Imagens geradas por inteligência artificial
Eu desconhecia o poema acima e seu autor, até encontrá-lo na primeira página do miolo da revista Calafrio n.º 01, lançada em 1981. Foi um gibi sempre presente em minha infância, pois era um dos títulos esporadicamente adquiridos pelo meu irmão, depois, li e reli todos os números em scans. Atualmente, o selo Ink&Blood Comics publica o título, mas ainda não tive nenhum exemplar em mãos para avaliar. Enfim: lá no início da Calafrio encontra-se este poema obscuro. Pelo que pesquisei, seu advento à luz em língua portuguesa se deve, massivamente, ao livro As Magias (1987) do lusitano Herberto Helder. Mas é curioso como, seis anos antes, o editor e quadrinista Rodolfo Zalla já epigrafava seu novo título de terror com esses versos tão significativos.
Há alguns anos esse poema me serve para reflexão em momentos sombrios, quando estou preenchido por sentimentos malignos poderosos e sou assediado por entidades obsessoras que, em algum momento de deslize, podem se apoderar integralmente de mim. A criatura nua e brutal pode ser qualquer um de nós, em episódios de tristeza, amargura ou desespero. E o tempo me ensinou que a melhor forma de bater de frente com a amargura é saboreando-a até amaciar o paladar. É como ter contato com micróbios na infância para fortalecer o sistema imunológico ou praticar mitridização, ingerindo doses quase homeopáticas de substâncias letais. Essencialmente: o que não mata, fortalece.
Certamente, alguns creem que devemos buscar a luz para afastar as sombras. E também acredito nisso. Só que nem sempre as luzes são atingíveis. Há problemas para os quais não existem resoluções; e resiliência (palavrinha tão na moda) é a solução, nem que seja abraçando - ou até mesmo degustando - a amargura. Não importa o caminho, desde que você consiga sobreviver em relativa paz. Aliás, nas histórias dos Santos (homens que atingiram níveis mais elevados de existência) nunca houve caminhos de pétalas de rosas, ladrilhos dourados e luz do sol amena: mas muito percalço e sofrimento ao ponto da dor tornar-se lugar-comum. É como tatuar o corpo: só dói nas primeiras vezes. Não há como não recordar o primeiro verso do soneto de Pena Filho: "O quanto perco em luz conquisto em sombra".
Abraços amargurados e até a próxima.
o importante é quanto se aguenta apanhar antes de cair
ResponderExcluirmusica pode ajudar
https://pqpbach.ars.blog.br/category/harmonia-mundi-sacred-music/
abs!
Apanhar e ainda achar gostoso kkkkk
ExcluirMúsica é essencial!
Abç
"Ninguém baterá tão forte quanto a vida. Porém, não se trata de quão forte pode bater, se trata de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada." - Balboa, Rocky. É isso. Só não podemos é perder nossa essência, meu caro!
ResponderExcluirO problema é esse: a gente só apanha e não consegue dar nem um pescotapa? Kkkk
ExcluirAbç