sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Annie Lennox e minha infância mágica com a TV aberta

Mini Neófito encantado à frente da TV

Eu conhecia o Eurythmics – duo musical britânico formado em 1980 por Annie Lennox e Dave Stewart – graças ao meu abençoado padrinho, "seu" Augusto, homem culto que mantinha, em sua casa, uma sala de som e cinema com um acervo gigantesco de vinis, CDs, K7, VHS e até mesmo de laserdisc – um disco óptico de 30 centímetros de diâmetro que nos chegava sem legenda e tampouco dublagem. Mesmo assim, foi por meio dessa tecnologia mágica que assisti, pela primeira vez, a A Dança dos Vampiros, de Roman Polanski, e passei meses pensando em como uma mulher poderia ser tão atraente quanto Sharon Tate – trucidada por Charles Manson com 16 facadas na barriga quando faltavam apenas 15 dias para ela dar à luz.

Mas vamos lá. Foi no acervo do godfather Augusto que conheci Eurythmics, no mesmo dia em que vimos o CD First Harvest – 1984-1992, do Alphaville. Então, pode-se dizer que foi um dia mágico. Meu irmão levou os álbuns para casa e passamos dias os ouvindo. O acesso à informação era difícil, e eu não fazia a menor ideia de que "a mulher do Eurythmics" era a mesma que, sozinha, tinha canções lindas tocando nos programas noturnos de rádio e em trilhas de telenovelas.

Em carreira solo, Annie Lennox entrou na trilha de Despedida de Solteiro (exibida entre 1º de junho de 1992 a 29 de janeiro de 1993, em 207 capítulos) com a clássica “Why”, que, na trama, foi o tema internacional da personagem Socorro, vivida por Cristina Mullins. Era uma novela deprimente para mim, então criança. Mas adorávamos a abertura em formato de videogame, com a canção “Sugar Sugar” no embalo. Logo após, emplacou a faixa “No More I Love You’s” na trilha internacional de A Próxima Vítima, como tema da Helena – personagem interpretada por Natália do Vale. E eu via os comerciais desses discos na TV sempre com trechos dos clipes, achando-os lindos. Havia uma atmosfera quase encantada naqueles videoclipes - e como eu desejava, na época, ver aquelas realizações na íntegra – algo quase impossível, sendo viável apenas mais à frente, quando passei a ter acesso a conteúdos da MTV.

Eu não entendia nada de música; só gostava de ouvir canções bonitas. Aliás, creio que deveria ser assim ainda hoje: não precisamos conhecer nada profundamente, apenas receber o belo e rejeitar o feio e o vulgar. Achava Annie Lennox esquisita, e algumas pessoas acreditavam se tratar de um travesti, ainda mais pelos clipes acima citados. Em “Why”, ela está de cabelos curtos e vai-se montando como um daqueles transformistas que apareciam no Programa Silvio Santos. Em “No More I Love You’s”, além de seu visual estranho para a época, há um balé com gays caricaturescos.

Amiúde: acabei de ouvir algumas canções de Eurythmics ainda há pouco e me vieram essas recordações de comerciais de trilhas sonoras de telenovelas (em CD, LP e K7, como se frisava bem ao final da propaganda) e de como eu tinha vontade de ver aqueles videoclipes na íntegra, utilizados em picotes pela Rede Globo apenas para a divulgação de seus produtos da Som Livre.

Vou ficando por aqui. Abraços musicais e até a próxima.



6 comentários:

  1. "Achava Annie Lennox esquisita, e algumas pessoas acreditavam se tratar de um travesti"
    Ahahahahah

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  2. Esse menino tá parecendo o Jason Voorhees antes da sexta-feira 13 fatídica. Até o cenário tá no clima.

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    1. Infelizmente, não. Ele cresceu para pagar boletos e engolir sapos. Se tivesse se tornando Jason Voorhees, estaria feliz com um facão por aí descendo porrada. Abraços!

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  3. Gosto das músicas ela!
    Aproveito para desejar um bom fim-de-semana!

    Bjxxx,
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    1. Oi Teresa. Pra vc um ótimo final de semana também. Abcs, garota.

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