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domingo, 8 de maio de 2022

Seleção de música ambiente - ou ambiental

A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende. 
Arthur Schopenhauer

A seleção a seguir foi testada e aprovada por mim, em momentos de trabalho à frente do computador, ralando para ganhar o pão de cada dia, blogando ou escrevendo bobagens diversas. Como falei anteriormente, com o avanço do tempo passei a dar ênfase à música ambiental enquanto desempenho minhas atividades cotidianas que exigem certo grau de compenetração. Na lista a seguir, há um pouco de tudo: edições baseadas em trilhas de cinema e jogos eletrônicos e até mesmo criações originais. Serviram para mim e, creio, podem lhe servir. Então, por que não compartilhar?

Abraços e até a próxima.








sexta-feira, 6 de maio de 2022

Mídia, Poder e Opressão


Jovens no primeiro dia na favela após a polícia não usar mais armas.
(Foto de Kampus Production no Pexels)

Fascistas de direita
Fascistas de esquerda
São todos iguais
(Engenheiros do Hawaii)

Quando estava na universidade, li Direito, Poder e Opressão, uma obra horrível de Roberto Aguiar. Deveras, o Direito é instrumento de poder e opressão e não há nada de novo nisso. O problema é que a obra é mesmo um saco que destila groselha e clichês socialistas maçantes. E Direito é apenas isso mesmo: conjunto de normas jurídicas, a favor de liberdade ou fascismo de esquerda, tanto faz. Quem se refere ao curso como "ciências jurídicas" está longe do entendimento do que seja ciência. Aliás, nunca vi nada tão estéril quanto o Direito, mas isso é assunto para outra postagem.

Vamos lá. Roberto Aguiar era Secretário de Segurança Pública no Rio de Janeiro quando Benedita da Silva (a petista que defende o direito à "cheiradinha" sem incômodos, lembram-se?) era Governadora. Na época em que lemos este livro, eu estava na cantina com meu colega Marcos, radical chic raivoso. Ainda hoje, aliás, ele continua com esse discurso meio boca; e o melhor: está bem de vida e, agora sim, é um legítimo radical chic, que janta nos melhores restaurantes, não doa um real a ninguém, não participa de nenhuma obra social e sai por aí arrotando progressismo custeado com a grana alheia. Na TV da cantina, passava o imbróglio diante da postura de Roberto Aguiar por os PMs apenas transitarem nos morros cariocas armados. Sim, de acordo com o Bebeto, policiais deveriam andar desarmados no Rio de Janeiro, para que a população se sentisse acolhida. Eu tinha um pensamento mais à esquerda, à época, e mesmo assim vi insanidade nessa proposição; meu colega Marcos, não. Para ele, fazia todo o sentido do mundo uma ideia assim.

Esse dias, o candidato ao Governo em São Paulo, Tarcísio Gomes, foi sabatinado pelos jornalistas da elite socialista, no Uol. E foi duramente questionado se ele endossaria a ação policial que abate bandido com arma em riste apontada para matar PMs! Tentaram confrontar o cara, colocando-o contra a parede, por ele achar justo alguém se defender contra bandido armado! E olha que nem sou fã da polícia militar. Penso realmente que ela deveria ser extinta e nós deveríamos possuir um sistema policial similar ao americano. Mas compreendem a bizarria da coisa toda? De acordo com os "jornalistas", ninguém armado deveria atirar num marginal que lhe aponta uma arma, que está na iminência de lhe ceifar a vida!

Mas o que quero dizer com a história de Marcos? É que o cérebro de meu colega virou mingau. Ele está com cabeça cheia de bosta de tanto alimentá-la com marxismo durante toda a vida. Não há mais retorno. É um doente crônico. O câncer cerebral só progride. Então chego à conclusão que esses jornalistas talvez não estejam agindo apenas de má fé diante dos rios de dinheiro que recebem e porque esperam ter um Governador progressista que vá entupir os meios de comunicação com publicidade estatal. Acho que, em parte, eles agem assim porque seus miolos estão intoxicados por ideologias nefastas, sem chances de reversão. Essas pessoas habitam o mundo de Nárnia, do pirulito, do pote de ouro no final do arco-íris. Este mundo está lascado!

Recordo quando Olavo de Carvalho mencionou, certa vez, que em breve precisaríamos pedir desculpas a bandidos. É mais ou menos isso.

Abraços olavetes e até a próxima.


sábado, 23 de abril de 2022

Livros escolares

Acredito que todos sabem do ocorrido numa escola paulista de elite, onde um professor deu carteirada no aluno que ousou confrontá-lo, alegando até mesmo ser Dotô por Rávarde. Ele pode até ser PhD em Antropologia, mas levou uma "indígena" para discursar sobre ideologia de gênero e outras merdas e ainda entraram no assunto agronegócio e invasão de terras. Ou seja: o título de antropólogo lhe deu autoridade para falar sobre tudo com propriedade, de astrofísica a agronegócio e direito à propriedade. Sobre a "indígena", trata-se de Soninha Silva, filiada ao PSOL, que gosta de se apresentar por aí com o nome Sônia Guajajara. Ando pensando em me chamar Kleiton Guaxaxá Aimumô e enviar faturas às residências da cidade cobrando dívidas históricas. Aceitarei pagamentos em xoxota.

Eu gostava de estudar, na maior parte do tempo. Ficava bastante na rua, ia ao sítio onde me metia na mata à toa, jogava videogame em casas de amigos e fliperamas (onde às vezes apanhávamos de alguns trombadinhas que iam lá roubar nossas fichas), bestava até tarde da noite falando abobrinha na rua (eram tempos mais seguros) e, mesmo assim, gostava de estudar. Algumas atividades eu nem considerava "estudar", como por exemplo as leituras de livros da série Vaga-Lume ou as seleções da coleção Para Gostar de Ler, dentre outros títulos. Na adolescência, alguns livros me marcaram bastante, como os expostos na imagem acima. Escolhi, para a imagem, as capas dos exemplares que possuí. Como dá para perceber, eu tinha uma inclinação para Humanas, diferente de meu irmão que pendia mais para exatas. Me saía bem em Biologia, entretanto. Mas minha diversão eram mesmo as matérias acima, especialmente Geografia e História. Cheguei a economizar e comprar todos os 12 fascículos, em banca, de Brasil 500 Anos da Ed. Abril (ano 2000, salvo engano), os quais era acondicionados em fichários com grampos vagabundos de plástico.

Tenho bastante saudade desses livros e, se os encontrasse em ótimo estado (algo impossível), penso que compraria todos, para reler de cabo a rabo. Sempre gostei das fotografias de indígenas em livros de Geografia, aliás, pois são mostrados de maneira poética, sem Hilux, camisetas Lacoste ou bebendo uísque do bom.

Pensei até em comprar as novas edições, embora quisesse mesmo as idênticas as que possuí. Veremos... Quem sabe mais à frente.

E o porquê desta postagem? Sei lá. Hoje pensei bastante naqueles livros e resolvi matar a saudade, ainda mais após rever algo sobre o tal professor sabe-tudo e sua sanha de doutrinação. Felizmente, em minha época, a doutrinação era quase subliminar, sem a toxidade de hoje em dia. Aproveito a oportunidade e compartilho, também, a coleção História do Brasil Barsa: 4 livros + 1 CD, adquirida por mim numa bela promoção via Amazon.

Abraços estudantis e até a próxima.




Obras presentes na imagem acima:
  • Literatura brasileira: Das origens aos nossos dias por José de Nicola
  • História das Cavernas ao Terceiro Milênio, por Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota
  • Geografia Geral e Geografia do Brasil por Marcos de Amorim Coelho
  • Nossa gramática: teoria e prática por Luis Antonio Sacconi
Memes da vida real:


iPhone Guajajara

domingo, 27 de março de 2022

Um Maluco no Pedaço


Quem leva a sério o Oscar? Acho que apenas influenciador oba-oba de Youtube e a grande mídia, a qual também está no descrédito e no fundo do poço, junto a todo mainstream. E isso vale para tudo. Prêmios, instituições culturais etc., está tudo morto, pútrido, purulento. A fedentina se tornou insuportável de tal forma que, há anos e anos, não assisto a Oscar nem quero mais saber quem arrebatou o Nobel de Literatura. Está tudo igual na Academia Brasileira de Letras, laureando gente medíocre, enquanto bons escritores amargam o ostracismo e às vezes ganham um lugarzinho ao sol quando conseguem agradar às pessoas certas.

O tapão na cara de Chris Rock, durante a "cerimônia" de entrega da estatueta careca, é emblemático. Will Smith, o corno manso mais famoso do show business, até sorriu da piada sobre a careca de sua digníssima e honrada esposa, a ninfomaníaca Jada Pinkett Smith. O vídeo é bem claro. Mas, após sorrir, ele olha para a esposa que estampa uma cara de merda e, assim, sobe o palco para esbofetear Chris Rock. Aliás, olhando aquela plateia, quase todos possuem cara de merda, expressões insossas, superiores e de poucos amigos. São as pessoas mais esnobes do entretenimento, a elite socialista de Hollywood. Acho que o simples fato de respirar o ar naquele ambiente pode dar câncer, de tanta malignidade no espaço.

"Ai, mas a Cara-de-Cu sofre de uma doença, tadinha". Também padeço de alopecia, junto a 42 milhões de brasileiros. É só uma careca. Nada de mais. Há tratamentos, implantes etc. Não é o fim de uma vida. Aliás, passa longe disso. Adoro ser careca e vemos naquela senhora que ela fez disso um estilo! A coroa deu pra todo mundo e continua traindo o Will Cuckold. Basicamente é assim: "Coma minha esposa, mas não faça piada sobre sua careca, onde metade da Califórnia esfrega a piroca".

Quem está no show business e senta na primeira fila de um evento apresentado por Chris Rock sabe o que rolará. Recordo da cerimônia onde Steve Martin pegou no pé de Jack Nicholson a noite toda, sempre tirando uma de sua sexualidade, entre outras coisas. Quase toda entrega é assim. Se o cidadão não quer correr o risco da exposição, fique em casa. É como um amigo careca que possuo e nunca vai a show de humor, pois alega que o humorista encarna na careca dele! E, ainda assim, destaco que nenhuma indisposição deveria ser resolvida desta forma, como fez o Will Cornão.

De certa forma, a cena grotesca de agressão a um comediante por piada com a careca da velhinha talvez seja o ponto alto do show. Aquelas pessoas são assim e se merecem. Seria interessante que todos pudessem trocar tiros no local. Seria ao menos um programa interessante de ser ver.

Abraços pútridos e até a próxima.


terça-feira, 22 de março de 2022

Super Catch era na Manchete


A Queda do Morcego

No início da noite, minha filha decidiu querer ver a avó. E lá fomos nós, à noite, para seu sítio. Clima agradável, paisagem verdinha, tranquilidade na estrada. O único susto foi um morcego. Já atropelei vários animais: cobras, jacaré (filhote), cágados, corujas, raposa (filhote), gambás, morcegos e até um cachorro. Mas desta vez o morcego enganchou na antena antiquada do carro que eu estava usando momentaneamente. Mandei até um vídeo para alguns colegas e o Fabiano me disse que executei o Batman. É sempre uma pena atropelar animais indefesos. Não imagino o que houve no "sonar" desse bichinho para se tacar no para-brisa. Foi uma pancada forte.

Chegando à roça da véia, aproveitei para usar sua TV por assinatura (serviço que não possuo) e caí no Trato Feito, sempre um programinha satisfatório para matar o tempo, após ter matado o Drácula. No episódio do dia, a loja de penhores comprou máscara e camiseta do Mick Foley, famoso lutador de wrestling. Então, talvez pelo morcego, recordei do Coveiro, grande lutador que animou alguns finais de semana de minha juventude assistindo à luta livre na Manchete. Ah, a Manchete. O que seria de nós sem Jaspion, Changeman, Cavaleiros do Zodíaco, Os Herculoides, Space Ghost e tantas outras porcarias essenciais à nossa formação como homens de bem?

O Coveiro (ou melhor: The Undertaker) era sensacional. Ele tinha presença de palco naquele circo onde o importante era chamar atenção. Quando tocavam os sinos, lá vinha aquela figura sombria em seus dois metros de altura e cento e quarenta quilogramas. Aproveitei para fazer uma breve pesquisa de como ele está de vida e fiquei feliz, ao saber que soube investir no personagem e ainda colhe louros do sucesso, assim como Hulk Hogan, outro velhinho ridículo que animou nossas tarde da Globo com Thunder - Missão no Mar! Thunder era o suprassumo do brega. Olhando em retrospecto, pouca coisa poderia são tão "lixosa" (expressão bem anos 2000) do que Hulk Hogan salvando o mundo quase sem suar, arremessando pessoas a uns dez metros de distância. E como era bom...

Em resumo: quantas boas recordações um morceguinho de cujus pode trazer. Certamente, poucos lutadores do passado se mantiveram tão bem quanto os medalhões. A maioria foi esquecida, afundada em álcool, drogas, dívidas e tantas outras merdas. Aliás, esse mundo lucha libre é brilhantemente retratado em O Lutador (The Wrestler, 2008), o filme que deveria ter rendido o Oscar a Mickey Rourke, se alguma premiação fosse respeitada hoje em dia. Também recomendo o gibi El Borbah, citado anteriormente quando falei da produção de Charles Burns.

Abraços collants e até a próxima!

segunda-feira, 21 de março de 2022

Monetização do blogue


Após quase dez anos de bloguismo e blogueiragem, resolvi colocar anúncios aqui. Espero que a poluição visual não cause embaraços à leitura de seu conteúdo. Optei por anúncios que não fiquem no meio de postagens, prejudicando a leitura. Vejamos como será o resultado e se, ao final deste ano, renderá algum troco. Se sim, divulgarei quanto ganhei no período. 

Embora seja a primeira vez que eu o monetize, desde o blogue anterior eu tinha conta aprovada pelo Google AdSense, inclusive com aquela cartinha recebida até mesmo em meu endereço físico, via Correios. Mas, para vermos como as coisas mudam, atualmente este serviço de publicidade oferecido pelo Google Inc. não mais me aceita, reportando que oferto conteúdo de baixo valor. Aqui neste site possuo resenhas de livros, quadrinhos e até discorro sobre assuntos sérios. O que seria elevado valor para o Google? Não sei. Felizmente, em todas as demais plataformas onde ofereci este espaço para monetização, fui aceito. Acabei optando pelo The Moneytizer, embora o SendWebPush também tenha me recebido bem na análise. Só optei mesmo pelo primeiro porque ele foi mais rápido em me responder.

Não sei se valerá a pena a empreitada. Mas o espaço já existe mesmo, então vamos que vamos. Tenho receio apenas que exibam anúncios como o de cima. Cliquei numa notícia do feed do celular, vi que estava num site sobre concurso público e a publicidade trazia aquele imenso cagão. Só posso torcer que isso não ocorrerá aqui, contaminando, com fezes, minhas postagens de elevado valor. Enfim, é isso. Como atualmente a publicidade por anúncios em blogue independe de cliques, achei interessante testar e, quem sabe assim, embolsar ao menos o que gasto com domínio.

Ainda estou errando a mão com arranjos no leiaute que comportem anúncios com o menor impacto poluente. O desenho que elaborei para este site não surgiu pensando em publicidade. Aos poucos, creio chegar lá. E, mesmo com ajuste sobre anúncios que não podem surgir aqui, sei que alguns como o do cocô virão. Mas, por enquanto, estou no que chamo de fase de testes e achei prudente dar satisfações aos leitores que costumam perder tempo aqui.

Abraços capitalistas e até a próxima.

👉 Update

Como falei em uma postagem de janeiro deste ano, não gostei da experiência com monetização de blogue. Os rendimentos foram pífios para um excesso de lixo publicitário enfeiando a página. É bom destacar que, uns meses depois, o AdSense acabou me aceitando e configurei o site, novamente, para publicidade, desta vez de forma automática - ou seja: o Google escolhia como distribuir os anúncios. E foi pior! Navegação péssima e poluída para alguns centavos de retorno, mesmo com quase dez mil acessos ao mês. Então, enfim, é isso: tenho a monetização aprovada para meu site, mas não usarei nem tão cedo - ou nunca. Não vale a pena.


segunda-feira, 14 de março de 2022

Coca-Cola Café Plus Espresso


Geladíssima

Posso reconstruir parte de minha infância com os comerciais de Coca-Cola, como os ursos polares, o caminhão de Natal ("O Natal vem vindo, vem vindo o Natal...) ou o careca pai de família preocupado com pesadelos: "E se faltar Coca-Cola?". E, claro: "Sempre Coca-Cola".

O último grande comercial da marca que vi já conta com uns quinze anos, acho, e foi criado pela Wieden+Kennedy, inspirado no game Grand Theft Auto (ou apenas: GTA). Enquanto os personagens do jogo da gigante Rockstar Games se dedicam a ilícitos e levam uma vida sem escrúpulos, a versão da Coca optou por uma existência beautiful people.

O mais bacana de crescer no nordeste brasileiro era assistir a esses comerciais cheios de neve, subúrbios bonitos e pessoas agasalhadas: um mundo alienígena! Mal sabiam aqueles publicitários que o refrigerante foi elaborado pensando em nós, "Filhos do Sol", habitantes de uma terra quente e fodida.

Num dia escaldante, com o suor escorrendo da nuca até o rego, caminhando à toa pela cidade ou na labuta para resolver problemas diários, pouca coisa é tão refrescante quanto uma Coca-Cola geladinha. Mas os cafezeiros como eu, sempre que entram num bar, lanchonete, cafeteria, choperia etc., não raras vezes - mesmo nos dias quentes - se sentem tentados a tomar um café, seja coado, queimado em cafeteiras industriais ou espresso. Daí arrisco uma latinha de 220 ml de Coca-Cola com café, conseguindo assim o sabor primevo com a refrescância moderna da bebida mortífera. É gostoso demais!

Há algum tempo, compro fardos com seis latinhas para tomar em casa, em regra enquanto trabalho em meu modesto escritório caseiro - atualmente chamado de home office -, ou enquanto deitado na rede, fumando ou vaporando, vendo porcarias em algum serviço de streaming.

Não sei bem detalhar os malefícios do refrigerante nem da cafeína em nosso organismo. E nem pesquisei. Nem pesquisarei. Mas traz inúmeros benefícios para a alma e o paladar, com seu sabor levemente adocicado, tons de caramelo e achocolatado.

Abraços e beba Coca-Cola.



sexta-feira, 11 de março de 2022

Vasectomia

 

Foto de Deon Black, no Pexels

Me submeti a poucas cirurgias, felizmente. As duas mais sofríveis foram para correção de desvio no septo nasal, cujo pós-operatório é agoniante. Outra no pescoço, para retirar cisto benigno - comum de aparecer em homens e mulheres, sem qualquer implicação negativa a não ser estética. E também realizei uma vasectomia logo após o nascimento de minha primeira e única filha.

Sempre tive vontade de realizar o corte dos canais deferentes, evitando assim a procriação irresponsável, eventual pagamento de pensão alimentícia a uma mulher estranha e um filho com quem provavelmente eu não manteria nenhum contato e, em resumo, me poupando de centenas de dores de cabeça. Procriar irresponsavelmente é bom para homens ferrados na vida e sem um puto no bolso. Esses chegam à maturidade com dez filhos, um de cada mulher diferente. Muitas, conhecendo a miserabilidade do boy magia, nem vão atrás de alimentos. Mas qualquer zé ruela com um contracheque logo é condenado a pagar um absurdo de pensão para um filho cuja visitação será até negada.

Antes que alguém fale bobagem aqui sobre o assunto, esclareço que, nos anos de 2004 e 2005, fui serventuário numa Vara Cumulativa (logo, de Família também). Os pagantes de pensão nunca tinham acesso aos filhos. Nunca! No dia da visita, as mamães sumiam do mapa ou trancavam as portas. O mané ia chorar no fórum, algum advogado peticionava informando o fato e sabe em que dava tudo isso? Nada. A borderline apenas recebia uma notificação, cagava sobre ela e ficava por isso mesmo. Nosso sistema legal é ginocêntrico. O manginismo impera. É raríssimo ver mulheres penalizadas por algo. Najila Trindade acusou fraudulentamente o jogador Neymar de estupro, o fez gastar muita grana com defesa e perder eventuais patrocínios, arranhou sua imagem para sempre e sabe em que deu? Nada! Nada ao menos para ela. Qualquer mulher pode te acusar de qualquer crime e, provada sua inocência, qualquer ação contra ela será arquivada, julgada improcedente etc. É assim que funciona. No fórum, a mulher sempre tem razão.

Mas voltando ao assunto. Embora quisesse cortar, tinha medo de, mais à frente, querer ser pai e não poder mais. É que a reversão não é garantida e, após alguns anos do procedimento, vários homens praticamente deixam de produzir espermatozoides. Nosso corpo entenderia não precisar mais fabricar bichinhos inúteis. Então resolvi não fazer. Mas, tão logo me tornei pai, imediatamente cortei o saco. Para os dias de hoje, uma criança basta. E olhe-se lá...

A cirurgia é muito rápida. Paguei R$ 800,00 há seis anos e nem precisei de exames pré-operatórios. O plano de saúde não cobre, em regra. Não há internação para nada. O urologista agendou o procedimento para dois dias após a consulta e cortou tudo em seu consultório mesmo. Para auxiliá-lo (francamente, eu preferiria outro homem ali, na função), uma loira bem parecida com Ana Hickmann. Fiquei peladão sobre a maca com ela ajeitando meu pinto, levei duas injeções do lado do saco e senti um pouco os cortes sendo feitos. O que dói mesmo é a puxadinha dos canais. Eles são cortados em dois pontos e removidos, para evitar que se toquem posteriormente e se juntem espontaneamente. Antes dos pontos, os tocos são cauterizados.

Tudo é rápido demais. Acho que durou cinco minutos. Após, o médico me mandou descansar dez minutos, perguntou como eu estava me sentindo e me despachou. Só não consegui dirigir. Passei duas semanas com o saco doendo, andando mal e urinei sangue um dia. Recuperado, gozei sangue algumas vezes. E pronto. Logo fiquei 100%, pronto para fazer amor à vontade, sem medo de concepção indesejada.

Há riscos de emprenhar alguém mesmo assim? Claro. A reversão espontânea pode ocorrer. Mas é raríssima. É o azar de cair um raio sobre sua cabeça. Durante alguns meses, o urologista adverte que há espermatozoides ativos circulando na área acima do corte. Assim, precisamos evitar gravidez indesejada durante um tempo (alguns meses, ou "x" números de ejaculações).

A procriação sempre mexe com os noticiários. Parlamentares que propõem, via SUS, vasectomia para homens adultos e sem filhos são chamados de eugenistas justamente pela turma que advoga o aborto livre em qualquer mês da gestação. Os conservadores 2.0, tipo Paulo Kogos, insistem que os homens devem ter vários filhos para manter o ocidente ocidentalizado (seja lá o que for isso) e ajudar a manter a família tradicional (seja lá o que também for isso). De minha parte, gosto de afirmar: "meu corpo, minhas regras". Não quero salvar o planeta do déficit populacional para ajudar a previdência, acho que uma filha está de bom tamanho e creio, realmente, que ter muitos filhos nos dias de hoje é para homens burros.

Os homens precisam seguir o exemplo do mulheril: serem donos de seus corpos, suas escolhas, seus destinos.

Abraços escrotos e até a próxima!


domingo, 27 de fevereiro de 2022

Música ambiental, academia, 40 anos etc

Quando me tornei pai, passei a observar como uma criança desenvolve sua personalidade, o que vai ficando e o que vai sendo posto de lado. É interessante analisar a formação do ser humano. É algo então novo em minha vida. Realmente nunca tinha pensando a respeito da formação da personalidade.

Acho curioso que minha filha, que ainda nem sete anos possui, goste bastante de música eletrônica. Ela cria playlists em seus dispositivos e costuma ouvir esse gênero enquanto está à toa explorando o belo mundo do Toca Live, criando personagens no Gacha Life ou matando pessoas no Free Fire. Ou cuidando de seus carneirinhos em Minecraft. Ninguém a inclinou para isso, penso. É dela. Ele manteve contato com coisas assim, se interessou, e foi de cabeça. Acho saudável e a deixo livre para consumir suas músicas, conhecer outras livremente e brincar com seus jogos. Sempre que ela merece, aliás, compro novas propriedades para expandir seu mundo Toca.

Quando eu era guri, não ouvia música eletrônica. Mas, por crescer ouvindo aquela estética oitentista durante a década de '90, creio que o ambiente musical da época impingiu-se em meu cérebro. Daí, as boas sensações que um "som sintetizado" sempre me trouxeram, quando ouvido à toa. Mas nunca fui de botar músicas assim para rodar, durante minha adolescência. Cresci ouvindo rock, MPB (especialmente Zé Ramalho, Alceu Valença etc.). Apenas na maturidade - graças à internet veloz - descobri o prazer de rodar os sons que dominaram o cinema e as vinhetas avulsas de minha infância.

Mas penso que isso, também, não influenciou minha filha, pois ouço mais esses estilos musicais quando trancado sozinho em meu escritório, trabalhando ou lendo gibis, com fone de ouvido na academia ou quando sozinho em casa, na varanda, fumando e bebendo. Também não é algo que escuto com meus amigos, pois sempre tocamos mais MPB ou rock quando estamos reunidos. Logo, é um gosto pessoal dela, algo despertado desde cedo. Talvez se, quando guri, eu tivesse acesso à tecnologia que ela possui hoje, tivesse aproveitado, igualmente, esse som. Certamente que, vendo seu interesse, passei a ouvir mais junto a ela, lhe despertando mais o interesse.

No âmbito música eletrônica, o estilo synthwave (retrowave) é o que mais me agrada por longas horas. Esta tarde inteira, por exemplo, só ouvi isso. De acordo com Wikipédia, "é um estilo musical que surgiu em meados dos anos 2000, influenciado por músicas e trilhas sonoras da década de 1980 (...), fortemente inspirado pela new wave e trilhas sonoras de filmes, videogames e séries de televisão da década de 1980 e 1990". Ou seja: um oásis para pessoas de minha faixa etária que passavam horas e horas consumindo cultura pop barata e enlatada, quando guris.

Quando representado visualmente, o gênero se apropria de elementos de jogos eletrônicos antigos, às vezes com pixel art. Contudo, em regra, a ênfase é na arte retrô futurista vetorial, em loop quando produzida para videoclipe, carregado em cor-de-rosa, púrpura e suas variações. É um visual, aliás, que me agrada há anos e anos. Tanto que, ao postar no vídeos no Youtube, gosto de finalizá-los com vinhetas assim, em vinte segundos, para dar tempo de rodar as sugestões de vídeos similares.

Quando conversei com um colega de faculdade sobre synthwave, ele me disse que havia uma associação entre o estilo e o nazifascismo, na cabeça de alguns. Então, pesquisando a respeito, vi não ser bem assim. Na verdade, o estilo musical é utilizado para propaganda política de qualquer via insana. Logo, em breve pesquisa, vi que qualquer sample pode ser empregado por neonazistas ou neocomunistas (amiúde, gente insana tarada pelo Estado e o coletivismo), apenas mudando o fundo das estampas de Hitler para Stálin e vice-versa. Logo, não caia nessa pegadinha do discurso ideológico. Apenas curta seu som em paz. A diferença entre fashwave (synth fascista) e laborwave (synth comunista) está no psicopata reverenciado e no bobão que advoga mais Estado. Lembre-se: o Estado é nosso maior inimigo.

A ascensão do synthwave se deu há alguns anos. Mas algumas pessoas podem desconhecê-lo, creio. E creio também que podem curtir enquanto estão nas atividades domésticas, trabalhando ou simplesmente à toa. Acho oportuno esse tipo de sugestão musical. Esses dias, por exemplo, o Scant Obscuro sugeriu o álbum New Age of Earth da banda Ashra. Eu desconhecia totalmente. E já o ouvi várias vezes desde então. Foi uma descoberta bastante satisfatória. Eu poderia passar ainda anos sem ouvir Ashra e Manuel Göttsching. Mas o post de lá corrigiu isso. Daí, penso, a relevância dessas sugestões.

Embora indique essencialmente esse formato de som para uso ambiental (especialmente quando estamos trabalhando em frente ao PC), também o uso bastante na academia. As seleções que tocam lá é horrível, com espaço até para sertanejos atuais, o que me parece totalmente inadequado para o espaço. Mas parece agradar à maioria e pelo menos ainda não chegaram no funk. Se bem que às vezes tocam Anitta, embora eu não saiba onde ela se encaixe musicalmente. Desta forma, levo fone bluetooth (um xing ling comprado por R$ 25,00, discreto e eficiente, com quase 2,5 horas de autonomia) e deixo meu telefone por perto, quase sempre no Youtube Music. Comprei earbuds JBL esses dias, mas ainda não os testei suficientemente.

Música que nos agrade é quase essencial a um bom treino. Ficamos mais relaxados e felizes, enquanto ouvimos o que gostamos. Treinar pesado, lavado de suor, é mais sofrível quando sons irritantes penetram nossos tímpanos. O problema desses fones earbuds é não abafar o ambiente externo. Mas compensa no conforto de não ter algo apertando nossa cabeça e se empapando de suor.

Falando em academia... Tendo finalmente chegado aos meus 40 anos de idade, preciso me cuidar. E confesso que encontrei prazer em treinar há pouco tempo. Sempre gostei de correr, mas percebi que a atividade estava destruindo minhas articulações, causando dores e - me parece - arruinando minha massa muscular. Musculação me deu braços fortes e algo que nem pensava ter: peitoral (mínimo, mas melhor que tetas). Pernas bacanas, sempre tive (talvez pelo hábito das corridas), mas agora estão visivelmente definidas, desde que alguém se esforce para vê-las bem de perto. Infelizmente, queimar barriga e flancos parece quase impossível, considerando que gosto de comer bem, me dando a jantares que às vezes duram horas com amigos, churrasco e bebedeira. Sou antigo consumidor de cerveja, vinho, vodca e, às vezes, cachaça. A academia não mudou este hábito. Junto ao péssimo mau hábito, ter pneuzinhos é algo genético, acho, observando minha família. Até os magros (ou fortes) que se cuidam bem os têm.

Tenho 1,82 metros e peso quase 100 kg. Tirando a pança, o restante parece bem distribuído, com músculos generoso nos membros (43 cm de braço, perna não medi), o que às vezes até rendem alguns elogios das novinhas, para alegrar o velhote. Como não consigo vencer a luta contra a barriga nem quero largar a vida de glutão, penso em recorrer à cirurgia mais à frente e ao uso de hormônios. Quanto à cirurgia, tenho dúvidas. Mas certamente tomarei "bomba" mais à frente, até porque não deixaria de se tratar de uma mera reposição, considerando o avanço da idade. Além de esteroides diversos, stanozolol, oxandrolona, testosterona e especialmente hormônio do crescimento (GH  - growth hormone), este ano certamente quero fazer uso de semaglutida, mais vendido na forma de "canetinha", como a Ozempic. Vi pessoas com bastante gordura abdominal praticamente se livrarem da pança com um mês de aplicação.

Fiz suplementação com whey protein algumas vezes, mas sempre relaxo com isso. Voltarei a tomar regularmente, porque preciso de pós-treino, já que sempre deixo a academia sem aproveitar a janela de oportunidade, não comendo nada até a hora do jantar. Cápsulas com óleo de peixe, alho etc., sigo metendo pra dentro. Sinto realmente que me fazem bem. Também pretendo estender o treino para ao menos 1,5 horas. Atualmente, não passo mais de uma hora por dia (de segunda à sexta) na academia.

Como dá para perceber nas fotos acima, treino descalço. É perigoso, pois qualquer pancada forte nos pés pode ferrar sua vida. Um pezinho possui 26 ossos e 33 articulações. Ossinhos pequenos, fáceis de virarem pó. Assim, fico descalço quando posicionado para o treino em algum equipamento. Mas, se com peso livre ou me deslocando, uso minhas sandálias Crocs clássicas, estilo Jason Voorhees, as quais me dão alguma proteção.


Para academia, levo, além de fones, luvas (gostei bastante desse modelo fabricado no Paquistão, facilmente encontrada na Centauro), toalha pequena para limpar o suor que cai nos olhos e uma garrafa térmica Contigo - aliás, marca excepcional, que conserva a temperatura do líquido por uns dois dias!

Enfim, fui falar sobre música, entrei em academia e em reflexões da idade do Condor. Mas é bom compartilhar modos de viver e ver a vida, erros e possíveis acertos. Blogue serve para isso, afinal. De acordo com o IBGE, em 2020, a expectativa de vida para nós foi de 76,8 anos. Quem está com quarenta, precisa parar e pensar a respeito. Mesmo que cheguemos aos 80 anos, a velhice é uma bosta, cheia de limitações, restrições alimentares, doenças, dores e pau mole. Acho que até os 65 anos dá para se viver com razoável dignidade plena. O restante é sobrevida. Falo a grosso modo, claro. Há exceções.

Ouça boa música, vá à academia (ouvindo a sua música), não deixe de comer o que gosta nem de beber sua bebida preferida. A vida é curta e o mundo está a cada dia mais perigoso e perto do abismo.

Abraços e carpe diem.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Mafagafos e mafagafinhos


Um ninho de mafagafos
Tinha sete mafagafinhos
Quem desmafagafar o ninho de mafagafos
Bom desmafagafador será

Conhecia o PC Siqueira antes de sua ida à MTV para o programinha que eu curtia bastante: PC na TV. Há dez anos, Pecê parecia ser gente boa. Queria apenas falar bobagem sem atirar pedra em ninguém (no máximo, bolinhas de isopor). Com a fama, grana no bolso e péssimas amizades, começou a falar grosso, apoiar linchamentos morais e, por várias vezes, ouvi-o soltando um "tem que se foder mesmo" ou coisas assim. Após a história de seu suposto envolvimento com abuso de menores (algo que, pelo que me consta, foi comprovado não ser verídico), viu sua vida ir para o buraco sumariamente, sem contraponto. Hoje, PC pede por parceria até com técnico em telefonia para consertar seu celular.

Rafinha Bastos comeu o pão que o diabo amassou por aquela piada sobre Vanessa Camargo. Desceu ao inferno por meses e sua família sofreu bastante. Hoje, é um grande cagador de mantras politicamente corretos. Desconfio que em breve estará sendo cancelado novamente. Mas, por enquanto, aprendeu a valiosa lição de ficar sobre o muro e só tomar partido de algo com forte apoio midiático. Ziraldo chegou a dizer que daria um tiro na cara do Rafinha Bastos, se alguma piada como a da Vanessa fosse feita com membro de sua família. Depois, Ziraldo disse que o humor não conhece limites, quando mulçumanos executaram cartunistas do Charlie Hebdo. Sacou como é a coisa? É como chamamos aqui no nordeste: um grande balaio-de-gatos.

Há um canal que eu gostava quando voltei a jogar videogame. Chamava-se XBox Mil Grau. Havia uma bobagem ali sobre "guerrinha de console", o que me parece bobagem infantil, mas era a proposta do canal e o cara à frente, o CHIEF 117, gostava mesmo da máquina da Microsoft. Então tanto faz. Mas boa parte do conteúdo me agradava. Então, um dia, enquanto os caras do Mil Grau "stremavam", um participante negro fez uma brincadeira sobre raça. Uma turma editou o conteúdo e acusou o Chief 177 de racista, a Microsoft pediu sua cabeça junto à turma do bem do Youtube (Castanhari, dentre outros) e, hoje, o cara ainda se recupera do baque. Para falar sobre o assunto, recordo quando Chief foi ao Flow Podcast, onde uma armadilha estava montada para ele e seu amigo Capim. Os politicamente irreprocháveis Igor 3k e Monark terminaram de jogar no fundo do poço seus convidados, embolsaram uma grana absurda com Super Chat e o episódio os ajudou a ser o que são hoje. Ou melhor: a ser o que eram até poucos dias.

E, agora, o Flow incancelável foi cancelado devido às palavras mal colocadas do Monark, acusado de nazista-mor do Bananil, quando todos sabemos que ele passa longe disso. Todos seus amigos já estão lhe virando as costas, via de regra. E, embora ele seja visivelmente inocente, merece se foder por ter alimentado esse monstro do patrulhamento da fala e do pensar, mesmo se dizendo libertário.

Internet é como o restante do mundo: um monte de gente se devorando a troco de trocados. Mas, em se tratando de Youtube, são muitos trocados. E pago internet para isso mesmo: enriquecer esses caras, vê-los crescer, brigar e se foder. Por enquanto, sigo aguardando quem será o próximo milionário a se estrepar.

Fico por aqui. Abraços e muita paz.

domingo, 16 de janeiro de 2022

Pateta e a vida frugal

 

Não gosto de glamourização da miséria porque residi toda a minha vida em regiões pobres e viajei por outras trocentas igualmente miseráveis. Não é bonito o que fazem por aí, postando casebre de taipa no meio do mato como algo fofo. A vida na roça é difícil. Tudo é inacessível, plantios se perdem por qualquer bobagem e bichos morrem por causas inexplicáveis. Não há beleza em bairros urbanos paupérrimos. Mas, para os adeptos da vida simples em apartamentos milionários e com a delicatessen embaixo do edifício, sempre indico que isso não passa de hipocrisia e que minimalista mesmo é o Chico Bento. Falei sobre isso em Minimalismo de Boutique e não me estenderei mais a respeito.

Como nem tudo na vida é preto no branco, às vezes a área cinzenta me leva a pensar como é bom deixar o mundo físico ruir à nossa volta e apenas aproveitarmos a vidinha besta sem neuras. Explico: sua casa se deteriora, estofados se rasgam, móveis mais vagabundos se estragam. Quanto a móveis, todos os meus são de madeira de lei e nunca se estragarão - exceto os planejados. Nunca gostei de comprar merda para casa, pois, como dizia vovó, o barato sai caro. Mas é necessário falar sobre tudo isso também, até sobre os móveis que se consomem e nos consomem. O que fazemos quase sempre é reformar o barraco, refazer estofamentos e trocar móveis. E isso nos escraviza. Não é tanto pela grana - embora, claro, dinheiro sobrando sempre é bom. É mais pelo estresse, mesmo, de não se conseguir viver em paz com essas coisas velhas, quando nos mesmo estamos ficando velhos, enrugados e doentes.

Esses dias finalizei o gibi 365 Histórias em Quadrinhos da era Disney Culturama. É um gibi fraco, com uma historinha por página, mas com seleção pobre. Mas reconheço ser difícil realizar algo muito bom em apenas uma página. De qualquer forma, ler este gibi aos pouquinhos foi divertido e me alegrou. E, em um dado momento, percebi como Pateta vive bem em seu cafofo, mobiliado com cacarecos e móveis velhos. Pateta sempre foi o personagem mais feliz Disney. Por ter pouco e esperar pouco do mundo, sempre ficou satisfeito com frugalidades, como uma comida boa ou um dia de clima bacana.

Pateta não buscou pelo minimalismo nem dourou a pílula da pobreza. Apenas vive de bem com o que tem à sua disposição da melhor forma possível. Claro que o fato de ser louco também ajuda em sua constante alegria, mas isso é outra história. E algumas historinhas deste gibi, percebi o Pateta sempre com aquele sorriso manso no rosto, quando em sua casinha paupérrima.

Beleza é essencial e coisas bonitas à nossa volta nos fazem bem. Mas a que custo? E o envelhecimento de nossa casa e dos bens que a guarnecem seria assim tão "feio" ou haveria certa beleza nesse processo natural de deterioração? Andei pensando a respeito e concluí deixar minhas coisas envelhecerem sem demais zelos e cuidados. Tomarei cuidados mínimos porque minha filha precisa de conforto e segurança. Então irei com calma nisso. Mas, realmente, não quero mais ficar cuidando de tanta alvenaria, madeira e metal. Cuidar de mim já exige tempo, grana e energia. E mal venho dando conta disso tudo. Ser um pouco Pateta na vida, creio, nos faz bem.

Goofy in Flowery Expectations, ou Pateta em Flores pra Mim?. Roteiro de Gorm Transgaard e arte de  Joaquín Cañizares Sanchez. Código D 2014-090.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

A vida de Julia


Jovens oprimidos pelo sistema pequeno burguês.

Imagem por Vincent Rosenblatt

Julia me divertiu há alguns anos. Ela foi personagem de campanha de Barack Obama. Quem quiser, pode pesquisar a respeito. Basicamente, tratava-se de uma garota aparentemente nascida do nada (geração espontânea?). Era uma espécie de história em quadrinhos com infográficos onde a personagem teve o Estado ao seu lado em todas as fases de sua vida. Julia não tinha pais, avós, ninguém: somente Obama. Ela quis estudar e, sob o Governo Obama, conseguiu. Ela procurou emprego e Obama lhe deu. Ela quis ter filhos: Obama foi lá e créu. Se quisesse abortar, o governo também ajudaria na matança. Ela queria coisas grátis e espaços em cargos, empregos e universidade. Obama estava ali para isso.

Poderia haver alguma propaganda política similar por aqui. Júlia teria cinco irmãos de pais diferentes. Alguns de seus irmãos, a mãe de Júlia não saberia sequer quem é o pai. O pai de Júlia, por sua vez, seria bebum, pai de mais dez filhos por aí, com diversas mulheres diferentes. Seus dias seriam à mesa de bar, coçando o saco, tomando uma, falando merda e pegando putas quando os auxílios públicos caem na conta. Júlia é filha de procriadores irresponsáveis, que entopem o planeta de gente para proliferar a miséria em troca de benefícios sociais e discursos vitimistas.

Júlia recebe tudo em sua escola: "lápis, caneta, borracha, cadernos, livros, uniforme (se provar que não pode comprar), passe de ônibus grátis" etc., seus "pais ficam desobrigados de trabalhar para pagar pelos materiais do filho" (v. A Marreta do Azarão). Mas ela nunca abriu um livro sequer na vida e estudar lhe causa sono. Em sua casa, todos passam os dias coçando as beiradas e vendo TV (gato de energia elétrica e internet comunitária). À noite, ganham o mundo: baile na comunidade, beques, pinos de pó com os parças e trepadinhas sob as estrelas, irresponsavelmente, procriando ainda mais (mesmo que a unidade de saúde local tenha preservativos e anticoncepcionais gratuitos). Todos andam "bem" vestidos, com roupas de marca e iPhone. Até porque uma calça para uma jovem de dezesseis anos é mais de trezentos reais.

Júlia teria ótima recepção em propagandas políticas. Seria uma aguerrida garota da favela: parda, bissexual, vítima de todo o sistema opressor que lhe tolhe os sonhos mais belos e não permitiu que ela se tornasse médica. Julia não é feliz porque você, pequeno burguês (leia-se: um merda de assalariado que rala todos os dias da semana para pagar impostos), não permitiu. E se você for homem e branco, sua dívida é maior.

Estou cansado de ser responsável por Julia. Nunca lhe comi a mãe e preciso trabalhar para custear minhas contas.

Andei pensando bastante em Julia (e nas Júlias) estes dias.

Abraços.

sábado, 25 de setembro de 2021

Wendy Carlos


Wendy e seu sintetizador modular Moog 55.

Sintetizadores não estão na abertura de Stranger Things ao acaso. Sons obtidos por estes instrumentos são a cara dos anos oitenta, embora remontem de algumas décadas anteriores. Distorções de sintetizadores analógicos eram tão comuns no cinema, TV e em alguns álbuns que no filme Mestres do Universos (para mim, um filmão!) a Chave Cósmica disputada entre He-Man e Esqueleto é, de certa forma, um sintetizador alienígena.

Posso estar muito equivocado, claro. Mas creio que Wendy Carlos foi o gênio que fez o mundo ter carinho por estes instrumentos musicais eletrônicos que, há alguns anos, eram verdadeiros trambolhos que precisavam de um cômodo apenas para si.

Não sei expressa minha paixão por Johann Sebastian Bach, apenas amo ouvi-lo há quase duas décadas. E embora tenha dividido opiniões, Switched-On Bach - primeiro álbum de Wendy Carlos, quando ainda se chamava Walter - é, pra mim, maravilhoso. Não deprecia a música clássica: pelo contrário, a enobrece, brincando, mediante ferramentas modernas, com suas composições mais representativas.

Wendy é mais conhecida por seu trabalho no cinema: Tron (1982), Laranja Mecânica (1971) e O Iluminado (1980).  Eu simplesmente não conseguiria imaginar nenhum desses filmes sem as respectivas trilhas sonoras. Imaginem Laranja Mecânica sem a música título, da abertura, criada sobre  marcha fúnebre de Henry Purcell. Ou O Iluminado sem os arranjos sombrios, conduzindo-lhe a atmosfera de medo.

Na postagem Música ambiente e paisagem sonora, destaquei algumas opções diferenciadas de música para relaxar, especialmente enquanto trabalhamos, com ênfase nas trilhas de videogame (recomendo aqui, aliás, todas as canções de What Remains of Edith Finch por Jeff Russo). E agora afirmo que é gostoso ouvir longas peças elaboras com sintetizadores. A princípio, sempre achamos legais alguns sons curtos, vinhetas etc. Mas trabalhos extensos podem ser prazerosos e - creio - vale a pena procurar algumas coisas por aí e deixar rolando durante sua rotina.

Abraços sintetizados e até a próxima.


sexta-feira, 3 de setembro de 2021

A Peste de Albert Camus

 

A única maneira de lidar com um mundo não livre é tornar-se tão absolutamente livre que sua própria existência seja um ato de rebelião. - Albert Camus, frase de efeito inútil e bonita.
Mandaram prender sumariamente o Zé Trovão e eu até faria piadinha infame com Ana Raio.

Salvo engano, comprei o livro acima em 2001, numa livraria Cultura situada na cidade onde morei. Não conhecia nada de Albert Camus e a aquisição foi totalmente aleatória porque queria ler algum romance e este me chamou atenção pelo mote: a mediterrânea Oran ingressa em quarentena pesada após surto de peste bubônica. Todos terão que se aturar enquanto vão morrendo juntos. Quem entrou não sai mais e o contrário também é imposto por lei marcial. Como o li há quase vinte anos, não posso resenhá-lo. Mas é um dos poucos livros ficcionais em minha estante que está anotado, cheio de grifos e marcas no texto.

Alberto Camus, quando não estava escrevendo e procurando confusão, aproveitava os prazeres do tabaco e de xoxotas. Se não tivesse falecido num acidente automobilístico, teria falecido de câncer (ou da tuberculose que o acometia há anos) ou por sífilis, penso. Para ele, a liberdade individual estava no núcleo onde todas as discussões deveriam se pautar.

Lembrei deste livro hoje ao ver notícia das mais recentes prisões de pessoas dentro do tal "inquérito das fake news". E o título também tem a ver com nosso momento atual, pandêmico. Pessoas sendo presas arbitrariamente por opiniões, injúrias e difamações. Seja de direita, esquerda ou isentão, qualquer um deveria assombrar-se com esse momento estranho em nossa republiqueta. As pessoas alvos neste procedimento esquisito deveriam ser investigadas ou processadas. Mas Kafka é aqui e agora. E lembrei que Camus comeu o pão que o tinhoso amassou por seus ideais libertários, insurgindo-se contra todas as formas de tirania. Por criticar o stalinismo e espalhar a "fake news" que pessoas morriam de fome e fuzilamento no comunismo, foi execrado por seus amigos intelectualóides da elite francesa. Sartre - corno manso notório quando a cultura cuckold era insignificante - foi seu maior amigo-da-onça.

Durante minhas boas décadas de vida, cansei de ver protestos violentos pelo país: depredações de propriedades públicas e privadas, terror no campo, agressões e ameaças variadas. Nunca deram em nada. Ninguém era preso, salvo pontuais exceções. Hoje, estão prendendo sumariamente gente que xinga agente político!

Não tenho mais nada a dizer sobre estes absurdos. Mas aproveito para recomendar o romance de Camus, expoente do Absurdismo, laureado com o Nobel de Literatura quando a premiação significava alguma coisa.

Abraços pestilentos e até a próxima.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Um mundinho de muxoxo


"Garota floco de neve trancadinha que não gosta de política."

Foto de Nandhu Kumar no Pexels

Se a natureza abomina o vácuo, um dia saberemos. Por enquanto, acreditamos que sim. Mas, entre homens, é certo não haver vácuo de poder.

Há quase meio século antes de Cristo, Platão topava com este dilema, hoje, transposto para a vida digital: pessoas que alegam não gostar de política e que vão tocando o barco alheias a tudo e a todos que decidem nossas vidinhas. Ou melhor: que vão sendo tocadas como gado - do pasto para o confinamento, deste para o pasto. "O preço que os homens de bem pagam pela indiferença aos assuntos políticos é ser governado pelos maus", teria dito. Basicamente, você possui toda a liberdade para não gostar de tais assuntos. Mas será governado por aqueles que gostam.

Quando recomendei Rede de Ódio, destaquei que parei de me preocupar com geopolítica. Mas só isso: não mantenho preocupações, pois estas são banais na vida de um cidadão mediano, o que sou. Tenho família e casa para cuidar, boletos a pagar e estresses funcionais com os quais lidar. Podemos nos interessar sem nos preocuparmos. E, assim, aos poucos, ainda fazermos nossa parte.

Há vários dias, li a postagem no democrático Ozymandias Realista onde, pela milésima vez, ouvi o velho discurso batido acerca da inutilidade em se falar de política e tudo que a cerca. O articulista basicamente afirmou detestar o assunto e achar estupidez publicações de manifestações individuais sobre quem efetivamente manda em nossas vidas. Destacou que "hoje em dia, qualquer idiota acha que pode falar sobre política, qualquer louco alucinado publica um vídeo na internet do que se deve ou não fazer" etc. E esse tipo de pensamento ouço constantemente. Concluiu, ainda, afirmando que o "cara que sai para trabalhar todos os dias as 5/6 da manhã e chega cansado do serviço, 12 horas depois" não tem interesse em ler postagens desses malucos engajados.

Respondi, lá, com meu ponto de vista e aqui acho prudente comentar de maneira mais apropriada o assunto, pois, recentemente, ouvi argumento similar de colega próximo, autointitulado "de centro-alguma-coisa", cuja sensatez política o colocaria acima desses clichês "esquerda/direita". Pessoas de centro são bem inteligentinhas (seguindo a definição de Pondè), é o que digo.

Umberto Eco, autor amado por mim, cuja obra literária li  e reli (algumas resenhas neste e no blogue anterior), afirmou que a internet deu voz aos idiotas. Ele está certo. E isso é bem vindo, acrescento. E isso é tão bom quanto a polarização política, pois antes havia um ponto de vista hegemônico.

Essencialmente, sou 1000% favorável que qualquer zé ruela escreva sobre política. É positivo que revolucionário de apartamento continue postando asneiras em redes sociais ou gravando vídeos de uma hora sobre como deve ser bom agigantar o Estado. São os revolucionários que mais gosto, pois dizem lutar por um mundo melhor quando sequer ajudam nas tarefas da própria casa onde residem. Tenho gente assim na família, que advoga mais impostos sobre a maldita classe média, mas nunca doou grana nem para próprios membros da família. Possuo uma prima socialista aguerrida que não lava as próprias calcinhas (quem faz isso é sua mãe retrógrada, quando retorna do trabalho). Pessoas que amam crianças africanas, mas nunca amaram o próximo ou ajudaram o vizinho a carregar as compras do supermercado. Também endosso os devaneios de ancaps, seus delírios de uma vida onde conflitos se resolverão com boas conversas e que nenhum grupo mais forte tomará o poder para si. Quando eu era mais jovem, me via como progressista. Na verdade, eu era comunista mesmo e achava que Stálin matou pouco! Hoje, com mais conhecimento e sabedoria (creio), me vejo como "liberal conservador", de certa forma. Resumo dizendo que sou integralmente pró-indivíduo e que ações coletivistas sempre vêm a fórceps para melhor socializar o sofrimento no longo prazo. Mas, se eu ainda fosse romântico, seria ancap.

Qualquer um deve se expressar, especialmente nos meios eletrônicos. Acessa quem quiser e cada a cada um utiliza de seu discernimento para analisar e contrapor. Ou então apenas ignora. Por mais idiota que possa ser o ponto de vista, antes éramos soterrados pelas opiniões dos detentores do monopólio da idiotice: grandes grupos de mídia que expunham suas pautas em rede nacional sem qualquer possibilidade de desacordo. Foi monopolizando o bostejamento que pessoas como Faustão se dão ao luxo, hoje, de ostentar um relógio Jacob & Co avaliado em quase quatro milhões de reais. O monopólio das ideias estapafúrdias permitem a globais suas mansões em Búzios e Angra dos Reis, jatinhos particulares e toneladas de cocaína ao ano para cheirar nas surubas de elite. E, sim, coleguinha, tudo bancado com a grana do otário que "todos os dias as 5/6 da manhã e chega cansado do serviço, 12 horas depois". Os maiores grupos midiáticos do país foram bancados, por décadas, com farta grana pública estatal, por meio de publicidade oficial, benefício de crédito a fundo perdido e isenções fiscais. O mané que rala doze horas por dia a troco de mixaria talvez estivesse numa vida melhor se tivesse tutano na cachola, ao menos aquele mínimo para observar melhor o mundo onde habita e conseguir, quiçá, escapar um pouco mais do lugar-comum. Poderia não consegui nada em termos globais. Mas ao menos poderia ter refletido melhor em suas escolhas pessoais e não ser um burro de carga a troco de merreca.

Não adianta fazer muxoxo, choramingando "Ai, detesto político e quero que essas pessoas sumam". Elas sumirão, talvez, junto a última barata após a hecatombe final. Sempre haverá o Estado, extremamente organizado ou não. Sempre haverá Governo, democrático ou não. Não existe vácuo de Poder. Alguém ou alguns sempre ocuparão posições de direção da vida comum. E ao menos saber lições básicas de geopolítica ajuda um pouquinho a não vivermos como gado, literalmente comendo restos, como na Venezuela e agora na Argentina. Se não, ao menos pastar num campo com grama mais farta e água fresca, enquanto o restante do rebanho se contenta a trabalhar "todos os dias as 5/6 da manhã e chega cansado do serviço, 12 horas depois", para comprar jatinhos que levarão Luciano Huck e família para férias no Caribe um dia após defenderem regras severas de lockdown para mais de 200 milhões de brasileiros.

Não precisa nem ter o saldo bancário de Huck para ser hipócrita. Recentemente vi um sujeito que acha super justo proibir banhos de sol na praia para não propagar o coronga. E na outra semana estava comentando com entusiasmo as viagens internacionais de seu filho, numa tour em vários países durante o pandemônio. São dessas pessoas, aliás, que quero distância absoluta.

Obviamente, há pessoas que odeiam falar de política, especialmente quando o assunto é sobre a forma de política que elas não gostam. É como o sujeito que afirma categoricamente anular o voto porque está sem opções, mas vai lá em outubro e taca o dedão em siglas como PT, PSOL, PCdoB e tudo mais quanto é porcaria que no longo prazo apenas nos trará classes burocráticas poderosas, amigas das maiores fortunas da nação, financiando obras em ditaduras "progressistas" enquanto nossas classes média e baixa afundam cada vez mais. Essas são pessoas mais sorrateiras, que fingem não tomar partido de nada e estão felizes assim. Há também brasileiro em seu estado bovino mais puro: realmente não se questiona quando Bruno Covas fechou a cidade e foi a um estádio lotado, noutro Estado, torcer pelo timão; porque em plena pandemia parece sensato estreitar horários em vez de dilatá-los; porque máscaras de pano babadas e suadas de dias e dias não seriam objetos contaminantes; porque tomar banho de sol na pracinha deve ser coibido com agressão policial; porque garotos pegando onda no mar devem levar tiros da guarda municipal etc. Há pessoas e pessoas que afirmam não se interessar pelo mundo à nossa volta, por quem manda em nós, por quem nos tranca em casa enquanto as maiores fortunas da Terra se tornam ainda maiores.

O destino para quem se mantem na ignorância ou finge se manter nela é sair "para trabalhar todos os dias as 5/6 da manhã e chega cansado do serviço, 12 horas depois" a troco de mixaria, aguardando o final de semana para assistir aos Faustões (estes sim podem falar de política) ostentando relógios de quatro milhões de reais, com casas de campo na Itália e apartamentos em Miami. Me fogem as razões porque nunca investem em imóveis nas republiquetas socialistas africanas.

Acho oportuno, aqui, repetir o escrito em Pandemia e O Mundo Segundo Tio Patinhas:

Por enquanto, temos Estado. Este, possui Governo. E este é ocupado por pessoas. Por trás dessas, há ideias, ideais, ideário ou ideologias. Ficar apenas em cima do muro bradando por mundo melhor e se queixando da "falta de opção" não resolverá porcaria alguma. Enfim: tomemos lados. Direcione-se ao lado com o qual você mais se identifica e o assuma.

Há dois caminhos bem definidos quanto ao futuro político global: a esquerda progressista e seus delírios sangrentos e o liberal-conservadorismo, baseado na filosofia do ceticismo. Não existe terceira via a não ser a da punhetação mental, a do eterno "discutamos sexo dos anjos" para posarmos de espertinhos. O extremos não se tocam. Isso é frase feita. Os extremos são extremos e, como dizia minha avó: "Água e óleo não se misturam". E nem adianta vir com a grande sacada de garoto espertinho afirmando: "Ah, mas a água e o óleo se tocam". Por favor, não faça isso. Retire mais sua cabeça da lua e ponha mais seus pés no chão. É impossível conciliar pautas e agendas com quem quer destruí-lo. Pense nisso.

Sei que ficar sobre o muro é confortável. Isentão boa praça. As paredes são largas e o ambiente mais ventilado. Além de tudo, você ainda posa de espertinho, um cara que não segue a manada, bastante politizado para não sair tomando partido de qualquer forma. E ainda dá para usar algumas citações sobre "equilíbrio", "ponderação" e "fanatismo". Outra vantagem: está sempre de bem com todo mundo. Só que o fedor da merda, fatalmente, o atingirá. Isso se não derrubarem o muro e você cair justamente do lado mais inadequado às suas convicções mais secretas.

Se os romenos se mantivessem trabalhando doze horas por dia e passando fome, sem questionamentos, o legado comunista de Ceauşescu ainda dominaria quase 20 milhões de pessoas com mãos de ferro. E talvez eles tivessem algum programa dominical divertido, onde o apresentador teria o monopólio do bostejamento ideológico. Ou o exemplo de hoje, onde milhares de argentinos estão fugindo até mesmo para o... Brasil!

O resultado de "ser de centro" será no centro de nossos cus, sem cuspe. Por enquanto, ainda há vaselina.

Nas eleições passadas votei em Bolsonaro e continuarei votado, acaso não apareça outra opção realmente de direita liberal-conservadora que tenha realmente pulso firme e mãos de ferro para se impor à velha política de maneira mais enfática, inclusive sobre as decisões judiciais cada vez mais flagrantemente inconstitucionais. A ruptura definitiva já deveria ter sido dada. Não há mais "harmonia entre Poderes". Por enquanto, incomodando o velho sistema e o poderio da mídia progressista, Bolsonaro continua me servindo, mesmo passando longe do "ideal", seja lá isso o que poderia ser.

Abraços centrais e até a próxima.