sexta-feira, 3 de setembro de 2021

A Peste de Albert Camus

 

A única maneira de lidar com um mundo não livre é tornar-se tão absolutamente livre que sua própria existência seja um ato de rebelião. - Albert Camus, frase de efeito inútil e bonita.
Mandaram prender sumariamente o Zé Trovão e eu até faria piadinha infame com Ana Raio.

Salvo engano, comprei o livro acima em 2001, numa livraria Cultura situada na cidade onde morei. Não conhecia nada de Albert Camus e a aquisição foi totalmente aleatória porque queria ler algum romance e este me chamou atenção pelo mote: a mediterrânea Oran ingressa em quarentena pesada após surto de peste bubônica. Todos terão que se aturar enquanto vão morrendo juntos. Quem entrou não sai mais e o contrário também é imposto por lei marcial. Como o li há quase vinte anos, não posso resenhá-lo. Mas é um dos poucos livros ficcionais em minha estante que está anotado, cheio de grifos e marcas no texto.

Alberto Camus, quando não estava escrevendo e procurando confusão, aproveitava os prazeres do tabaco e de xoxotas. Se não tivesse falecido num acidente automobilístico, teria falecido de câncer (ou da tuberculose que o acometia há anos) ou por sífilis, penso. Para ele, a liberdade individual estava no núcleo onde todas as discussões deveriam se pautar.

Lembrei deste livro hoje ao ver notícia das mais recentes prisões de pessoas dentro do tal "inquérito das fake news". E o título também tem a ver com nosso momento atual, pandêmico. Pessoas sendo presas arbitrariamente por opiniões, injúrias e difamações. Seja de direita, esquerda ou isentão, qualquer um deveria assombrar-se com esse momento estranho em nossa republiqueta. As pessoas alvos neste procedimento esquisito deveriam ser investigadas ou processadas. Mas Kafka é aqui e agora. E lembrei que Camus comeu o pão que o tinhoso amassou por seus ideais libertários, insurgindo-se contra todas as formas de tirania. Por criticar o stalinismo e espalhar a "fake news" que pessoas morriam de fome e fuzilamento no comunismo, foi execrado por seus amigos intelectualóides da elite francesa. Sartre - corno manso notório quando a cultura cuckold era insignificante - foi seu maior amigo-da-onça.

Durante minhas boas décadas de vida, cansei de ver protestos violentos pelo país: depredações de propriedades públicas e privadas, terror no campo, agressões e ameaças variadas. Nunca deram em nada. Ninguém era preso, salvo pontuais exceções. Hoje, estão prendendo sumariamente gente que xinga agente político!

Não tenho mais nada a dizer sobre estes absurdos. Mas aproveito para recomendar o romance de Camus, expoente do Absurdismo, laureado com o Nobel de Literatura quando a premiação significava alguma coisa.

Abraços pestilentos e até a próxima.

5 comentários:

  1. "Hoje, estão prendendo sumariamente gente que xinga agente político!" verdade
    é cada zé ninguém que aprece nas notícias a cada dia
    parece que essa elite teme o populacho que se expressa
    tempos bizarros

    abs!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Scant.
      Os caras estão na vida pública e querem ser amados. Notícia fresquinha: https://www.youtube.com/watch?v=rqdek1ZaR9c&t=167s
      Abraços

      Excluir
    2. realmente uma bagunça
      2022 vai ser bem animado

      Excluir
  2. Olá, Neófito.

    Camus é clássico. Viveu bem, pelo menos, se divertindo ao melhor estilo porra louca. Era argelino e viviam o importunando, já que os franceses não gostam muito dos amigos próximos da Africa.

    Ainda preciso ler suas obras, mas o tal livro parece interessante. Pelo menos a pandemia aparentemente era mortal, não havia espaço para mimimi. Por aqui estamos vivendo muita baboseira misturada com pseudoconhecimento e dúvidas.

    Imposição de ideias é só o começo, já estão com a tal ideia da carteirinha para entrar em bares, nas escolas e em parques. Já vi gente que só conseguiu trabalho se confirmasse que tomou vacina, mesmo sendo remoto. As faculdades só estão aceitando novos alunos vacinados. Acho ok o estado e as pessoas quererem vacinar os indivíduos, mas não acho legal isso ser uma imposição, principalmente em posições onde não haverá aglomeração ou o cara estará sozinho em casa. Começam assim, daqui a pouco você vai ser preso se não colocar um chip no braço.

    Abraços!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Mago.

      De acordo com a grande mídia, o coronga é a própria peste bubônica em sua letalidade.

      Camus ganhou a antipatia de franceses e argelinos apenas por sugerir que seria interessante que os adultos resolvessem seus problemas sem precisarem explodir bombas. Sartre preferia as bombas. Desde que longe de seu apartamento de luxo, claro.

      Sobre obrigatoriedade de picada, sempre fui contra. A pretexto de colaborar para a saúde do próximo que quer se vacinar, também sou obrigado a me inocular com uma substância experimental que pode causar trombos, morte e, mais à frente, a aceleração de doença auto imune e cânceres. Daqui a pouco obrigarão até a décima dose. Espero que seja por via retal!

      Abraços!

      Excluir

Comente ou bosteje.