o Will Cuckold. Basicamente é assim: "Coma minha esposa, mas não faça piada sobre sua careca, onde metade da Califórnia esfrega a piroca".

Quem está no show business e senta na primeira fila de um evento apresentado por Chris Rock sabe o que rolará. Recordo da cerimônia onde Steve Martin pegou no pé de Jack Nicholson a noite toda, sempre tirando uma de sua sexualidade, entre outras coisas. Quase toda entrega é assim. Se o cidadão não quer correr o risco da exposição, fique em casa. É como um amigo careca que possuo e nunca vai a show de humor, pois alega que o humorista encarna na careca dele! E, ainda assim, destaco que nenhuma indisposição deveria ser resolvida desta forma, como fez o Will Cornão.

De certa forma, a cena grotesca de agressão a um comediante por piada com a careca da velhinha talvez seja o ponto alto do show. Aquelas pessoas são assim e se merecem. Seria interessante que todos pudessem trocar tiros no local. Seria ao menos um programa interessante de ser ver.

Abraços pútridos e até a próxima.


terça-feira, 22 de março de 2022

Super Catch era na Manchete


A Queda do Morcego

No início da noite, minha filha decidiu querer ver a avó. E lá fomos nós, à noite, para seu sítio. Clima agradável, paisagem verdinha, tranquilidade na estrada. O único susto foi um morcego. Já atropelei vários animais: cobras, jacaré (filhote), cágados, corujas, raposa (filhote), gambás, morcegos e até um cachorro. Mas desta vez o morcego enganchou na antena antiquada do carro que eu estava usando momentaneamente. Mandei até um vídeo para alguns colegas e o Fabiano me disse que executei o Batman. É sempre uma pena atropelar animais indefesos. Não imagino o que houve no "sonar" desse bichinho para se tacar no para-brisa. Foi uma pancada forte.

Chegando à roça da véia, aproveitei para usar sua TV por assinatura (serviço que não possuo) e caí no Trato Feito, sempre um programinha satisfatório para matar o tempo, após ter matado o Drácula. No episódio do dia, a loja de penhores comprou máscara e camiseta do Mick Foley, famoso lutador de wrestling. Então, talvez pelo morcego, recordei do Coveiro, grande lutador que animou alguns finais de semana de minha juventude assistindo à luta livre na Manchete. Ah, a Manchete. O que seria de nós sem Jaspion, Changeman, Cavaleiros do Zodíaco, Os Herculoides, Space Ghost e tantas outras porcarias essenciais à nossa formação como homens de bem?

O Coveiro (ou melhor: The Undertaker) era sensacional. Ele tinha presença de palco naquele circo onde o importante era chamar atenção. Quando tocavam os sinos, lá vinha aquela figura sombria em seus dois metros de altura e cento e quarenta quilogramas. Aproveitei para fazer uma breve pesquisa de como ele está de vida e fiquei feliz, ao saber que soube investir no personagem e ainda colhe louros do sucesso, assim como Hulk Hogan, outro velhinho ridículo que animou nossas tarde da Globo com Thunder - Missão no Mar! Thunder era o suprassumo do brega. Olhando em retrospecto, pouca coisa poderia são tão "lixosa" (expressão bem anos 2000) do que Hulk Hogan salvando o mundo quase sem suar, arremessando pessoas a uns dez metros de distância. E como era bom...

Em resumo: quantas boas recordações um morceguinho de cujus pode trazer. Certamente, poucos lutadores do passado se mantiveram tão bem quanto os medalhões. A maioria foi esquecida, afundada em álcool, drogas, dívidas e tantas outras merdas. Aliás, esse mundo lucha libre é brilhantemente retratado em O Lutador (The Wrestler, 2008), o filme que deveria ter rendido o Oscar a Mickey Rourke, se alguma premiação fosse respeitada hoje em dia. Também recomendo o gibi El Borbah, citado anteriormente quando falei da produção de Charles Burns.

Abraços collants e até a próxima!

segunda-feira, 21 de março de 2022

Monetização do blogue


Após quase dez anos de bloguismo e blogueiragem, resolvi colocar anúncios aqui. Espero que a poluição visual não cause embaraços à leitura de seu conteúdo. Optei por anúncios que não fiquem no meio de postagens, prejudicando a leitura. Vejamos como será o resultado e se, ao final deste ano, renderá algum troco. Se sim, divulgarei quanto ganhei no período. 

Embora seja a primeira vez que eu o monetize, desde o blogue anterior eu tinha conta aprovada pelo Google AdSense, inclusive com aquela cartinha recebida até mesmo em meu endereço físico, via Correios. Mas, para vermos como as coisas mudam, atualmente este serviço de publicidade oferecido pelo Google Inc. não mais me aceita, reportando que oferto conteúdo de baixo valor. Aqui neste site possuo resenhas de livros, quadrinhos e até discorro sobre assuntos sérios. O que seria elevado valor para o Google? Não sei. Felizmente, em todas as demais plataformas onde ofereci este espaço para monetização, fui aceito. Acabei optando pelo The Moneytizer, embora o SendWebPush também tenha me recebido bem na análise. Só optei mesmo pelo primeiro porque ele foi mais rápido em me responder.

Não sei se valerá a pena a empreitada. Mas o espaço já existe mesmo, então vamos que vamos. Tenho receio apenas que exibam anúncios como o de cima. Cliquei numa notícia do feed do celular, vi que estava num site sobre concurso público e a publicidade trazia aquele imenso cagão. Só posso torcer que isso não ocorrerá aqui, contaminando, com fezes, minhas postagens de elevado valor. Enfim, é isso. Como atualmente a publicidade por anúncios em blogue independe de cliques, achei interessante testar e, quem sabe assim, embolsar ao menos o que gasto com domínio.

Ainda estou errando a mão com arranjos no leiaute que comportem anúncios com o menor impacto poluente. O desenho que elaborei para este site não surgiu pensando em publicidade. Aos poucos, creio chegar lá. E, mesmo com ajuste sobre anúncios que não podem surgir aqui, sei que alguns como o do cocô virão. Mas, por enquanto, estou no que chamo de fase de testes e achei prudente dar satisfações aos leitores que costumam perder tempo aqui.

Abraços capitalistas e até a próxima.

👉 Update

Como falei em uma postagem de janeiro deste ano, não gostei da experiência com monetização de blogue. Os rendimentos foram pífios para um excesso de lixo publicitário enfeiando a página. É bom destacar que, uns meses depois, o AdSense acabou me aceitando e configurei o site, novamente, para publicidade, desta vez de forma automática - ou seja: o Google escolhia como distribuir os anúncios. E foi pior! Navegação péssima e poluída para alguns centavos de retorno, mesmo com quase dez mil acessos ao mês. Então, enfim, é isso: tenho a monetização aprovada para meu site, mas não usarei nem tão cedo - ou nunca. Não vale a pena.


segunda-feira, 14 de março de 2022

Coca-Cola Café Plus Espresso


Geladíssima

Posso reconstruir parte de minha infância com os comerciais de Coca-Cola, como os ursos polares, o caminhão de Natal ("O Natal vem vindo, vem vindo o Natal...) ou o careca pai de família preocupado com pesadelos: "E se faltar Coca-Cola?". E, claro: "Sempre Coca-Cola".

O último grande comercial da marca que vi já conta com uns quinze anos, acho, e foi criado pela Wieden+Kennedy, inspirado no game Grand Theft Auto (ou apenas: GTA). Enquanto os personagens do jogo da gigante Rockstar Games se dedicam a ilícitos e levam uma vida sem escrúpulos, a versão da Coca optou por uma existência beautiful people.

O mais bacana de crescer no nordeste brasileiro era assistir a esses comerciais cheios de neve, subúrbios bonitos e pessoas agasalhadas: um mundo alienígena! Mal sabiam aqueles publicitários que o refrigerante foi elaborado pensando em nós, "Filhos do Sol", habitantes de uma terra quente e fodida.

Num dia escaldante, com o suor escorrendo da nuca até o rego, caminhando à toa pela cidade ou na labuta para resolver problemas diários, pouca coisa é tão refrescante quanto uma Coca-Cola geladinha. Mas os cafezeiros como eu, sempre que entram num bar, lanchonete, cafeteria, choperia etc., não raras vezes - mesmo nos dias quentes - se sentem tentados a tomar um café, seja coado, queimado em cafeteiras industriais ou espresso. Daí arrisco uma latinha de 220 ml de Coca-Cola com café, conseguindo assim o sabor primevo com a refrescância moderna da bebida mortífera. É gostoso demais!

Há algum tempo, compro fardos com seis latinhas para tomar em casa, em regra enquanto trabalho em meu modesto escritório caseiro - atualmente chamado de home office -, ou enquanto deitado na rede, fumando ou vaporando, vendo porcarias em algum serviço de streaming.

Não sei bem detalhar os malefícios do refrigerante nem da cafeína em nosso organismo. E nem pesquisei. Nem pesquisarei. Mas traz inúmeros benefícios para a alma e o paladar, com seu sabor levemente adocicado, tons de caramelo e achocolatado.

Abraços e beba Coca-Cola.



sexta-feira, 11 de março de 2022

Vasectomia

 

Foto de Deon Black, no Pexels

Me submeti a poucas cirurgias, felizmente. As duas mais sofríveis foram para correção de desvio no septo nasal, cujo pós-operatório é agoniante. Outra no pescoço, para retirar cisto benigno - comum de aparecer em homens e mulheres, sem qualquer implicação negativa a não ser estética. E também realizei uma vasectomia logo após o nascimento de minha primeira e única filha.

Sempre tive vontade de realizar o corte dos canais deferentes, evitando assim a procriação irresponsável, eventual pagamento de pensão alimentícia a uma mulher estranha e um filho com quem provavelmente eu não manteria nenhum contato e, em resumo, me poupando de centenas de dores de cabeça. Procriar irresponsavelmente é bom para homens ferrados na vida e sem um puto no bolso. Esses chegam à maturidade com dez filhos, um de cada mulher diferente. Muitas, conhecendo a miserabilidade do boy magia, nem vão atrás de alimentos. Mas qualquer zé ruela com um contracheque logo é condenado a pagar um absurdo de pensão para um filho cuja visitação será até negada.

Antes que alguém fale bobagem aqui sobre o assunto, esclareço que, nos anos de 2004 e 2005, fui serventuário numa Vara Cumulativa (logo, de Família também). Os pagantes de pensão nunca tinham acesso aos filhos. Nunca! No dia da visita, as mamães sumiam do mapa ou trancavam as portas. O mané ia chorar no fórum, algum advogado peticionava informando o fato e sabe em que dava tudo isso? Nada. A borderline apenas recebia uma notificação, cagava sobre ela e ficava por isso mesmo. Nosso sistema legal é ginocêntrico. O manginismo impera. É raríssimo ver mulheres penalizadas por algo. Najila Trindade acusou fraudulentamente o jogador Neymar de estupro, o fez gastar muita grana com defesa e perder eventuais patrocínios, arranhou sua imagem para sempre e sabe em que deu? Nada! Nada ao menos para ela. Qualquer mulher pode te acusar de qualquer crime e, provada sua inocência, qualquer ação contra ela será arquivada, julgada improcedente etc. É assim que funciona. No fórum, a mulher sempre tem razão.

Mas voltando ao assunto. Embora quisesse cortar, tinha medo de, mais à frente, querer ser pai e não poder mais. É que a reversão não é garantida e, após alguns anos do procedimento, vários homens praticamente deixam de produzir espermatozoides. Nosso corpo entenderia não precisar mais fabricar bichinhos inúteis. Então resolvi não fazer. Mas, tão logo me tornei pai, imediatamente cortei o saco. Para os dias de hoje, uma criança basta. E olhe-se lá...

A cirurgia é muito rápida. Paguei R$ 800,00 há seis anos e nem precisei de exames pré-operatórios. O plano de saúde não cobre, em regra. Não há internação para nada. O urologista agendou o procedimento para dois dias após a consulta e cortou tudo em seu consultório mesmo. Para auxiliá-lo (francamente, eu preferiria outro homem ali, na função), uma loira bem parecida com Ana Hickmann. Fiquei peladão sobre a maca com ela ajeitando meu pinto, levei duas injeções do lado do saco e senti um pouco os cortes sendo feitos. O que dói mesmo é a puxadinha dos canais. Eles são cortados em dois pontos e removidos, para evitar que se toquem posteriormente e se juntem espontaneamente. Antes dos pontos, os tocos são cauterizados.

Tudo é rápido demais. Acho que durou cinco minutos. Após, o médico me mandou descansar dez minutos, perguntou como eu estava me sentindo e me despachou. Só não consegui dirigir. Passei duas semanas com o saco doendo, andando mal e urinei sangue um dia. Recuperado, gozei sangue algumas vezes. E pronto. Logo fiquei 100%, pronto para fazer amor à vontade, sem medo de concepção indesejada.

Há riscos de emprenhar alguém mesmo assim? Claro. A reversão espontânea pode ocorrer. Mas é raríssima. É o azar de cair um raio sobre sua cabeça. Durante alguns meses, o urologista adverte que há espermatozoides ativos circulando na área acima do corte. Assim, precisamos evitar gravidez indesejada durante um tempo (alguns meses, ou "x" números de ejaculações).

A procriação sempre mexe com os noticiários. Parlamentares que propõem, via SUS, vasectomia para homens adultos e sem filhos são chamados de eugenistas justamente pela turma que advoga o aborto livre em qualquer mês da gestação. Os conservadores 2.0, tipo Paulo Kogos, insistem que os homens devem ter vários filhos para manter o ocidente ocidentalizado (seja lá o que for isso) e ajudar a manter a família tradicional (seja lá o que também for isso). De minha parte, gosto de afirmar: "meu corpo, minhas regras". Não quero salvar o planeta do déficit populacional para ajudar a previdência, acho que uma filha está de bom tamanho e creio, realmente, que ter muitos filhos nos dias de hoje é para homens burros.

Os homens precisam seguir o exemplo do mulheril: serem donos de seus corpos, suas escolhas, seus destinos.

Abraços escrotos e até a próxima!


domingo, 27 de fevereiro de 2022

Música ambiental, academia, 40 anos etc

Quando me tornei pai, passei a observar como uma criança desenvolve sua personalidade, o que vai ficando e o que vai sendo posto de lado. É interessante analisar a formação do ser humano. É algo então novo em minha vida. Realmente nunca tinha pensando a respeito da formação da personalidade.

Acho curioso que minha filha, que ainda nem sete anos possui, goste bastante de música eletrônica. Ela cria playlists em seus dispositivos e costuma ouvir esse gênero enquanto está à toa explorando o belo mundo do Toca Live, criando personagens no Gacha Life ou matando pessoas no Free Fire. Ou cuidando de seus carneirinhos em Minecraft. Ninguém a inclinou para isso, penso. É dela. Ele manteve contato com coisas assim, se interessou, e foi de cabeça. Acho saudável e a deixo livre para consumir suas músicas, conhecer outras livremente e brincar com seus jogos. Sempre que ela merece, aliás, compro novas propriedades para expandir seu mundo Toca.

Quando eu era guri, não ouvia música eletrônica. Mas, por crescer ouvindo aquela estética oitentista durante a década de '90, creio que o ambiente musical da época impingiu-se em meu cérebro. Daí, as boas sensações que um "som sintetizado" sempre me trouxeram, quando ouvido à toa. Mas nunca fui de botar músicas assim para rodar, durante minha adolescência. Cresci ouvindo rock, MPB (especialmente Zé Ramalho, Alceu Valença etc.). Apenas na maturidade - graças à internet veloz - descobri o prazer de rodar os sons que dominaram o cinema e as vinhetas avulsas de minha infância.

Mas penso que isso, também, não influenciou minha filha, pois ouço mais esses estilos musicais quando trancado sozinho em meu escritório, trabalhando ou lendo gibis, com fone de ouvido na academia ou quando sozinho em casa, na varanda, fumando e bebendo. Também não é algo que escuto com meus amigos, pois sempre tocamos mais MPB ou rock quando estamos reunidos. Logo, é um gosto pessoal dela, algo despertado desde cedo. Talvez se, quando guri, eu tivesse acesso à tecnologia que ela possui hoje, tivesse aproveitado, igualmente, esse som. Certamente que, vendo seu interesse, passei a ouvir mais junto a ela, lhe despertando mais o interesse.

No âmbito música eletrônica, o estilo synthwave (retrowave) é o que mais me agrada por longas horas. Esta tarde inteira, por exemplo, só ouvi isso. De acordo com Wikipédia, "é um estilo musical que surgiu em meados dos anos 2000, influenciado por músicas e trilhas sonoras da década de 1980 (...), fortemente inspirado pela new wave e trilhas sonoras de filmes, videogames e séries de televisão da década de 1980 e 1990". Ou seja: um oásis para pessoas de minha faixa etária que passavam horas e horas consumindo cultura pop barata e enlatada, quando guris.

Quando representado visualmente, o gênero se apropria de elementos de jogos eletrônicos antigos, às vezes com pixel art. Contudo, em regra, a ênfase é na arte retrô futurista vetorial, em loop quando produzida para videoclipe, carregado em cor-de-rosa, púrpura e suas variações. É um visual, aliás, que me agrada há anos e anos. Tanto que, ao postar no vídeos no Youtube, gosto de finalizá-los com vinhetas assim, em vinte segundos, para dar tempo de rodar as sugestões de vídeos similares.

Quando conversei com um colega de faculdade sobre synthwave, ele me disse que havia uma associação entre o estilo e o nazifascismo, na cabeça de alguns. Então, pesquisando a respeito, vi não ser bem assim. Na verdade, o estilo musical é utilizado para propaganda política de qualquer via insana. Logo, em breve pesquisa, vi que qualquer sample pode ser empregado por neonazistas ou neocomunistas (amiúde, gente insana tarada pelo Estado e o coletivismo), apenas mudando o fundo das estampas de Hitler para Stálin e vice-versa. Logo, não caia nessa pegadinha do discurso ideológico. Apenas curta seu som em paz. A diferença entre fashwave (synth fascista) e laborwave (synth comunista) está no psicopata reverenciado e no bobão que advoga mais Estado. Lembre-se: o Estado é nosso maior inimigo.

A ascensão do synthwave se deu há alguns anos. Mas algumas pessoas podem desconhecê-lo, creio. E creio também que podem curtir enquanto estão nas atividades domésticas, trabalhando ou simplesmente à toa. Acho oportuno esse tipo de sugestão musical. Esses dias, por exemplo, o Scant Obscuro sugeriu o álbum New Age of Earth da banda Ashra. Eu desconhecia totalmente. E já o ouvi várias vezes desde então. Foi uma descoberta bastante satisfatória. Eu poderia passar ainda anos sem ouvir Ashra e Manuel Göttsching. Mas o post de lá corrigiu isso. Daí, penso, a relevância dessas sugestões.

Embora indique essencialmente esse formato de som para uso ambiental (especialmente quando estamos trabalhando em frente ao PC), também o uso bastante na academia. As seleções que tocam lá é horrível, com espaço até para sertanejos atuais, o que me parece totalmente inadequado para o espaço. Mas parece agradar à maioria e pelo menos ainda não chegaram no funk. Se bem que às vezes tocam Anitta, embora eu não saiba onde ela se encaixe musicalmente. Desta forma, levo fone bluetooth (um xing ling comprado por R$ 25,00, discreto e eficiente, com quase 2,5 horas de autonomia) e deixo meu telefone por perto, quase sempre no Youtube Music. Comprei earbuds JBL esses dias, mas ainda não os testei suficientemente.

Música que nos agrade é quase essencial a um bom treino. Ficamos mais relaxados e felizes, enquanto ouvimos o que gostamos. Treinar pesado, lavado de suor, é mais sofrível quando sons irritantes penetram nossos tímpanos. O problema desses fones earbuds é não abafar o ambiente externo. Mas compensa no conforto de não ter algo apertando nossa cabeça e se empapando de suor.

Falando em academia... Tendo finalmente chegado aos meus 40 anos de idade, preciso me cuidar. E confesso que encontrei prazer em treinar há pouco tempo. Sempre gostei de correr, mas percebi que a atividade estava destruindo minhas articulações, causando dores e - me parece - arruinando minha massa muscular. Musculação me deu braços fortes e algo que nem pensava ter: peitoral (mínimo, mas melhor que tetas). Pernas bacanas, sempre tive (talvez pelo hábito das corridas), mas agora estão visivelmente definidas, desde que alguém se esforce para vê-las bem de perto. Infelizmente, queimar barriga e flancos parece quase impossível, considerando que gosto de comer bem, me dando a jantares que às vezes duram horas com amigos, churrasco e bebedeira. Sou antigo consumidor de cerveja, vinho, vodca e, às vezes, cachaça. A academia não mudou este hábito. Junto ao péssimo mau hábito, ter pneuzinhos é algo genético, acho, observando minha família. Até os magros (ou fortes) que se cuidam bem os têm.

Tenho 1,82 metros e peso quase 100 kg. Tirando a pança, o restante parece bem distribuído, com músculos generoso nos membros (43 cm de braço, perna não medi), o que às vezes até rendem alguns elogios das novinhas, para alegrar o velhote. Como não consigo vencer a luta contra a barriga nem quero largar a vida de glutão, penso em recorrer à cirurgia mais à frente e ao uso de hormônios. Quanto à cirurgia, tenho dúvidas. Mas certamente tomarei "bomba" mais à frente, até porque não deixaria de se tratar de uma mera reposição, considerando o avanço da idade. Além de esteroides diversos, stanozolol, oxandrolona, testosterona e especialmente hormônio do crescimento (GH  - growth hormone), este ano certamente quero fazer uso de semaglutida, mais vendido na forma de "canetinha", como a Ozempic. Vi pessoas com bastante gordura abdominal praticamente se livrarem da pança com um mês de aplicação.

Fiz suplementação com whey protein algumas vezes, mas sempre relaxo com isso. Voltarei a tomar regularmente, porque preciso de pós-treino, já que sempre deixo a academia sem aproveitar a janela de oportunidade, não comendo nada até a hora do jantar. Cápsulas com óleo de peixe, alho etc., sigo metendo pra dentro. Sinto realmente que me fazem bem. Também pretendo estender o treino para ao menos 1,5 horas. Atualmente, não passo mais de uma hora por dia (de segunda à sexta) na academia.

Como dá para perceber nas fotos acima, treino descalço. É perigoso, pois qualquer pancada forte nos pés pode ferrar sua vida. Um pezinho possui 26 ossos e 33 articulações. Ossinhos pequenos, fáceis de virarem pó. Assim, fico descalço quando posicionado para o treino em algum equipamento. Mas, se com peso livre ou me deslocando, uso minhas sandálias Crocs clássicas, estilo Jason Voorhees, as quais me dão alguma proteção.


Para academia, levo, além de fones, luvas (gostei bastante desse modelo fabricado no Paquistão, facilmente encontrada na Centauro), toalha pequena para limpar o suor que cai nos olhos e uma garrafa térmica Contigo - aliás, marca excepcional, que conserva a temperatura do líquido por uns dois dias!

Enfim, fui falar sobre música, entrei em academia e em reflexões da idade do Condor. Mas é bom compartilhar modos de viver e ver a vida, erros e possíveis acertos. Blogue serve para isso, afinal. De acordo com o IBGE, em 2020, a expectativa de vida para nós foi de 76,8 anos. Quem está com quarenta, precisa parar e pensar a respeito. Mesmo que cheguemos aos 80 anos, a velhice é uma bosta, cheia de limitações, restrições alimentares, doenças, dores e pau mole. Acho que até os 65 anos dá para se viver com razoável dignidade plena. O restante é sobrevida. Falo a grosso modo, claro. Há exceções.

Ouça boa música, vá à academia (ouvindo a sua música), não deixe de comer o que gosta nem de beber sua bebida preferida. A vida é curta e o mundo está a cada dia mais perigoso e perto do abismo.

Abraços e carpe diem.