domingo, 28 de março de 2021

Música ambiente e paisagem sonora

 


Foto de jonas mohamadi no Pexels

Quando eu era guri, adorava aquele comercial da Philco Hitachi onde o cidadão quer descansar ouvindo a belíssima suíte Peer Gynt de Edvard Grieg, pausa para atender ao telefone fixo, vem um passarinho pela janela e dá o play. Não se fazem mais comerciais como antigamente. Até isso ficou ruim rapidamente, como se todo o mundo estivesse apodrecendo. Eu gostava da propaganda porque desejava aquele aparelho de som e porque, mesmo sem saber quem foi Edvard Grieg, gostava da música. Lembro daquele comercial porque ele possui relevância com esta postagem: a música como veículo de/para relaxamento.

Sempre gostei de ouvir músicas durante prática de alguma atividade, seja doméstica ou funcional. Acho que a maioria das pessoas ouvem música enquanto cuidam da casa ou desempenham suas atividades profissionais, dentro do possível. No entanto, a música ambiente permanecia fora desse hábito. Não sei bem a razão, mas eu possuía o mau hábito de excluir totalmente a música ambiente de meu cotidiano, pois parecia algo mais destinado a espaços de uso coletivo, onde o som precisa ser neutro. Eram a tais músicas para cafeterias (isso quando não falavam em música de elevador, no passado). Hoje, som "neutro" em espaço coletivo é pancadão ou sertanejo. As pessoas que ouvem bosta fazem questão que você também ouça.

Há certo tempo (não muito), passei a encontrar em relaxantes músicas ambientais verdadeiras muletas para o estresse cotidiano. De certa forma, foi uma migração natural da música clássica (principalmente Bach e Wagner, meus compositores preferidos) para outros modos mais "pop". Assim, passei a consumir regularmente trilhas de cinema (Thomas Newman, Hans Zimmer, Danny Elfman etc.) e sons editados com o único intuito de trazer ao ambiente certa quietude.

A melhor definição para música ambiente encontramos na magnânima Wikipédia: "é um gênero musical substancialmente focado nas características timbrais dos sons, geralmente organizados ou executados com o intuito de se denotar ou estimular a criação de uma "atmosfera", uma "paisagem sonora" ou mesmo para apenas soar como um "discreto complemento” a uma ambiência".

Quando voltei a jogar videogame, conheci o grande nicho de pessoas dedicadas a isolar sons ambientais de jogos eletrônicos, paralisando a gameplay num dado momento, e captando sons agradáveis. Acredito cada vez mais na utilização destes recursos sonoros para preencher o ambiente enquanto trabalhamos. Se em casa, melhor ainda. Tranque-se no seu muquifo destinado à santíssima atividade de ganhar o pão de cada dia, elabore playlist no YouTube e a ouça, por qual via for. Vario entre celular (não é bom porque precisamos muitas vezes acessá-lo durante o trabalho) ou outro dispositivo móvel independente (costumo usar o tablet). Também podemos transmitir para a TV ou aquelas caixinhas eficientes via bluetooth. Possuo uma ótima caixa JBL, mas a evito porque não preciso de toda sua potência e qualidade para algo tão simples. Em regra, qualquer aparelho mais modesto atende a tal necessidade. Também podemos utilizar saídas de áudio do próprio PC, mas percebo que PCs com saída de áudio (nossas amadas caixinhas do "kit multimídia" do passado) estão cada vez mais em desuso. A maioria dos computadores all in one, percebo, estão vindo sem saída integrada de som. Quanto a notebook (equipamento que não gosto), o som ficaria muito diretamente sobre nós, então também o excluo.

O importante, claro, é ter acesso a uma fonte decente de som ambiental, seja qual for. Acima, só falei um pouco sobre meus hábitos. E citei o YouTube porque assino o serviço Premium para toda a família (dá para seis contas simultaneamente, o que é bastante) e não sou interrompido por propagandas. O pior da publicidade no Youtube é o excesso, o tempo de publicidade e, durante uma música relaxante, ser surpreendido com uma peça publicitária sertaneja sem nenhuma relação com o que você estava ouvindo. Às vezes, ainda acesso o YouTube diretamente na TV, sem algum conta logada, e me parece que o excesso de publicidade conseguiu se tornar pior. Mas, certamente, também podemos recorrer a mídias físicas, arquivos baixados ou outros serviços de streaming, como Spotify e Amazon Music.

Amiúdes, se ainda não recorreu à música ambiente em seu cotidiano, vale a pena tentar, especialmente enquanto trabalha. Se estiver num ambiente coletivo, use fones (bagulho que não suporto por muito tempo nos ouvidos). No conforto de sua casa, deixe circular pelo ambiente. Certamente lhe trará mais qualidade de vida.

Abaixo, selecionei o comercial mencionado no início deste post e quatro músicas/sons/paisagens retirados de jogos eletrônicos. Isso é pessoal, claro. Escolhe o que te faz sentir bem, este é o objetivo.

Abraços melódicos e até a próxima.





12 comentários:

  1. Olá, Neófito!! Tudo Beleza?

    Costumo utilizar bastante música ambiente. Gosto de, quando praticando alguma atividade que necessite concentração (estudo, leitura, etc..), de ouvir música clássica (Ouço Satie, Bach, Mozart, Vivaldi, Vila Lobos, etc.., geralmente começo em um e vou seguindo conforme as indicações do Spotify).

    Ultimamente, também tenho procurado alguns compositores de filmes, pois muitos fazem músicas muito próximos das clássicas, que, em minha opinião, são até melhores para concentração que algumas clássicas. Um compositor que tenho gostado de ouvir é o Ludovico Einaudi.

    Também acho que as músicas funcionam bem para alterar os estados de espírito da pessoa. Quando quero trabalhar em algo que é cansativo e repetitivo (e quando preciso de energia extra, como na academia ou para terminar um TCC), costumo escutar música eletrônica e rock. Quando preciso de calma e concentração, recorro à música clássica, sem letra cantada.

    Também gosto de escutar rádio, principalmente a Energia 97, em São Paulo. Costumo escutar dois programas : ao meio dia o Lunch Break, com o DJ Ronaldinho e as 15h o Vibe com o DJ Pagani. São os momentos do dia que minha energia está mais na merda, então gosto de escutar eletrônica para dar uma energizada e conseguir trabalhar em alguns projetos que faço que são mais maçantes.

    Quanto as músicas ruins, acho que só vão aumentar e piorar. O nível de apreciação das pessoas caiu muito. Lembro que quando eu era pequeno, muitos funks eram sobre como era a vida na favela, nas comunidades, perseguição policial, etc.. eram como raps com um gingado diferente. Haviam músicas de romance, mas sobre como o cara havia sido deixado pela "novinha" (sertanejo da quebrada).

    Naquela época, só alguns compositores faziam músicas com tamanha pornografia como hoje. Chegamos em um ponto em que todas as músicas dos caras só falam de bunda, peito e piroca. Mas isso é só o reflexo do que o povo gosta. No fim, as próprias pessoas escolheram o que queriam: é melhor viver a ilusão da vida de luxúria e perversão dos cantores de Funk do que dar de cara com a realidade dura e sofrida que realmente vivem.

    Abraços!

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    1. Olá, Matheus.

      Tudo tranquilo, sim, e espero que por aí também.

      Acerca da música clássica, ouço-a desde adolescente. Comecei devido a uma coleção de CDs de minha tia chamada Joias da Música Clássica, que vinha encartada numa revista (acho que Caras). Daí para frente foi só paixão. Mas música composta para fins “ambientais”, conforme o descrito na definição da Wikipédia, é algo realmente mais recente. Diria que não mais do que cinco anos.

      Ludovico Einaudi me parece em alta há certo tempo e não sei porque esse “boom” apenas agora…

      Acerca do estado de espírito, concordo bastante. Há canções até mesmo para acalmar feras. Sobre academia, ouço o que está tocando no ambiente. Na verdade, não ouço: isolo. Faço meu treino sem prestar tanta atenção consciente na música e volto rapidinho para casa. Mas a seleção é adequada ao ambiente. Bastante David Guetta e similares. Às vezes umas porcarias… Mas no geral são boas playlists.

      Eu ouvia rádio no carro. Agora o carro que uso não pega mais sinal. Durante uns anos ouvi rádio on line. Mas isso faz muito tempo, mesmo. Diria que coisa de mais de dez anos. Entre 10 e 15…

      Sobre o fundo do poço e o passado: éramos felizes e não sabíamos. Recordo quando o refugo musical brasileiro eram as bandinhas de pagode, o novo samba e sertanejos como Zezé di Camargo e Luciano ou Leandro & Leonardo. Depois percebi que esses caras até faziam canções boas no início das carreiras e que, para os padrões atuais, são quase Morzats!

      Abraços!

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  2. Olá, Fabiano.
    ALiás, cerveja que vendeu e está vendendo bastante durante este período de pandemia e auxílios. Possuo colegas donos de bar e eles andam satisfeitos com as vendas.
    Resido num local meio ermo e, mesmo assim, quando recebo amigos para comer (e beber, claro), procuro sempre manter certa dose de proporção no som. Às vezes alguém quer inventar de aumentar, mas aí sou categórico, que não porque isso pode chegar a algum vizinho e incomodar.
    Nesta parte da vida social (aporrinhação alheia), tendo ser o mais ponderado possível.
    Abraços!

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  3. Sempre costumo dizer que defunto não se torna santo. Se não prestava em vida, não é a morte que nos fará bem-dizer a pessoa. Também possuo parentes dos quais quero absoluta distância.

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  4. "possuo parentes dos quais quero absoluta distância." - todo mundo tem :)

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  5. sempre gostei de música ambiente
    como esquecer de Vangelis que escreveu as partituras para o filme britânico Carruagens de Fogo

    atualmente tenho ouvido bastante Hiroshi Yoshimura

    a sala desse cara da propaganda antiga é top

    "THE LAST OF US Ambient Music & Ambience 🎵 Post Apocalyptic Peace" - tirando o barulho da mosca, acho que daria pra escutar


    sobre caixas de som, hoje em dia ficou mais fácil de achar: https://1.bp.blogspot.com/-hBnIPaLexRs/Wjq3pTv05qI/AAAAAAAAFPY/Gn9awH7Rm6UEvfurgzxiUW_0TGhJKw2dACLcBGAs/s1600/wSrbnBj.jpg

    tem muita coisa de música ambiente pra se descobrir: https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_ambiente

    abs!

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    1. Fala, Scant.
      Nos vídeos, penas destaquei jogos. Mas se fosse algo mais genérico, incluiria Vangelis certamente, especialmente Blade Runner!
      Você comentou sobre Hiroshi Yoshimura numa postagem, salvo engano. Incluí em minha lista.
      Sobre o TLOF, encontramos dezenas de vídeos similares para todos os gostos, assim como RDR e Resident Evil (joguinho que gostei bastante, aliás, jogando todos os principais exceto pelo quinto).
      Quanto a caixinhas, gostei bastante da tecnologia das JBL. São incríveis: práticas, portáteis, som límpido etc.
      O YB vem sempre indicando músicas similares.
      A sala é top. Você pode planejar algo similar em sua futura residência!
      Abraços!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Fala, Pateta!

      Na era do PC, gostava bastante do tema de Tomb Raider, aquela sinfonia suave e meio gótica. Tive o jogo instalado durante uns dois anos, durante a faculdade. Às vezes só deixando rolando o som...

      Aqui: https://www.youtube.com/watch?v=fIWLT0QVPzw

      Conheço Outlaws de fama e já vi gameplay. Da LucasArts, joguei alguns Point and Click, belíssimos, bem construídos, mas que pareciam não ter fim, de tão enigmáticos!

      Minha paixão por Ennio Morricone é sem tamanho, assim como por Sergio Leone!

      Cara, bem lembrando isso: a dificuldades em fazer comerciais assim numa era pré efeitos especiais de qualidade.

      Como disse Olavo de Carvalho certa vez, em breve restarão apenas duas religiões: maconha e cu.

      Abraços!

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Eu comecei a escrever um comentário esses dias e antes de postar caiu a bateria do Note...mas enfim. Onde trabalho eu sempre deixo um CD tocando com música ambiente, do tipo uns mantras suaves (que tem a ver com o local também). Sabe que muda muito a energia da gente e do próprio ambiente? Sou uma pessoa que ama música, sempre estou com fones nós ouvidos curtindo minhas playlists do Spotify. Com o tempo e a maturidade passeia ouvir até música clássica. Sou daquelas que se emociona ouvindo música...viajo longe.

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    1. Olá, Fernanda.
      Tb não sou muito bom em teclar por celular e evito bastante. Muitas vezes, leio algo e espero estar na frente do computador para poder comentar algo.
      Não consigo me acostumar a fones de ouvidos, a nenhum. Já tentei usar até aqueles maiores e mais confortáveis, mas é algo estranho mesmo para mim. Incomoda bastante. Contudo, no seu caso não há outra saída, já que e trabalha em ambiente coletivo e certamente não vai encher o saco de ninguém com suas músicas.
      Te recomendo handpan para ouvir https://www.youtube.com/watch?v=xk3BvNLeNgw
      Tenho certeza que vc gostará bastante!
      Abraços!

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