terça-feira, 9 de abril de 2024

Timecop1983


Imagens geradas por I.A. a partir das diretrizes: careca, academia, headset, synthwave.

Já falei sobre meu apreço por synthwave noutras postagens. Aprendi com o tempo a gostar de música eletrônica com esse apelo. Para não me estender mais, confira a postagem Música ambiental, academia, 40 anos etc. Acho sintetizadores invenções poderosas formadoras da estética sonora dos anos 80'. Basta lembrar que, no espetacular filme Mestres do Universo (1987), a chave cósmica disputada entre He-Man e Esqueleto é um sintetizador! Daí percebemos a dimensão desse instrumento para a cultura "oitentista" comandada pelos estêites. O synthwave e seus desdobramentos, certamente num ambiente digital (sintetizadores digitais etc), retornam a esses instrumentos eletrônicos. Talvez daí minha atração.

Estou na tentativa de treinar regularmente. Academia é essencial para todas as idades, ainda mais após os quarenta anos de existência. Especialmente para gente como eu - tive uma vida de abusos com comida, álcool etc. Como me mudei, precisei largar a academia pé-sujo que frequentava e agora estou numa chique. E é muito bom, realmente, treinar num ambiente com temperatura sempre controlada, cheirosa - com sistemas de neutralização de aromas da EKKOA por todos os lados - e equipamentos de última geração. Mas os problema de barulho permanecem: burburinho, pesos se chocando etc. E o pior: as músicas que teimam em tocar, a fim de agradar ao recorte de "gosto geral". Então nunca deixo de ir com meus fones, onde ouço algum podcast eventualmente mas, via de regra, minhas músicas.

Assim, voltando ao tema synthwave, é um estilo que gosto de ouvir ocasionalmente, seja na academia (que combina com música eletrônica) ou em casa mesmo, enquanto trabalho. E um dos caras que mais me parece capacitado no gênero é Timecop1983, nome adotado pelo músico holandês Jordy Leenaerts. NewRetroWave - ou apenas NRW - é o seu selo. Realizações do selo, obviamente, também se encontram no YouTube. Achei interessante, então, recomendar o trabalho desse cidadão, a quem interessar possa.

Abraços oitentistas e até a próxima.

domingo, 7 de abril de 2024

Ziraldo Alves Pinto

Malandro é o cara que sabe das coisas
Malandro é aquele que sabe o que quer
Malandro é o cara que está com dinheiro
E não se compara com um Zé Mané
(...)
E malandro é malandro, mané é mané
(Podes crer que é)

Bezerra da Silva

Conheci Ziraldo pessoalmente há quase dez anos, quando ele foi a uma cidade do interior piauiense. Dirigi 90 km para vê-lo e retornei no dia seguinte. A cidade chama-se Oeiras e é bem peculiar. Minúscula, possuía diversas atividades culturais, voltadas à música e à literatura. E nunca dá muita gente, pois se trata de um lugar no meio do nada que nos leva de outro nada a lugar nenhum. Assim, não existe distância entre os ilustres convidados e o público. Foi assim que pude sentar na mesma mesa onde Yamandu Costa ficou arranhando o violão e, estranhamente, depois trocou o instrumento por um toco de madeira e passou o restante da noite sem larga o estranho objeto. Parecia uma espada em sua mão! Estranho? Sim. Foi ali onde também pude estar perto de músicos como Chico César e Geraldo Azevedo e ouvir Ariano Suassuna perguntando por que estávamos bebendo Coca-Cola se tinha cajuína. E foi ali onde conheci finalmente Ziraldo.

Pensei se deveria escrever sobre Ziraldo por ocasião de sua morte. Mas escrever o quê? Não sou um leigo em Ziraldo. Conheço profundamente sua obra, sua evolução gráfica e suas inspirações. O que eu tinha para falar sobre ele não era sobre ele. Vi-o apenas um dia em minha vida e, realmente, separo (dentro do possível) as pessoas de seu trabalho. E sobre seu trabalho, sua obra, já falei bastante, tanto em postagens escritas no blogue anterior e até mesmo em vídeos para o Iu-Toba. Então o que falar neste momento de falecimento do artista? Simples: ele foi o último grande artista gráfico deste mundo. Um gênio do traço e das cores! Em tempos de arte e colorização digitais, não creio que surgirá um novo Ziraldo. Ali era tudo no muque!

Mas Ziraldo era controverso, enquanto mero mortal. Viveu nove décadas de um vidão nababesco. Por ter sido preso alguns poucos dias - apenas detido, sem tortura etc. - recebeu de nós, contribuintes, indenização milionária e embolsava todos os meses "pensão de anistiado", junto com seu amigo Jaguar. Diante disso, Millôr Fernandes (um de seus mestres), afirmou: "Não era ideologia, era investimento", pois via os amigos podres de ricos - com contratos vantajosos com governos federal e estadual, aliás - recebendo a bolsa-ditadura. Malandro é malandro e nós somos os manés que pagam a farra toda.

Ziraldo foi comunista até o final da vida. Mas habitava um apartamento bacana na Lagoa Rodrigo de Freitas e enviou os dois filhos para estudarem e viverem nos Estados Unidos. Vendia a rodo seu material infantil para programas públicos e mesmo assim não sentia pena de sangrar o Erário com sua bolsa-ditadura. Falava em liberdade e democracia, mas desenhou o solzinho do PSOL, que homenageia anualmente regimes como os de Kim Jong-un.

Mas... Ziraldo foi o último grande artista gráfico vivo, o maior cartunista deste mundo. E é isso.

Abraços fúnebres e até a próxima.