O cinema nos dava grandes cenas, memoráveis. Eram aqueles momentos inesquecíveis e marcantes, onde tudo se encaixava à perfeição, desde as boas atuações até câmera, fotografia, cenário, produção de arte e com uma trilha sonora feita sob medida, como que por um alfaiate. De supetão me recordo agora da escadaria em Os Intocáveis, os créditos iniciais de Apocalypse Now, as lágrimas na chuva de Rutger Hauer em Blade Runner, com Vangelis ao fundo, a pluma de Forrest Gump, a sacola de Beleza Americana (assim como seu desfecho trágico e belo), Jack Nicholson manco com um machado em mãos no hotel Overlook, macacos pulando em torno do monólito na aurora dos tempos, Tom Cruise caminhando no meio da rua com seu irmão Raymond - ou Rain Man -, Matthew Broderick dançando Twist and Shout numa avenida da belíssima Chicago e Hannibal Lecter se salpicando de sangue enquanto desce o cassetete num guarda inocente. Se for para elencar tudo, hajam dias. Mas enfim: deu para entender. Havia a "marca da cena". Aquela Cena!
Já comentei aqui que acho todos os filmes mais recentes praticamente iguais. Fica a sensação de que é tudo a mesma coisa e confessei que, após alguns dias, até esqueço quase tudo o que vi. É um alzheimer cinematográfico. Nada marca, nada impacta. Até mesmo bons filmes - como o Duna de Denis Villeneuve - não deixam mais momentos marcantes, pelos quais a obra será rememorada. Me parece que tudo é feito apenas para preencher telinhas, e nada mais. Tudo elaborado a toque de caixa, igual a vacina "contra" o vírus chinês. Não existe mais o suor, a dedicação, aquele esforço de equipe por apoteose, mesmo que por meros dois minutos.
Pensando nisso, compartilho a cena acima. Estrada para Perdição é um filme excelente baseado numa boa HQ. Recordo bem quando o vi, no lançamento, em DVD. Foi minha ex esposa quem pegou na locadora. Na época, éramos apenas namorados de faculdade. Ela chegou com o filme, olhei o título e não me interessei. Ainda comentei com ela que deveria ser uma bosta. Assistimos no dia seguinte. E que filme, senhores. E nem é tão antigo. Foi lançado ontem, praticamente. Mas ainda havia coisas assim brotando para nosso deleite. Há várias cenas icônicas, nesta obra. Mas a de cima serve bem para ilustrar o que tento exprimir: Michael Sullivan (Tom Hanks) executando todos os seus ex parceiros mafiosos para, finalmente, poder encarar aquele que lhe era como pai, com o semblante resignado de lástima da então lenda ainda viva do cinema Paul Newman. Chuva, slow motion, rajadas de tiros em meio à trilha melancólica de Thomas Newman etc. Mais uma obra de arte de Sam Mendes.
É isso. Abraços saudosos e até a próxima.
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Realmente, difícil uma cena memorável em filmes mais recentes. Será que são os filmes ou somos nós, já mais calejados, que vamos perdendo a capacidade de nos empolgarmos, a virtude do espanto?
ResponderExcluirEm tempo: também não sei como resolver o problema do meu blogue, talvez procurar alguém que entenda de linguagem HTML.
Abraço.
Já tentei analisar isso objetivamente e, realmente, há a percepção de que simplesmente as produções estão ruins. Tanto que são obras descartáveis até mesmo para jovens que curtiram o material. Após um tempo, mal ligam para o que consumiram.
ExcluirSobre o blogue, há pessoas que oferecem esses serviços até mesmo on line. Mas são confiáveis? Não sei. Tenho minhas dúvidas. Seria interessante você copiar todo o seu blogue e mandar para alguém analisar a linguagem. Sem passar sua senha. Serviço feito, vc upa tudo novamente, para seu domínio.
Tenta um freelancer. Há sites como "www.workana.com" que oferecem isso. Eu mesmo nunca usei. Mas percebo que muita gente recorre a profissionais desse ramo.
Como vc reside numa grande cidade, talvez encontre alguém aí mesmo!
Abraços
Vou dar uma olhada no site que me recordou.
ResponderExcluirValeu.
agora é ladeira abaixo
ResponderExcluirsó o saudosismo salva kkkk
abs!
Como diz um colega meu: "quero é ver o bambu gemer". Espero viver bastante para ver até onde essa merda vai chegar antes de todo mundo cansar de tanto fedor. Ou se nos acostumaremos com a fedentina. Se bem que é mais provável a segunda hipótese.
ExcluirAbç