domingo, 22 de maio de 2022

MGTOW - Os Homens Que Temiam As Mulheres


"Stop! Me deixem carregar sacos de cimento sob o sol, por favor!"

Foto de Mikael Blomkvist no Pexels

Recordo quando baixei (saudades do torrent) a trilogia cinematográfica dinamarquesa para a série de livros escritos pelo ativista Stieg Larsson, a trilogia Millennium:  Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar. Vi todos de uma vez e até comentei com minha namorada à época que nórdicos tinham tara em violência sexual, porque simplesmente não era possível aquilo que assistimos. E realmente não é possível. É que a mente doentia de Stieg Larsson potencializou uma má experiência de sua juventude para que sua visão de mundo fosse facilmente intoxicada pelo discurso "homem mau, muié boa". Gostam de pintar qualquer movimento masculinista como "o dos homens que odeiam mulheres". Acho que melhor seria: o dos homens que têm medo de mulheres. E lhes assiste a razão (como veremos). Depois, houve versões americanas sobre a obra de Larsson, mas eu francamente quero passar longe dessa imundície.

Acredito que poucas comunidades crescem tanto no ambiente eletrônico quanto as dedicadas ao conteúdo MGTOW - acrônimo para Men Going Their Own Way, ou "homens seguindo seus próprios caminhos". Trata-se, obviamente, de uma filosofia de vida masculinista. Percebam que falei filosofia e não "movimento", como às vezes falam por aí. É que não identifiquei ativismo por trás da conduta de seus maiores propagadores nacionais. No dia em que os MGTOW saírem às ruas quase pelados, com o corpo riscado, gritando palavras de ordem e até mesmo criando partidos políticos, aí sim será um movimento; e legítimo, aliás.

Essencialmente, as pessoas adeptas desse modo de vida acreditam que o homem contemporâneo está cego numa Matrix misândrica onde as regras do jogo são pré-estipuladas para ele se ferrar. O aparato estatal ginocêntrico tornou a vida dos homens um inferno, com normas e instituições que atuam apenas em nome do sexo feminino (ou até do gênero, já que mulheres trans estão conquistando os mesmos direitos das mulheres biológicas - estas seriam as mulheres cis, nessa novilíngua insana). E eles têm razão. Já citei aqui no blogue minha curta experiência como serventuário de uma Vara Cumulativa onde via assombros, com homens aparentemente cheios de razão se estrepando e mulheres flagrantemente erradas em suas condutas levando a melhor, apenas por praxe forense, aplicação fria da norma jurídica e cultura ginocêntrica.

Certamente, mulheres são privilegiadas entre nós: menor idade para se aposentar, embora vivam mais; instituições e secretarias públicas apenas para promover ações favoráveis ao seu bem estar e segurança, como delegacias, hospitais e curadorias especializadas; risco ínfimo de mortes violentas em comparações com homens; menos pressão social e psicológica, tanto que se suicidam menos etc. Não vou aqui traçar rol quilométrico dos privilégios femininos, todos bancados com nossos impostos cada vez mais impossíveis de serem pagos, além, claro, do fator sexual que naturalmente lhes favorece. Isso dá para pesquisar por aí em canais diversos. Quem nega que existem esses privilégios femininos está sendo leviano, no mínimo. É algo não apenas escancarado, mas que está sufocando o ocidente há bastante tempo - e este é o objetivo, aliás.

Enfim: há todo um descompasso jurídico e institucional na relação macho escroto (hômi) x ser divino (muié), onde o primeiro se estrepa de diversas formas, estando ou não na constância de uma relação afetiva séria. Diante de falsas acusações por agressão, o homem casado deve sair de seu lar imediatamente, por exemplo, sem direito à defesa. É este, aliás, o artifício mais utilizado por alguns maus advogados para a cliente ansiosa pela saída imediata do gadão da residência - pois mesmo que pega na mentira não trará consequências para ela. Você perde sua casa, seu mísero patrimônio e ainda deverá pagar pensão aos seus filhos (sem controle e prestação de contas, bem como sem ter acesso aos pimpolhos e ser vítima de alienação parental), aos filhos dos outros (pensão sócio afetiva) e até mesmo pensão aos bichinhos de estimação da honrada. Se você for solteiro, encher a cara numa balada e meter consensualmente com uma mulher sóbria, ela pode acusá-lo de estupro no dia seguinte e você terá sua vida arruinada, simples assim. Você pode ser celibatário e terá que sustentar mães solteiras com auxílios governamentais e bancar as aposentadorias femininas precoces! Não há para onde fugir, há apenas como tentar reduzir o dano.

Não vou estender tanto os fatos pró-MGTOW. Os exemplos acima foram apenas para destacar que, sim, os caras têm razão. Mas sou MGTOW? Não. Sou casado e pai de uma menina. E brinco que até acho bom um monte de homem preso na Matrix porque, assim, minha filha crescerá com mais privilégios e terá um exército de gados pagando cursos de sedução apenas para tentar agradá-la. Sua vida será mais fácil - ainda mais considerando ser bonita e, creio, tornar-se-á uma bela mulher. Mas, claro, isso é apenas pilhéria. Temo pelo futuro de relacionamentos arruinados, de homens cada vez mais celibatários e medrosos, inaptos a encarnarem o Cavaleiro Templário na defesa do sexo frágil, diante de crises humanas variadas que certamente ocorrerão num médio espaço de tempo (guerra, pandemia, desastres naturais etc.). Gostaria que, se minha filha for heterossexual, tenha um homem forte ao seu lado. Mas, se ela for lésbica, aí vou achar é bom mesmo a gadaiada se ferrando ainda mais para lhe dar o mundo de mãos beijadas, enquanto carregam sacos de cimento nas costas e pagam ainda mais impostos! Brincadeira, gente...

Eu poderia ser MGTOW com a vida que possuo? Não. Mas estou seguindo meu próprio caminho? Não é assim que funciona. As regras do acrônimo são claras: seguir o próprio caminho injetando combustível na Matrix não funciona. Então estou fora. Sou um blue pill.

E vamos lá. Mesmo aceitando algumas licenças à sigla, não me veria como MGTOW porque estou com quarenta anos de idade, no segundo casamento, com uma menina para criar (filha única e não terei mais, como falei no post Vasectomia) e sem ânimo para mudar de vida. E nem quero, pois por enquanto está tudo normal. É uma vida relativamente tranquila de casado. Tenho um emprego que me proporciona grana suficiente para eu manter minha privacidade dentro de nossa casa e comprar minhas coisas sem gerar brigas. Traço a esposa quando quero e ela nunca me negou xoxota em mais de dez anos (com dor de cabeça, cólica, menstruada, tanto faz). Vejo meus filmes, leio meus bagulhos, encho a lata quando dá vontade e segue o baile. E aí que acho estranho quando alguns homens que tomaram a red pill (isso quando não evoluíram para a black pill) falam bastante que a vida de casado é sexo uma vez por mês, com mulheres arredias e prepotentes, falta quase total de liberdade etc. Isso, nunca tive, felizmente. Mas também, convenhamos: o sujeito que sobrevive de subempregos e cata mulher ostensivamente psicótica para conviver e encher o mundo de filhos está, claro, pedindo para existir na merda. Mesmo que eu me separasse hoje, saísse de casa e pagasse pensão, viveria uma vidinha boa. E aí a coisa ganha outro contorno. Vejamos...

Evidentemente, mesmo que o fim do casamento não seja tão fodido, teria sido melhor não casar. Por que viver uma "vidinha boa" pagando pensão a filhos que talvez passem a vê-lo como um estranho se você poderia apenas viver uma vida excelente na solteirice permanente, sem nunca ter arranjado mulher para coabitar? E aí que está o ponto: condição humana. Alguns homens gostam de ter família, então tentam, mesmo quebrando a cara. O estilo de vida solteirão não serve para muitos, mesmo cientes dos riscos envolvidos num relacionamento a dois, ainda mais nos dias de hoje. Eu amo ter minha filha e não cogito outra vida, a esta altura, sem tê-la, mesmo que amanhã esta relação possa não ser das melhores. E nunca seria pai sem ter mulher para emprenhar. Agora, convenhamos, é como falei acima: esta é minha visão de quarentão, pai de família para quem a vida está boa. Se hoje eu fosse um jovem na casa dos vinte anos, creio, pensaria bem diferente e, talvez, seria fiel adepto do estilo de vida MGTOW, pois está cada vez mais difícil a situação com o mulheril "empoderado". Empoderadas e tratadas como se crianças fossem pelo paternalismo estatal.

Cada um deve realizar um autoexame. Quem é você, a que veio, o que procura etc. Não casar, não procriar e envelhecer sozinho consigo mesmo pode lhe ser útil. Mas o inverso também pode valer a pena. Você está preparado para morrer na solidão e sem descendentes? É uma pergunta séria. Uma vida longeva na solidão pode ser tão dolorosa, mais à frente, quanto um casamento desfeito de forma desastrosa. Ao menos, verdade seja dita, na solidão talvez você evite cadeia por falsa acusação de sua companheira. De qualquer forma, vivemos uma realidade onde homens solteiros estão se dando mal, por aí, por falsas acusações. Recordo que, recentemente, um cidadão londrino foi preso por staring (olhar fixamente para uma Deusa na estação de metrô). Salvo engano passou três meses no xilindró, apenas tendo como prova a alegação da moçoila. "Ah, mas homens relacionados se metem em mais confusão"... Sim, claro. Mas convenhamos que a maioria esmagadora procura; não aceitam ser largados, têm crises de ciúmes, são barraqueiros, emocionados etc. De todos os casos que vi de prisões de homens devido a relacionamento, arrisco dizer que a maioria procedia: os babacas realmente pentelhavam, ameaçavam, viviam correndo atrás e até mesmo agredindo. É realmente tudo bem complexo.

Não vou me estender tanto sobre o assunto. Aqui se trata de curto ponto de vista. O tema rende e gera vários "todavias". Apenas percebi como esta visão de mundo (ou constatação de vida?) cresce a cada dia e resolvi dar meu resumidíssimo pitaco. Gosto de consumir conteúdo desses caras mesmo sem lhes adotar o modus vivendi assim como acesso conteúdo libertário mesmo sabendo que jamais existirá vácuo de poder. Aliás, MGTOW e libertarianismo têm tudo a ver. Alguns conteúdos redpillados são até divertidos e bem produzidos, tanto que os recomendei a colegas gays, casados etc.

Não sabemos por quanto tempo esses caras terão liberdade para falar sobre o tema, pois a Lei  n.° 13.642/18 dá a Polícia Federal atribuição para investigar "quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres". E basta que meia dúzia de iluminados definam que MGTOW são odiosos por apenas falar o óbvio que, logo, serão capturados pela Polícia Federal, processados e certamente condenados a assumir uma mãe solteira de três Enzos e duas Valentinas. Esta lei leva o nome de "Lei Lola", em homenagem à ativista feminista Lola Abramovich. Veja bem: você pode postar conteúdo misândrico à vontade, o que não pode é falar dos privilégios femininos ou que está com aversão de se relacionar com elas.

Abraços emasculados e até a próxima!