terça-feira, 26 de abril de 2022

Guerreiros são meninos no fundo do peito


Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas

Gonzaguinha

"Um caubói duro na queda e um garoto pra lá de corajoso juntam-se a Macho, o galo mais maluco do pedaço, para altas aventuras contra os bandidos mais sinistros." Se fosse na Sessão da Tarde, esta seria a chamada para Cry Macho, filme dirigido e protagonizado por Clint Eastwood, o último grande ator/cineasta ainda vivo de Hollywood. É um filme estranho, com mote fraco e desenvolvimento que não convence, baseado na obra homônima de N. Richard Nash, cujo roteiro foi adaptado por ele mesmo pouco antes de seu falecimento.

Na trama, Mike Milo é um premiado caubói com todo o peso da vida (e da idade) sobre as costas, com a missão de trazer, do México, o filho de seu ex patrão. Os motivos, saberemos lá pro final da história. Rafo, o garoto, deveria conviver com sua mãe, a belíssima Leta - rica, promíscua e viciada. Mas opta por viver nas ruas, entre rinhas de galos e pequenos furtos. Para consolidar o clichê, Milo conquistará o coração e a mente do jovem rebelde e ambos criarão um vínculo fraternal como se tivessem se conhecido desde sempre. A mãe de Rafo não quer deixá-lo ir e os capangas a seu serviço não facilitarão. Basicamente, é isso. 

Vale por ver Clint Eastwood na tela, carregando o peso de nove décadas (mal consegue andar direito) e por nada mais. Num dado momento, chega a ser ridículo quando tentam nos convencer que aquele homem decrépito está domando cavalos selvagens, firme e forte. E também quando ele desperta desejos sacanas da mexicana Leta. Mas ok. Dá para aceitar porque Eastwood não é qualquer um, tendo estrelando filmes maravilhosos como a Trilogia dos Dólares e uma das obras-primas da sétima arte: Três Homens em Conflito! Para mim, é um dos maiores Diretores da história, como falei em Meia-noite no jardim do bem e do mal.

Este pode ser o último filme de Clint Eastwood. Não o vejo se arriscando mais numa empreitada similar. E, se for, ao menos manteve sua identidade até o final: o caubói não se entregou e não há espaço no mundo para floreios sobre "gente boa" e "gente má": todo mundo é filho da puta. Os mexicanos não são gente pobre do bem e os texanos disputam a canalhice pau a pau. Mike Milo, numa visão meio epistemológica da coisa, é apenas o agente que observa, a nosso serviço.

Cry Macho vale a pena? Se você estiver à toa e ele estiver disponível facilmente, sim. Percebi que a avaliação no iMDb está cada vez pior. Claro que aquilo não quer dizer muito, algumas vezes, considerando, por exemplo, que The Batman (2022) tem nota superior aos dois filmes de Tim Burton. E, não raro, o iMDb altera cálculos quando algum filme lacrador é "atacado" com críticas e notas negativas, a exemplo de Marighella. Mas isso é um indicativo que Eastwood poderia se aposentar de vez antes de bater as botas com o "estigma Renato Aragão": grandes homens que não sabem envelhecer sem largar o osso e passar vergonha.

Abraços machos e até a próxima.

8 comentários:

  1. Sobre isto, o filme já começa com Bruce como Batman, na ativa, com direito até a chamado por batsinal. Só achei meio besta mesmo, algo supérfluo. Ah essas suas saunas... Abç!

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  2. -imdb - pra mim a solução é procurar listas de bons filmes feitas na decada de 90 pra tras - a lacração atual tá forte demais
    -90 anos - caralho, deve tá se arrastando. nessa hora eu topava usar hormonio/testosterona. ele podia ter escolhido um ator mais novo e aparecido no filme como um mentor ou coisa assim
    uma hora todo mundo tm q passar o bastão pra frente

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    1. Ele está "bem" para 90 anos. Mas convenhamos: são NOVENTA anos! Não há fórmula milagrosa. Até compreendemos a ideia em trazer o velho caubói de volta, estampar Clint na telona. Mas, cara, ficou aquela atmosfera vergonha alheia no ar.

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  3. Coloquei esse filme na minha lista da netflix, mas estava protelando para o assistir. Agora, vou dar uma conferida. Dia desses, assisti a um outro filme de faroeste dirigido por ele, de 1973, o Estranho sem Nome (High Plains Drifter), e é bem macho das antigas, mesmo. Só para ter uma ideia, em quinze minutos de filme, ele mata três (e isso sem se levantar da cadeira da barbearia), entorna meia garrafa de uísque e estupra uma puta que lhe desacatou! Pããããta....

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    1. Fala, Marreta. Olha, eu quase citei Estranho Sem Nome nesta postagem, justamente para traçar paralelos entre o faroeste de ontem e o já totalmente amarrado pelo ideologicamente correto. Aquela cena da puta!!! Imagine isso num filme hj em dia. Apenas imagine... Não sabia que Cry Macho estava na Netflix. Boa notícía!
      Abç!

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    2. E isso sem falar que a puta resistiu no início, fez um cu doce, mas no fim, depois que a jeba entrou, acabou até dando uma gozadinha!!!! É de fazer as feministas arrancarem os cabelos do suvaco!!!!

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    3. E que puta, meu caro... que puta...

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