Foi um daqueles dias em que parece que nevará e há essa eletricidade no ar, você quase pode ouvi-la. Certo? E essa bolsa estava dançando para mim. Como uma criancinha me implorando para brincar com ela. Durou quinze minutos. Nesse dia percebi que existe toda uma vida por trás das coisas, e esta força incrivelmente benevolente que me alertava que não há razão para ter medo, jamais. O vídeo não é a mesma coisa, eu sei. Mas me ajuda a lembrar... Eu preciso lembrar... Às vezes há tanta beleza no mundo que sinto não poder suportá-la; e meu coração irá desmoronar.
A primeira vez em que assisti à Beleza Americana estava no primeiro ano de minha graduação. Lá se vão longos anos, vez que concluí meu bacharelado em dezembro de 2005. Recordo bem eu com o DVD nas mãos, junto ao balcão, e o atendente da vídeo locadora dizendo "Esse filme é uma bosta; esse lance florzinha nos peitos não tem graça nenhuma". Não entendi até hoje como ele pode resumir Beleza Americana às pétalas de rosa nos seios magníficos de Mena Suvari.
Não revejo este filme há um tempo, embora esteja constantemente presente na grade da Netflix e da Prime Video. Não preciso rever tanto, conquanto seja, para mim, uma das maiores realizações do cinema. Está bem sólido em minha memória.
Tudo contribuiu para uma obra de arte como aquela, desde as boas atuações do atualmente na sarjeta Kevin Spacey e da protegida Annette Bening até a genialidade de caras como Sam Mendes (Direção) e Alan Ball (Roteiro). Conrad Hall conseguiu uma das melhores fotografias do cinema explorando espaços urbanos típicos da classe média americana. Thomas Newman desenvolveu em Beleza Americana algumas de suas melhores composições. Até pessoas jovens como Thora Birch e Wes Bentley mostraram um ótimo desempenho em suas atuações. E, claro, Chris Cooper mostrava definitivamente a que veio, até o ápice de sua performance em Adaptação (2002). Beleza Americana foi um grande estado de Pura Sorte: tudo contribuiu para sua perfeição.
Não quero falar tanto sobre o filme, aqui. É que às vezes, naqueles momentos mais sombrios, acho bom quando me recordo da cena da sacola. As sombras não vão embora, e nem assim desejo. Afinal, "O quanto perco em luz conquisto em sombra e é de recusa ao sol que me sustento" (Carlos Pena Filho), e levarei este verso ao meu túmulo. Contudo, recordando a cena da sacola, as sombras parecem mais amigáveis, tranquilas, confortadoras e muito belas.
Abraços serenos e até a próxima.
excelente post.
ResponderExcluiro filme é inesquecível, pois desnuda a natureza humana de forma profunda.
abs!
"pois desnuda a natureza humana de forma profunda".
ExcluirPERFEITO