segunda-feira, 6 de maio de 2024

Enigmas de minha infância: Nossa Turma e Cavalo de Fogo


Fã-arte por Rubio, em ArtStation

"E vi um cavalo mágico chamado Cavalo de Fogo"

"Levante-se com a nossa turma
Vamos, suas aventuras não tem fim" 

Cavalo de Fogo é um enigma sem resolução aparente que, mesmo nesta condição, ratifica como nossa infância foi mágica com tão pouco. Explico: o desenho foi exibido à exaustão, durante anos a fio, no SBT, e não perdíamos um episódio. A jovem heroína Sara – olhaí a representatividade feminina sem forçação de barra – montava seu corcel encantado e, assim, partia do rancho terreno onde vivia com seu pai e, após um grande salto no portal aéreo, chegava ao reino de Dar-Shan, onde enfrentava, todas as vezes, as malfadadas trapaças dos diabretes leais à sua própria tia: a maquiavélica Diabolyn, uma espécie Perpétua Esteves (a tia de Tieta) do universo colorido.

Mas qual o mistério desse desenho oitentista? É que ele teve apenas 13 (treze) episódios. Ficamos anos e anos revendo os mesmos episódios sem nos entediarmos. Outro grande exemplo é o magnífico Nossa Turma, onde animais antropomórficos do Bem reúnem-se num vagão de trem (o clubinho) e enfrentam as idiotices da dupla de jovens rebeldes Catchum e Leni. Para mim, o desenho seria infinito. Mas a internet me disse, eras após, que foram apenas 13 episódios (divididos em dois segmentos, o que daria o dobro de histórias, por assim dizer).

Pensei nisso porque minha filha começou a se interessar pelo animé One Piece e cogitei lhe dar uma força, assistindo junto. Mas então vi que há mais de 1000 (mil) episódios e, na minha idade, é inviável acompanhar algo assim. Também pensei como crianças e adolescentes processarão tanta informação despejada de maneira tão veloz de forma incessante. Não dá para processar! Víamos e revíamos as mesmas coisas repetidas vezes. Como o acesso a gibis era restrito, por exemplo, relíamos os mesmos diversas vezes, até virarem pó. E fazíamos o mesmo com os poucos filmes e séries (animadas ou não) ofertados na TV aberta. Daí nossa memória tão forte com aqueles produtos culturais. Esses dias percebi que não adianta eu ver filmes e séries em serviços de streaming, porque após uns dias não lembro quase mais nada, apenas de fragmentos. É tudo muito “tanto faz”. A limitação no consumo de informação é imprescindível! Aliás, este é um dos motivos porque estou revendo filmes e relendo livros e gibis, evitando coisas novas.

Em tempo: a abertura de Nossa Turma nunca teve versão em português, nos fazendo cantar “guerealonguem” todos os dias. E Cavalo de Fogo teve uma versão marcante, na voz da falecida dubladora Maria da Penha Esteves, que também dublava o cavalinho Brutus no desenho (v. Wikipédia).

Vou ficando por aqui. Abraços guerealonguens e até a próxima.


Abertura brasileira de Cavalo de Fogo


Abertura original de Cavalo de Fogo


Abertura original de Nossa Turma

7 comentários:

  1. cavalo de foto é uma versão resumida de cronicas de narnia

    Nossa Turma é um versao da turma da monica de um universo alternativo

    "animé One Piece" - esse tb desisti de assistir.

    dragon ball tb tem ou teve centenas de episódios. os japas criaram um formato de desenho tao longo que permite crianças assistirem enquanto crescem, ter filhos e continuar assistindo com os filhos. no japao normalmente o episódio é semanal e ainda pode haver recessos durante a producao. o que faz o programa durar muito mais tempo.

    normalmente meninas assistem animes "shoujo" e nao "shonen"

    abs!

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    1. Interessante isso de manter algo para toda a vida do cara. É mais ou menos o que o Maurício de Sousa está fazendo com a Turma da Mônica: após os gibis convencionais, espera que o público migre para o "estilo mangá jovem", menos debiloide. Ao menos eles acham que isso dará certo. Acreditam que os leitores abandonam os gibis convencionais pq crescem, quando na verdade é pq as publicações são um lixo, algo bizarro em comparação ao que era nas fases Abril e Globo.

      Abraços!

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  2. Também estou assim hoje em dia. Sei que assisti a uma série ou mesmo a um filme, mas não me lembro de quase nada.
    Quando comecei a colecionar gibis, havia o Heróis da TV e o Capitão América, só muito tempo depois vieram o Superaventuras Marvel, o Hulk, o Homem-Aranha e alguns títulos da DC. Eu lia o mesmo gibi nem sei quantas vezes. Lembro até das capas deles.
    Meu filho gosta do One Piece, já tentei assistir com ele, mas logo desisti.

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    1. "mas não me lembro de quase nada"

      Além de serem "tudo a mesma" coisa, produtos pasteurizados criados para alimentar a plataforma, é MUITA produção, em excesso. Nao tem como se lembrar de tudo, mesmo. Ainda bem que não sou só eu. Pensei que eu estava com alzheimer.

      Abraços!

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    2. Não seria improvável... Ao menos é seletivo: o poder de esquecer bobagens inúteis.
      Mesmo assim, acredito ser um problema de oferta de informação em excesso. Naturalmente, não conseguimos apreender tanto volume de dados. Ainda mais após certa idade.

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    3. Verdade. Ainda mais que há muita oferta, mas pouca variedade, tudo muito parecido.

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