Um Oscar marcante em minha vida foi o de 1995. Concorrendo a melhor filme, tivemos: Forrest Gump, Quatro Casamentos e um Funeral, Pulp Fiction, Quiz Show e Um Sonho de Liberdade. Assisti a todos esses filme em VHS e realmente não sei qual o melhor. Além disso, ainda foi o ano de Ed Wood de Tim Burton, onde Martin Landau levou o careca para casa por sua interpretação magnífica de Bela Lugosi. E Tiros na Broadway - do sacrossanto e blindado maníaco sexual Woody Allen - concorreu a algumas estatuetas.
Quando eu era guri, não ligava pra trilha sonora de cinema. Possuía tio e padrinho que tinham estantes cheias de CDs com trilhas de cinema. Não estou exagerando. Eram estantes, mesmo. Meu padrinho possuía uma "sala de som", onde não víamos a cor da parede de tantos móveis embutidos lotados de vinil, CD, VHS, k7 e laserdisc. Eu achava aquilo um desperdício de dinheiro. Quem conseguia ouvir uma trilha sonora de cinema? Quando me tornei o que chamam de adulto, passei a amar. E falando em música, também em 1995, tivemos Thomas Newman concorrendo com dois trabalho contra Hans Zimmer, Alan Silvestri (Forrest Gump) e Elliot Goldenthal. Devem ter escolhido Hans Zimmer por mero sorteio. Realmente, a trilha de O Rei Leão (assisti a estreia no cinema, com minha prima Denise, no Cine Maciel, situado na rua de minha avó!) é encantadora. Mas, quando penso em Forrest Gump e "Libera Me" - e tantas outras de Entrevista Com O Vampiro - realmente não sei qual seria a melhor.
Isto era o cenário de uma premiação. Houve época (não tão distante) que (quase) tudo fazia sentido. Hoje, nenhuma premiação quer dizer mais nada e alguns grupos endinheirados já vêm exigindo cotas para o Nobel. Em Literatura, há algo parecido com cotas. Na Paz, também. Mas querem levar isso à Física, Química e Medicina.
Percebi que o Oscar havia chegado ao fundo do poço com Moonlight (2016). É só uma história sobre um garoto sexualmente frustrado que aguarda anos e anos para poder, finalmente, dar o anel ao macho de sua vida. E antes que alguém me acuse de homofobia, destaco que Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005) foi uma das melhores histórias sobre o amor levadas ao cinema. Moonlight é um lixo do recente cenário extremista de Hollywood.
Digo tudo isto porque tentei assistir a CODA - No Ritmo do Coração, vencedor do Oscar de Melhor Filme neste ano. Desisti de continuar aos 57:42 min e não pretendo retomar. A vida é curta, tenho muitos livros a ler (além de gatos, cachorro e galinhas a cuidar), quintal para limpar e, colegas, não posso desperdiçar meu tempo cada vez mais precioso. Solenemente, desisti de conhecer o que há de novo. Não procurarei mais as novidades da música, cinema ou TV. Se topar com algo meramente por acaso, ok. CODA é um filme fofo, comédia romântica cute dispensável e nada mais. Mas aborda exclusivamente capacitismo e, assim, emplacou. Acho pouco provável que, após quase cinquenta minutos, possa haver algo que valha a pena no filme. E não quero mais nem saber. Foram cinquenta minutos que eu poderia estar vendo algum filme "Z", enquanto fumo meu charuto na varanda (onde mantenho uma TV).
Não há novas formas de fazer cinema, música, quadrinhos etc. Me parece que todas as possíveis maneiras foram esgotadas em pouco tempo e, agora, todos estão perdidos. Não vale a pena encarar essas mudanças com ressentimento, tampouco ódio. Mas: meus olhos e ouvidos, minhas regras. Assim, apenas faço a opção de seguir adiante, sempre, mas olhando e ouvindo para trás, no aconchego do passado.
Abraços cinematográficos e até a próxima.