Tony é um inglês bem inglês. Pouca gente é tão inglês quanto ele: ex-tenista premiado, graduado na University of Cambridge e casado com Margot, rica herdeira interpretada por ninguém menos que a Princesa de Mônaco Grace Kelly. O cara representa a nata do esnobismo britânico, mantendo a compostura até quando descobre ser corno. Pois é. A princesa o chifra com Mark, escritor americano que costuma ir a Londres apenas talaricar a beldade. Então o que este elegante chifrudo faz? Não pode haver barraco nem comoção pública. Ele chantageia um antigo colega de faculdade para o serviço e arquiteta tudo milimetricamente.
Sim, o plano era perfeito. Mas Tony não contava que a safadinha conseguisse meter uma tesourada nas costas de seu amigo e safar-se da morte. Mesmo assim, a mente brilhante de Tony - estrategista no esporte - pensa rapidamente noutra possibilidade: condenar Margot por assassinato premeditado e levá-la à forca. E isso quase deu certo, se não fosse pela perspicácia do inspetor Hubbard - ele parece um trouxa quase todo o filme, mas nos surpreende ao final, algo como o detetive Columbo do clássico seriado de TV.
Disque M para Matar é um filme impecável dirigido por Alfred Hitchcock com roteiro de Frederick Knot. Passa-se quase que integralmente dentro do apartamento do protagonista, com raras tomadas externas e apenas uns minutos dentro de outra locação. As atuações são soberbas e, francamente, não enxergo falha num filme como esse. Temos centenas de bons filmes esperando por nós. Hoje, com a banda larga, tudo é ainda mais simples. Não gastemos nosso tempo assistindo blockbuster com super-hominhos coloridos. A vida é curta demais para isso.
Curiosidade. Hitchcock sempre fazia breve aparição em seus filmes. Mas, como este se passa num local fechado, o vemos na fotografia de confraternização em Cambridge.
Abraços cinematográficos e até a próxima.
- Dial M for Murder, 1954. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Frederick Knott. Elenco: Ray Milland, Grace Kelly, Robert Cummings, John Williams. Colorido. 105 minutos.
Grande filme e ela está, como sempre, lindíssima. Me apaixonei pela mulher assistindo "Ladrão de Casaca" e "Janela Indiscreta". O cara se ferrou com o detalhe da chave (e ela salvou o gracioso pescoço). Sensacional! Assisti quando garoto em TV preto e branco e sempre me parece um novo filme quando assisto de novo. Abraços.
ResponderExcluirVi Janela Indiscreta, mas não ladrão de casaca. E tb assisti ao remake com a beleza à altura de daryl hannah! Abraços!
ExcluirÉ um paradoxo. Mesmo com tanta informação a um palmo, o QI vem sendo reduzido. Sobre Chaplin, já falei dele aqui ao menos uma vez, neste post: https://www.blogdoneofito.com/2021/08/monsieur-verdoux-cinema.html
ResponderExcluirAbraços!
só os clássicos salvam
ResponderExcluiré uma pena que netflix e outros não valorizem esses filmes
abs!
Me pergunto se os usuários da Netflix gostariam desse conteúdo, em sua maioria.
ExcluirAbraços!