Jovens aportadores aguardando o resgaste.
Foto de Pavel Danilyuk no Pexels
A melhor história sobre O Fim que já li foi A Estrada de Cormac McCarthy, o maior escritor vivo do planeta, penso. O filme também é ótimo. Na trama, não existe saída. A terra está podre. Nada floresce, não há caça nem peixe. As árvores estão caindo. Só o canibalismo restou como saída e nada mais. Para um cenário como aquele, não há nada a fazer a não ser um balaço na própria cabeça.
À toa em frente à TV, resolvi assistir a Depois da Escuridão (2019). O filme é simples e se passa totalmente no interior do casarão do rico e influente homem de negócios que se vê diante do colapso: o sol deu tilt, manchas inexplicáveis reduzindo o calor e tudo está morrendo por frio. Este cara possui uma grande propriedade à beira do lago e perto do mar, reunindo sua família problemática na mansão enquanto aguarda o auxílio político (ele tinha prestígio e financiava campanhas) para algum refúgio quente em cavernas. Mas a ajuda não virá. Farinha pouca, meu pirão primeiro. Em momentos assim, é cada um por si e salve-se quem puder.
Gringos são expertos em sobrevivencialismo. O elevado padrão de vida facilita isso. Os caras têm búnqueres com comida para anos, propano e ferramentas para defesa. E, no enredo do filme, o mal seria passageiro: acreditam ser algo momentâneo. Com investimentos, o ricaço poderia se manter trancafiado com comida, água e calor durante anos. Se o bagulho não se resolvesse, o que fazer? Mas poderia tentar.
Nosso homem de família mal sabe cuidar da própria casa. Sua despensa (com pouca comida) está se infestando de ratos e ele prefere evitar o problema, com medo, enquanto bebe vinhos envelhecidos e ouve música clássica até quando a energia elétrica acaba de vez.
O filme é bobinho. Mas é bonito, com boa fotografia no espaço doméstico. É curtinho (1 h e 1/2). Vale a pena assisti-lo para matar o tempo. Em mim, ainda ficou a reflexão: as pessoas sempre acham que ficará tudo bem e que meter grana naquela ação do momento é melhor do que pensar na crise - não financeira, mas humana.
O elenco contra com a "milf" Kyra Sedgwick, por quem nutro certa tara (coroa magrela com cara de sapeca).
Abraços críticos e até a próxima.
Olá, Neófito.
ResponderExcluirMe preocupo bastante com uma situação do tipo, seja lá o que venha causá-la. Eu não conheço muito de sobrevivencialismo e, acho, pouca gente sabe algo sobre. Tiraram as armas e o conhecimento antigo e nos deixaram bastante softs. Acho que ese é um dos motivos de não haver mais revoluções como antigamente, a massa está domada.
Eu faço alguns investimentos, mas também penso que o melhor investimento é em si mesmo. Gosto de pensar que esse dinheiro guardado é como um calção pra quando ficar velho ter pelo menos o que comer e me divertir um pouco.
Coisas que eu gostaria de aprender mas o tempo corrido das nossas cidades e o dinheiro e a política não permitem?: Atirar, manuseio e manutenção de armas, projetar máquinas e armas básicas para sobrevivência, abate de animais, estratégias de caça e coleta, criação de animais e vegetais e frutas, coisas do tipo.
Acho que pouca gente sabe isso, mas são habilidades essenciais num momento de merda, mas também acho que esse momento em que o mundo vai ir a merda dificilmente chegará e, caso chegue e eu esteja errado, não vejo como alguém numa cidade grande sobreviveria se não por sorte. Preparação é necessário, mas sem sorte morrer seria o mais natural num mundo assim.
Abraços.
ExcluirOlá, Matheus.
Certamente o investimento é necessário. Se eu não penso mais tanto no assunto, é porque não tenho grana para investir há certo tempo. Passei por problemas (que não eram meus, mas acabei me envolvendo e gastando MUITO). E só investiria novamente se tivesse sobrando grana. E, para mim, sobrando é quando cuidei bem de mim, de minha família, gastei com bens essenciais, tiver bons momentos de lazer e sobrou algum. Esse não é o pensamento dos Primos Ricos da vida, que deixam de tomar chopp e cafezinho para poupar. Mas é como eu sigo desde sempre. Só guardo o que sobra. A vida é curta e pode ser ainda mais. Em torno dos 40 anos, já coleciono uma bela lista de amigos defuntos.
Em relação ao filme, com a fortuna do cara, ele poderia ter tanques de propano para mantê-lo aquecido e confortável por anos. O acesso a ração militar ali é farto. Teria comida (de boa qualidade aliás) para anos. E poderia dar uma subidinha até sua casa algumas vezes para ler na biblioteca, tocar piano e até mesmo ouvir seus disco com a energia do propano. Muito realmente se perdeu. Todos se acostumaram a viver na moleza (soft, como você diz). E isso em pouco tempo. Minha avó, quando queria comer uma pamonha, fazia em casa, nunca comprava, por exemplo. Meus tios, mesmo bem de vida, plantavam milho, mandioca, pomares e criavam animais. Nenhum primo meu faz mais isso. No filme, vemos como a coisa se perdeu de modo que um ricaço não dura nem uma semana sem o sistema a todo vapor. E ele não precisaria ter habilidade, mas apenas ter investido num espaço para crise, como é até cultural entre aquele povo.
As cidades não nos permitem nada. Você mora num grande centro em apartamento, por exemplo. O que você pode fazer? Quase nada.
A cada dia perdemos mais liberdade.
Abraços!
num cenário desses deixaria uma pistola para suicidio bem do lado da garrafa de vinho e partiria feliz da vida depois da ultima refeição, hehe
ResponderExcluirparece bom
abs!
Olá, Scant.
ExcluirSeria o mais racional. O problema é quando se tem filhos... Aí acaba a coragem. Além disso, como pode ser algo passageiro, valeria a pena tentar segurar a barrar por algum tempo.
Abraços!
Ah, o filme está no Prime.
ExcluirOlá, Fabiano!
ResponderExcluirEstou fugindo de blockbuster. Não vejo nada de heróis, por exemplo. Apenas não me agradam. Então não insisto mais. Consigo me divertir bastante e passar o bem o tempo com produções bobas. E tb me dedico aos clássicos, quando posso. "Ah, os CLÁSSICOS etc etc etc!" É que creio que vale a pena dedicar umas horas a conhecer um pouco do cinema antigo, faz parte de nossa história e, sim, encontramos coisa boa ali tb.
Abraços!
Sei bem a que vc se refere. E fazem um desfavor com isso. Se vc apresentar a leitura a jovens por clássicos, afugentará grande parte de possível futuros leitores. O mesmo vale para o cinema. Cresci foi vendo "clássicos" da Sessão da Tarde, Tela Quente e Super Cine. Já maduro que me interessei por filmes mais antigos. O que as pessoas falam... bem, elas falam. Na maioria das vezes entra por um ouvido e sai pelo outro. Nem perco mais meu tempo em longos debates sobre o assunto.
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