Disse-lhe Jesus: sou a ressurreição e a vida;
quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá.
Crês isto?
João 11:25,26
A blogosfera anda cada vez mais moribunda. Quase cadavérica. Aparentemente, as pessoas desanimaram em ler e manter blogues. O público migrou para vlogues há tempos. De qualquer forma, isso não importa tanto aos blogueiros, pois a quase totalidade deles mantém o espaço apenas para compartilhar interesses, escrever amenidades ou realmente bostejar. Assim, ter acesso expressivo - e o mais desafiador: mantê-lo - torna-se irrelevante. Claro que quando compartilhamos algo queremos chegar ao maior número de pessoas. É, de certa forma, um dilema de blogueiro.
Confesso não gostar tanto de vlogs. Não necessito tanto ver a carafuça de ninguém enquanto comenta acerca de livros, filmes ou HQs. Há exceções, pois certamente alguns vídeos conseguem passar aquela sensação de intimidade e isso é bom. No entanto, quase sempre isso, em vídeo, sai meio superficial. Por mais que alguns vlogueiros tentem seguir um roteiro, editem o material e se esforcem para ser concisos, ficamos com a sensação de "faltou algo" ou "falou demais para monetizar", sem contar os jabás das editoras sacanas.
Acho legal vídeos para ver o produto com mais minúcias. Mas, em regra, só. Tentei uma breve experiência com vlog sem rosto, apenas para indicar coisas que gosto com direcionamento a este blogue. Mas não aguentei alimentar o canal por nem um mês. Cancelei. Não deveria tê-lo fechado, talvez, porque havia uns vídeos incorporados ao site. Mas o que é meia dúzia de vídeos entre mais de mil postagens? Preferi, mesmo, cortar laços com o aquele canal. Fracassei só de tentar lidar com o meio vlogueiro. Não parece ser para mim! Depois, criei um novo canal onde tentei, aos poucos, postar acerca de assuntos que considero bacana compartilhar. Fechei novamente. Hoje, mantenho um canal apenas para complementar o blogue em alguns assuntos, e quase não o utilizo. Mas, creio, o equilíbrio certo entre vlog e blog é algo que poderia ser melhor aproveitado.
A natividade com os profetas Isaías e Ezequiel de Duccio di Buoninsegna, c. 1120-40, National Gallery of Art, Washington, D.C.
Os rumos deste blogue não me importam tanto. Sua versão anterior surgiu ainda no auge do Orkut e suas postagens eram divulgadas especialmente na comunidade do Universo HQ, arbitrariamente moderada. Rolavam boas conversas por lá, contudo; assim como célebres barracos envolvendo até editores de revistas e suas nobilíssimas esposas. Saudades do Orkut. Isso foi em junho de 2011. Oito anos passaram-se voando. Para mais acerca da história do Blog do Neófito, recomendo a postagem Overture.
Não levo internet a sério. Costumo dizer que meus colegas de verdade têm meu contato telefônico ou sabem meu endereço quando quiserem me procurar. No entanto, como negar ter conhecido boas pessoas em razão da blogosfera? Praticamente todas as pessoas que conheci por este meio são legais.
Acho improvável que blogues voltem a "bombar". Parece que o desinteresse pela leitura migrou até mesmo para estes espaços. Mídias informativas escritas vão cada vez mais definhar, ainda mais com a ascensão da banda larga proporcionando a postagem de vídeos em Ultra HD, 4k etc. Parabéns a nós, blogueiros, por insistir neste meio. Somos persistentes. Enquanto pessoas caírem de paraquedas em nossos sites, através de pesquisas no Google, ainda valerá a pena. Quando, algum dia, o acesso for inexistente, então - talvez - chegue a hora de abandonar o barco.]
Intermission...
O vídeo acima condensa a famosa canção da propaganda do Banco Nacional que invadia nossas TVs durante aquela infância onde o mundo parecia ser melhor. Ficou fofa, hein? Seria mais fofa se a instituição não houvesse passado a perna em seus clientes e credores e, ainda por cima, se dado bem com ajuda de nosso Governo Federal. Mas não pensemos nisso agora.
Sempre desejei feliz Natal, em blogues, de maneira mais jocosa, com a imagem de uma bela "mamãe Noel". Agora, não. Por isso desde o início desta postagem optei por representações bíblicas. A data é comemorada, há séculos, em homenagem ao nascimento de Cristo. Mesmo em sua fase pré-cristã, possui conotação divina, de graças à natureza. Desde que me entendo por gente, contudo, aparenta mera festividade no calendário, onde beberemos e comeremos usando roupas bonitas. Você pode não ser cristão; contudo, utilize esta data para reflexão sobre os ensinamento atribuídos a alguém que - mesmo enquanto homem - trouxe luz a um mundo que, hoje, estaria dominado pelas trevas; que inspirou o surgimento da Igreja (autora de coisas boas, como o zelo pelo conhecimento, elaboração de um sistema público de ensino e anfitriã das mais belas criações do homem).
Em 25 de dezembro de 1642 nasceu Isaac Newton. No Natal de 1990, Tim Berners-Lee e Robert Cailliau implementaram a primeira comunicação bem-sucedida entre um cliente HTTP e o servidor através da internet. No Natal seguinte, caía oficialmente a sangrenta União Soviética. E, para mim, o fato mais espiritualmente relevante à humanidade: foi no Natal de 1914 que combatentes alemães e britânicos celebraram o simbólico armistício numa guerra. Além de tudo: minha filha nasceu num dia 25.
É no cristianismo que se prega o amor, a tolerância e, sobretudo, a resignação. É no Natal onde festejamos o nascimento de quem deu a própria vida por todos nós. Cristo, mesmo enquanto ideia, é a entidade mais poderosa na existência humana; talvez, a responsável pela nossa longevidade.
Não sei bem o porquê, mas resolvi encerrar esta postagem com a cena abaixo, já compartilhada aqui quando falei da filmografia de Stanley Kubrick. Trata-se do último momento de Glória Feita de Sangue (Paths of Glory). A história começa como típico filme de guerra, passa à narrativa de tribunal e conclui com o insensato fuzilamento de soldados franceses condenados - de maneira notoriamente injusta - por um plenário de seus compatriotas. Após o fuzilamento, vários militares vão se divertir numa área recreativa, onde a grande atração é a garota alemã (Christiane Kubrick/Susanne Christian) levada ao local contra sua vontade. Os homens, há tanto tempo sem mal ver uma mulher, exaltam-se e ofendem-na, ainda mais por pertencer à nação rival. Para entretê-los, ela começa a cantar, e nos dá uma das cenas finais mais bonitas do cinema: nenhum daqueles homens queria estar ali. "O amor tudo vence" é a lição.
Enfim, ad hunc modum, per summa capita, sem mais delongas, um bom Natal para todos vocês, colegas meio humanos, meio eletrônicos.
Abraços festivos e até a próxima.
Republicação, adaptada, de postagem de 21 de dezembro de 2015 do blogue anterior
Confesso não gostar tanto de vlogs. Não necessito tanto ver a carafuça de ninguém enquanto comenta acerca de livros, filmes ou HQs. Há exceções, pois certamente alguns vídeos conseguem passar aquela sensação de intimidade e isso é bom. No entanto, quase sempre isso, em vídeo, sai meio superficial. Por mais que alguns vlogueiros tentem seguir um roteiro, editem o material e se esforcem para ser concisos, ficamos com a sensação de "faltou algo" ou "falou demais para monetizar", sem contar os jabás das editoras sacanas.
Acho legal vídeos para ver o produto com mais minúcias. Mas, em regra, só. Tentei uma breve experiência com vlog sem rosto, apenas para indicar coisas que gosto com direcionamento a este blogue. Mas não aguentei alimentar o canal por nem um mês. Cancelei. Não deveria tê-lo fechado, talvez, porque havia uns vídeos incorporados ao site. Mas o que é meia dúzia de vídeos entre mais de mil postagens? Preferi, mesmo, cortar laços com o aquele canal. Fracassei só de tentar lidar com o meio vlogueiro. Não parece ser para mim! Depois, criei um novo canal onde tentei, aos poucos, postar acerca de assuntos que considero bacana compartilhar. Fechei novamente. Hoje, mantenho um canal apenas para complementar o blogue em alguns assuntos, e quase não o utilizo. Mas, creio, o equilíbrio certo entre vlog e blog é algo que poderia ser melhor aproveitado.
Acho legal vídeos para ver o produto com mais minúcias. Mas, em regra, só. Tentei uma breve experiência com vlog sem rosto, apenas para indicar coisas que gosto com direcionamento a este blogue. Mas não aguentei alimentar o canal por nem um mês. Cancelei. Não deveria tê-lo fechado, talvez, porque havia uns vídeos incorporados ao site. Mas o que é meia dúzia de vídeos entre mais de mil postagens? Preferi, mesmo, cortar laços com o aquele canal. Fracassei só de tentar lidar com o meio vlogueiro. Não parece ser para mim! Depois, criei um novo canal onde tentei, aos poucos, postar acerca de assuntos que considero bacana compartilhar. Fechei novamente. Hoje, mantenho um canal apenas para complementar o blogue em alguns assuntos, e quase não o utilizo. Mas, creio, o equilíbrio certo entre vlog e blog é algo que poderia ser melhor aproveitado.
A natividade com os profetas Isaías e Ezequiel de Duccio di Buoninsegna, c. 1120-40, National Gallery of Art, Washington, D.C.
Os rumos deste blogue não me importam tanto. Sua versão anterior surgiu ainda no auge do Orkut e suas postagens eram divulgadas especialmente na comunidade do Universo HQ, arbitrariamente moderada. Rolavam boas conversas por lá, contudo; assim como célebres barracos envolvendo até editores de revistas e suas nobilíssimas esposas. Saudades do Orkut. Isso foi em junho de 2011. Oito anos passaram-se voando. Para mais acerca da história do Blog do Neófito, recomendo a postagem Overture.
Não levo internet a sério. Costumo dizer que meus colegas de verdade têm meu contato telefônico ou sabem meu endereço quando quiserem me procurar. No entanto, como negar ter conhecido boas pessoas em razão da blogosfera? Praticamente todas as pessoas que conheci por este meio são legais.
Acho improvável que blogues voltem a "bombar". Parece que o desinteresse pela leitura migrou até mesmo para estes espaços. Mídias informativas escritas vão cada vez mais definhar, ainda mais com a ascensão da banda larga proporcionando a postagem de vídeos em Ultra HD, 4k etc. Parabéns a nós, blogueiros, por insistir neste meio. Somos persistentes. Enquanto pessoas caírem de paraquedas em nossos sites, através de pesquisas no Google, ainda valerá a pena. Quando, algum dia, o acesso for inexistente, então - talvez - chegue a hora de abandonar o barco.]
Intermission...
O vídeo acima condensa a famosa canção da propaganda do Banco Nacional que invadia nossas TVs durante aquela infância onde o mundo parecia ser melhor. Ficou fofa, hein? Seria mais fofa se a instituição não houvesse passado a perna em seus clientes e credores e, ainda por cima, se dado bem com ajuda de nosso Governo Federal. Mas não pensemos nisso agora.
Sempre desejei feliz Natal, em blogues, de maneira mais jocosa, com a imagem de uma bela "mamãe Noel". Agora, não. Por isso desde o início desta postagem optei por representações bíblicas. A data é comemorada, há séculos, em homenagem ao nascimento de Cristo. Mesmo em sua fase pré-cristã, possui conotação divina, de graças à natureza. Desde que me entendo por gente, contudo, aparenta mera festividade no calendário, onde beberemos e comeremos usando roupas bonitas. Você pode não ser cristão; contudo, utilize esta data para reflexão sobre os ensinamento atribuídos a alguém que - mesmo enquanto homem - trouxe luz a um mundo que, hoje, estaria dominado pelas trevas; que inspirou o surgimento da Igreja (autora de coisas boas, como o zelo pelo conhecimento, elaboração de um sistema público de ensino e anfitriã das mais belas criações do homem).
Em 25 de dezembro de 1642 nasceu Isaac Newton. No Natal de 1990, Tim Berners-Lee e Robert Cailliau implementaram a primeira comunicação bem-sucedida entre um cliente HTTP e o servidor através da internet. No Natal seguinte, caía oficialmente a sangrenta União Soviética. E, para mim, o fato mais espiritualmente relevante à humanidade: foi no Natal de 1914 que combatentes alemães e britânicos celebraram o simbólico armistício numa guerra. Além de tudo: minha filha nasceu num dia 25.
Sempre desejei feliz Natal, em blogues, de maneira mais jocosa, com a imagem de uma bela "mamãe Noel". Agora, não. Por isso desde o início desta postagem optei por representações bíblicas. A data é comemorada, há séculos, em homenagem ao nascimento de Cristo. Mesmo em sua fase pré-cristã, possui conotação divina, de graças à natureza. Desde que me entendo por gente, contudo, aparenta mera festividade no calendário, onde beberemos e comeremos usando roupas bonitas. Você pode não ser cristão; contudo, utilize esta data para reflexão sobre os ensinamento atribuídos a alguém que - mesmo enquanto homem - trouxe luz a um mundo que, hoje, estaria dominado pelas trevas; que inspirou o surgimento da Igreja (autora de coisas boas, como o zelo pelo conhecimento, elaboração de um sistema público de ensino e anfitriã das mais belas criações do homem).
Em 25 de dezembro de 1642 nasceu Isaac Newton. No Natal de 1990, Tim Berners-Lee e Robert Cailliau implementaram a primeira comunicação bem-sucedida entre um cliente HTTP e o servidor através da internet. No Natal seguinte, caía oficialmente a sangrenta União Soviética. E, para mim, o fato mais espiritualmente relevante à humanidade: foi no Natal de 1914 que combatentes alemães e britânicos celebraram o simbólico armistício numa guerra. Além de tudo: minha filha nasceu num dia 25.
É no cristianismo que se prega o amor, a tolerância e, sobretudo, a resignação. É no Natal onde festejamos o nascimento de quem deu a própria vida por todos nós. Cristo, mesmo enquanto ideia, é a entidade mais poderosa na existência humana; talvez, a responsável pela nossa longevidade.
Não sei bem o porquê, mas resolvi encerrar esta postagem com a cena abaixo, já compartilhada aqui quando falei da filmografia de Stanley Kubrick. Trata-se do último momento de Glória Feita de Sangue (Paths of Glory). A história começa como típico filme de guerra, passa à narrativa de tribunal e conclui com o insensato fuzilamento de soldados franceses condenados - de maneira notoriamente injusta - por um plenário de seus compatriotas. Após o fuzilamento, vários militares vão se divertir numa área recreativa, onde a grande atração é a garota alemã (Christiane Kubrick/Susanne Christian) levada ao local contra sua vontade. Os homens, há tanto tempo sem mal ver uma mulher, exaltam-se e ofendem-na, ainda mais por pertencer à nação rival. Para entretê-los, ela começa a cantar, e nos dá uma das cenas finais mais bonitas do cinema: nenhum daqueles homens queria estar ali. "O amor tudo vence" é a lição.
Não sei bem o porquê, mas resolvi encerrar esta postagem com a cena abaixo, já compartilhada aqui quando falei da filmografia de Stanley Kubrick. Trata-se do último momento de Glória Feita de Sangue (Paths of Glory). A história começa como típico filme de guerra, passa à narrativa de tribunal e conclui com o insensato fuzilamento de soldados franceses condenados - de maneira notoriamente injusta - por um plenário de seus compatriotas. Após o fuzilamento, vários militares vão se divertir numa área recreativa, onde a grande atração é a garota alemã (Christiane Kubrick/Susanne Christian) levada ao local contra sua vontade. Os homens, há tanto tempo sem mal ver uma mulher, exaltam-se e ofendem-na, ainda mais por pertencer à nação rival. Para entretê-los, ela começa a cantar, e nos dá uma das cenas finais mais bonitas do cinema: nenhum daqueles homens queria estar ali. "O amor tudo vence" é a lição.
Enfim, ad hunc modum, per summa capita, sem mais delongas, um bom Natal para todos vocês, colegas meio humanos, meio eletrônicos.
Abraços festivos e até a próxima.
Republicação, adaptada, de postagem de 21 de dezembro de 2015 do blogue anterior