quarta-feira, 29 de maio de 2024

Navio de Sangue [ Filme, 2019 ]

Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder. 

- Dilma Rousseff, petista profissional

Navio de Sangue é um filme ruim que é bom, porque é ruim sem se propor a ser bom e quer apenas isso: ser um filme ruim, meio que resgatando o antigo formato de cinema de terror/horror/suspense feito sob medida para a TV no passado. Se lançado há algumas décadas, seria mais um made for TV banal. Se mais curto, poderia ser um episódio de Contos da Cripta. Mas tem potencial para ter sido um ótimo filme, acaso tivesse recebido mais atenção dos realizadores. O mote é bacana! Vamos lá com alguns poucos spoilers.

Não é novidade para ninguém que, no Reich bigodista, havia a trupe da macumba. Oficias nazistas que se dedicavam ao ocultismo e, talvez, tenham pesquisado maneiras de utilizar forças sobrenaturais ao seu favor. Aliás, França e Inglaterra não ficavam atrás - os aliados eram nações racistas, supremacistas e cheias de líderes satanistas. Não pensem que aquele "V" de vitória comumente utilizado por Winston Churchill era à toa. De resto, este Admirável Mundo Novo que herdamos foi graças aos Aliados, pessoas nem tão nobres assim. Ademais, "arianos" não eram apenas loiros de olhos azuis. Várias raças se dizem arianas. O nome Irã (antiga Pérsia) não é à toa: trata-se do lugar reconhecido como de origem dos arianos. Muitos indianos e africanos se identificam com arianismo e o misticismo em torno disso. Todo mundo quer se sentir especial, quase um elfo do cu rosa. Supremacismo e suas mandingas não foram exclusividade do bigodismo, em resumo. O quadro da Segunda Grande Guerra era esse: basicamente, estávamos naquele dilema do matuto "se correr o bicho pega e se ficar o bicho come". Entre seis e meia dúzia, herdamos essa ilusão de "democracia liberal" que não tem nada de democracia nem de liberal. Mas o nome é bonito e causa impacto, mesmo que nossa liberdade seja menor que a de um camponês no sistema feudal.

Mas voltando ao assunto: macumbeiros nazista, ao retornarem de uma expedição na Romênia, levariam à Alemanha seus achados. Dentre estes, três urnas fúnebres. Isso descobrimos nos primeiros minutos do filme, quando pessoas num bote "multiculturalista" à deriva (americano, inglês, inglesa, australiano e soviético) conseguem subir a bordo do navio agora abandonado, apenas com cadáveres para todos os lados. Então já sabemos o que virá: vampiros em alto mar. Algo como a passagem de Drácula a bordo do Demeter, na obra de Bram Stoker - que aliás inspirou o filme sofrível Drácula - A Última Viagem do Deméter. Em Navio de Sangue, descobriremos que Drácula (seja lá qual for seu nome, chamado apenas de strigoinão está de carona. Ele na verdade foi pego, dentro das urnas, pela expedição nazista; e acompanhado de sua família - esposa e filha (seriam elas strigoaică?). O problema é justamente que a filha libertou-se e matou toda a tripulação antes do bote com os náufragos da diversidade subirem a bordo. O objetivo da moleca sapeca é libertar toda a sua família.

Gostei bastante do fato de Drácula e familiares serem representados como criaturas grotescas (strigoistrigoaică?). Não que "estão naquela forma", mas que seriam antigas entidades malignas que, naturalmente, são monstruosas. E pela primeira vez vi um Drácula "homem de família", orgulhoso pai de uma pequena demônia e casado com uma jararaca.

O filme pode ser visto no serviço Prime da Amazon ou no YouTube, tanto de maneira paga (aluguel) ou de graça, pois há vários uploads de usuários por lá, tanto dublado quanto legendado.

Abraços sanguinolentos e até a próxima.

  • Título original: Blood Vessel
  • Sinopse: em 1945, uma balsa salva-vidas fica à deriva no mar, e nela os sobreviventes de um navio-hospital: sem comida, água ou abrigo, até que um navio alemão abandonado lhes dá uma última oportunidade de sobreviver. Porém, o local está repleto de vampiros.
  • Data de lançamento: 11 de outubro de 2019 (mundial)
  • Diretor: Justin Dix


sábado, 25 de maio de 2024

Um disco fake dos Guns N' Roses

Não sei precisar há quanto tempo possuo o CD acima, mas creio que se passaram em torno de 25 anos desde a aquisição. Comprei novinho, na loja, junto com meu irmão. Destaco ter sido "novo" porque comprávamos muitos CDs em lojas de usados, então bem comuns na minha antiga cidade, igual a sebos. Hoje, mal achamos sebos decentes, exceto de livros didáticos. Tenho um carinho imenso por este álbum e, somente após meus trinta anos de idade, descobri se tratar de um álbum originalmente fake.

Sempre achei estranho o fato do encarte possuir duas capas e dois nomes distintos em cada uma. Seria um "dois em um" que nunca compreendi durante anos. Mas é que Live ?!*@ Like a Suicide foi fake em tudo e se tratou do primeiro EP de estreia da banda. É fake porque não foi ao vivo. Gravar ao vivo seria mais caro e apenas inseriram sons de público após a obra pronta em estúdio. Inventaram também um selo independente que, na verdade, pertencia à poderosa Geffen Records. Como o selo chamava-se UZI Suicide, os membros da banda passaram a chamar o álbum de Live Like a Suicide, uma brincadeira com o "live" de "ao vivo" (um ao vivo fajuto elaborado em estúdio) e do verbo "to live".

Quando a banda lançou seu segundo LP, o Lies (o primeiro foi Appetite for Destruction), juntou as música do EP de 1986 e, com tempo, passou a editar as capas em duplicidade. Daí é que surgiu essa coisa estranha, misturando músicas "ao vivo" com estúdio, duas capas bem distintas e dois títulos esquisitos. Nada como um disco chamado Lies para abarcar uma grande mentira do passado da banda.

Tenho um apego imenso pelo que foi Guns N' Roses. Ouvi bastante toda sua discografia impecável, exceto por Chinese Democracy. Foi uma banda integrada por bons músicos, deu ao mundo projeção ao Slash e seus diversos riffs de guitarra, simples e que nunca serão esquecidos. Sem esquecer compositores como Axl Rose, Izzy Stradlin e Duff McKagan. E o vocal único de Axl, claro, o qual atualmente canta igual ao Mickey Mouse. Até a bateria de Steven Adler era diferenciada. Foi um grupo perfeito para a época. Eles todos foram os caras.

Abraços suicidas e até a próxima.