sábado, 31 de agosto de 2019

Onde Cantam Os Pássaros de Evie Wyld


Onde Cantam Os Pássaros é o único romance que li da belíssima livreira inglesa Evie Wyld. A trama é simples: Jake White cria ovelhas numa ilha britânica anônima. Seus animais passam a ser atacados por algo aparentemente sobrenatural. Um homem misterioso aparece em sua propriedade. Seu passado, na Austrália, é obscuro e parece persegui-la. O diferencial é a maneira como a escritora aborda esse mote aparentemente tão simples: a estrutura narrativa. A cada capítulo, há mudança no tempo narrativo. Assim, intercalamos a história da Jake fazendeira com a garota fujona, perdida nos desertos australianos. A vida anterior da protagonista, contudo, é contada em retrocesso, nos fazendo "escavar" esse passado misterioso a cada página. É uma escrita não-linear; porém, sem enrolação, de fácil localização e acomodação para o leitor.

O capricho editorial é marca da DarkSide Books. Além da capa dura brega (que adorei) o corte das 240 páginas é negro e acompanha marcador em tecido da mesma cor (utilíssimo, para não ficarmos correndo atrás de marcadores de papel, que tão fácil se perdem). A fonte utilizada no miolo é generosa, há boas margens e o papel possui gramatura suficiente para que você não veja sinais da impressão do lado oposto. A tradução é de Leandro Durazzo e o formato é padrão: 14 x 21 cm.

Não se enganem com a capa cor de rosa bolada pela equipe da Retina 78. A obra aborda a vida dura, a condição humana, o medo e o horror. Não há heroísmo. Jake White é apenas uma mulher de idade incerta tentando tocar a vida, tendo passado por uma série de agruras e podridão após uma infeliz má escolha da adolescência. O único encanto presente na história é o canto de pássaros diversos, mencionados regularmente. Recomendadíssimo para entreter sem decepcionar-se. E o final é meio aberto à imaginação do leitor.

P.s.: esta postagem é republicação de meu blogue anterior. Comprei e li este romance no mês de seu lançamento nacional.

3 comentários:

  1. Deve ser uma bela edição
    Coisa rara em um país de analfabetos

    Abs

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    Respostas
    1. Tenho medo da geração atual. Antes, o sujeito era analfa e sem cultura, mas tinha um ofício, lidava com madeira, ferro, motor e argamassa. Ou seja: um gênio no que fazia, e era útil. Hj, nossas universidades estão cheias de analfinhas que não sabem fritar um ovo.
      Abraços!

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  2. A Darkside, junto com a Cosac Naify, obrigaram as outras editoras a melhorar o acabamento de seus livros!
    E, sim. Me surpreendi positivamente.
    Abraços!

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