sábado, 24 de outubro de 2020

Alan Wake



"Não é um lago; é um oceano." 
(WAKE, Alan)

Continuo com gratas surpresas acerca das possibilidades narrativas oferecidas nos jogos eletrônicos e, claro, com muitas decepções dessa indústria nefasta. 

Há bastante tempo ouvi falar de Alan Wake, jogo da geração anterior (ano de 2010) com boa recepção de crítica e público. Pelo serviço Game Pass (X Box), pude jogá-lo. E como foi divertido. Dividido em seis capítulos, o finalizei em dois dias. Ainda há as DLCs (extras) pela frente. Um dia, talvez as jogue. Mas fico com receio que estraguem minha concepção da trama nuclear.

A história parece simples mas vai se tornando complexa. Alan Wake, escritor nova iorquino de bestsellers, passará uns dias na pacata Bright Falls a fim de tentar relaxar e, quem sabe, conseguir voltar a escrever. Ele ficará hospedado no chalé encravado no meio do lago Cauldron. Logo, coisas estranhas ocorrem: ele às vezes parece ter ido sozinho à pacata cidade, noutros momentos achamos que sua esposa morreu afogada no lago e, noutra oportunidade, ela teria sumido durante um acidente automobilístico. O importante é que Alan deverá buscá-la e, nessa empreitada, será perseguido por "tomados" (figuras violentas envoltas em sombras), tentará decifrar o mistério envolvendo outro escritor que o precedeu no lago (Thomas Zane, cuja esposa Barbara Jagger parece ter sido trazida à vida devido à presença escura do lago Cauldron) e será perseguido pelo ávido agente federal Robert Nightingale.

A gameplay é simples e agradável: você precisa se orientar geograficamente em ambientes de matagais e estradas vicinais enquanto combate os "taken" com luz (lanternas, holofotes, sinalizadores e granadas de luz) e armamentos usuais: revólver, escopeta e fuzil de caça. Puzzles fáceis (mas justos) devem ser resolvidos e, penso, o maior problema é mesmo se orientar nos bosques confusos, para chegarmos ao destino.

Mesmo se tratando de produção com dez anos de lançamento, ele se mostra visualmente bonito, com belos gráficos, como destaco no vídeo abaixo.

A trilha sonora do jogo é impecável, desde as canções produzidas especialmente para ele até mesmo na escolha dos hits executados ao final de cada capítulo, com destaque para In Dreams de Roy Orbison e Space Oddity de David Bowie. Para mim, essas duas músicas se ajustam perfeitamente à trama do jogo. A primeira já nos dá a indicação de que elementos oníricos permearão toda a jogatina e a segunda, durante os créditos, vem em boa hora, pois Alan está imerso numa viagem pelo infinito daquele lago que, agora, lhe parece um oceano de infinitas possibilidades. Aliás, sobre o onírico, é bom destacar que não devemos esperar muitas respostas. Tanto é assim que, logo no início, o próprio Alan cita Stephen King, para quem nem tudo deve ter explicação. Esse elemento onírico, aliás, remete bastante ao seriado Twin Peaks, penso. Vejamos: tanto esta cidade fictícia quanto a igualmente inventada Bright Falls do game estariam encravadas nos rincões de Washington. Em ambas as cidadelas, há pontos obscuros de extremas emanações energéticas. No final de ambas as histórias, o protagonista permanecerá aprisionado nas sombras enquanto seu doppelgänger habitará a superfície. Outra séria de TV que marca presença explícita no jogo é The Twilight Zone - ou Além da Imaginação - com o seriado local intitulado Night Springs.

Você pode jogar nos modos fácil, normal e pesadelo. Obviamente, escolhi o normal devido ao equilíbrio e é o modo o qual sempre escolho em tudo quanto é joguinho.

Posteriormente, joguei, também pelo Game Pass, o Alan Wake's American Nightmare - sombrio e dinâmico, em alguns momentos assustador, mas sem a atmosfera da joia original. De qualquer forma, me diverti bastante e gravei alguns minutos da minha campanha, a qual compartilho abaixo.

Fico por aqui. Abraços despertos e até a próxima.



8 comentários:

  1. Olá Neófito, boa noite!
    Estou me acostumando aos posts dobrados nas madrugadas de domingo. Quando saio do trabalho, à noite, dou sempre uma olhada para ver se saiu algo novo no blog kk.

    Quanto ao jogo, também tenho uma história de desapego com relação aos jogos (acho que tenho um grande problema de falta de foco que se alastra para minhas coleções kk). Na última geração não comprei vídeo games, mas na penúltima comprei todos que podia. Comecei pelo x-box 360. Comprei logo que saiu. Um colega estava no Japão e conseguiu trazer um pra mim, na época custou uns 2000 lulas. Comecei jogando por ele, lembro que havia grande dificuldade em comprar jogos devido a mídia, pois os jogos japoneses de DVD são NTSC-J e os brasileiros seguem o padrão americano NTSC-U. Depois comprei o play 3 pra suprir o desejo de jogar os que não rodavam no x-box.
    Por coincidência, o último jogo de aventura que joguei no PS3 foi Alan Wake. Joguei só um pouco, não cheguei a terminar. Vinha de ter jogado o The last of us, que pra mim foi o melhor jogo de play3, melhor enredo, no caso. Acabei achando Alan Wake meio fraco, com as imagens muito escuras. Mas como disse, acho que estava enviesado. Depois desse jogo, nunca mais comprei games para console. Montei uma máquina gamer (CPU), da qual escrevo estas palavras, mas tampouco jogo muito nela. Vez ou outra jogo um Raimbow six ou futebol (PES/FIFA) recreativo, pois como não sou muito bom, acabo ficando mais irritado depois do jogo que antes Rs!
    Acho que, assim como nos livros de papel, perdi o tesão pelos jogos.
    Creio que o início da faculdade me colocou num estágio de demie dépression, muito triste para com o mundo, o que me fez levar para todas as esferas uma visão mais turva, de falta de sentido.

    Por fim, nunca terminei Alan Wake. Talvez jogue num futuro próximo, caso compre um novo console e venha a jogar um remasterizado.

    Abraços.

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    1. Olá, Matheus.
      Não havia percebido que costumo fazer dupla postagem no fds. É algo mesmo inconsciente. De qualquer forma, acredito que este blogue passará algumas semanas, agora, sem atualização, devido a obrigações funcionais e familiares e uns dias de descanso.
      Esses padrões de sistemas sempre trouxera problemas em video cassete, cd player e dvd player. Não é de se estranhar que também causaram dor de cabeça a jogadores.
      TLOF é, deveras, uma obra bem mais parruda do que AW. Mas este, na sua forma contida e na sua aposta narrativa, realmente consegue certo destaque (jamais, claro, perto do que foi a jornada de Joel e Ellie cruzando os USA). Acho que vale a pena você tentar, qualquer dia, jogá-lo novamente, até o final. Às vezes, quando encaramos alguma obra, ela não nos serve naquele momento. Após um tempo, pode ganhar até mesmo ares de “essencial” em nossas vidas. Isso serve para livros, filmes, programas de TV e até mesmo games, penso.
      Dois mil contos num Xbox 360. E pensar que comprei meu One por $ 1700. Mercado insano este dos games e consoles. Já pensei em ter um PC de vergonha, mas é algo que não sai barato. Além do mais, quando voltei a jogar (havia parado no Super Nintendo), achei mais cômodo optar por máquina dedicada (console, enfim), pois me daria segurança de que tudo o que fosse de dada geração rodaria sem precisar reajustar configurações. Sem contar que comprei mais o console pensando em minha filha.
      Já fui muito interessado em computadores, em TIC em geral. Cursava Direito, mas amava microinformática (era assim que chamávamos). Estava sempre me atualizando e dando upgrades em meu gigantesco gabinete. Mas isso ficou no passado e não tenho mais saco. Não tenho mais saco nem para fazer um download de algo, para você ter uma ideia. Às vezes me pergunto como tive tanta paciência, durante anos, para ficar mexendo em hardware e sistemas e baixando toneladas de informação via PtP, torrent etc. Mas, confesso, foi divertido e isso que importa.
      Aliás, sobre “isso que importa”, é o que digo sobre seu desencanto por certas coisas. Não suponho sua idade, mas acho que isso ocorrerá várias vezes. Acho que é natural esse acesso e recrudescimento de interesses. E é isso que no leva a coisas novas, a novos interesses, pois sempre teremos a necessidade de preencher ludicamente nosso tempo. E, durante o tempo em que você jogou ou cheirava livros impressos e sentia alegria com isso, isso é o que importou. Foi divertido e valeu a pena. E bola pra frente.
      Acho, ainda, que falta de sentido é natural com o avanço da idade. Apenas loucos se manteriam sempre encantados com tudo, como crianças e adolescentes.
      Abraços!

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  2. "belos gráficos" - ando jogando SNES e GBA no emulador , jogos de minha infância (de graça é mais gostoso). ficaria assustado com esses gráficos realísticos

    "trilha sonora" - esse é o problema do SNES, que tem um audio lixo; mas no GBA temos o relançamento de jogos antigos com som remasterizado impecável

    abs!

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    1. "que tem um audio lixo"

      Sou entusiasta dos sons simplórios de jogos antigos, especialmente dos arcades e fliperamas que fizeram parte de minha infância.

      "ficaria assustado com esses gráficos realísticos"
      Você é um gamer de verdade. Sabe que esses gráficos de AW já estão até batidos e datados. Mas compreendo o que vc falou e, cara, gosto muito de gráficos do jogos de plataforma tradicionais, em 2D ou falso 3D.

      Abraços, Scant!!!

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    2. claro que um prazer nostálgico nos barulhinhos musicais dos jogos antigos, mas quando a gente tem oportunidade de saber o que eles queriam produzir não não puderam fica claro como os japas são talentosos (https://www.youtube.com/watch?v=bUxoPpKcJpI&list=PLBdL0iJj-imboHZe-0w2BBF5nYb5ps4-j&index=20&ab_channel=Dracula9AntiChapel)

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  3. Duas curiosidades : quem determina os preços dos livros virtuais e baseado em quê? quantas páginas, aproximadamente, tem cada um de seus livros?

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    1. Fala, M.

      Você que escolhe. Se for algo muito curto, pequeno, pode colocar por R$ 1,99, como um conto, por exemplo. Algo maior, como uma reunião de contos, poesia e romance, a partir de R$ 3,99. Menos do que isso é impossível. Percebi que o sistema te autoriza a, a partir daí, precificar seus livros por até R$ 400,00 (aprox.). Obviamente, quanto mais caro, menos gente comprará. Se bem que a maioria das pessoas que leem o fazem de graça ou pelo sistema Kindle Unlimited (neste último caso, a Amazon te remunera por um sistema que desconheço). Não sou tão por dentro de como funciona todo o sistema, pois é muita coisa. Como te falei antes, basicamente, apenas optei por jogar algo lá na esperança de ser lido, e isso há poucos meses. Quase agora. O que postei vai de apenas 10 até 100 páginas.

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