Há quinze anos, acho, não vejo TV aberta. Na verdade, nem fechada. Nenhuma forma de TV. Já quase não via há muito tempo que esse mencionado. Fui me afastando aos poucos, naturalmente. Não me fiz tal imposição tipo "preciso largar a televisão". Mas, desde o advento do acesso à banda larga, um de meus passatempos é assistir a intervalos comerciais (especialmente da Rede Globo). Acho que já falei sobre isso por aqui. É que, sim, a TV foi importante para todos nós. Ela era sacana, nos manipulava, segurava os melhores filmes para o final do ano (anunciados desde o janeiro), estava cagando para o público. Afinal: não tínhamos opção. Estávamos nas mãos das emissoras.
Felizmente, havia bastante criatividade ainda vigente. As agências de publicidade eram criativas. Os comerciais de minha infância se tornaram ícones. Num post anterior, destaquei conseguir reconstruir parte de minha infância com comerciais de Coca-Cola, por exemplo. Na verdade, posso reconstruir com toneladas de comerciais diversos. E também com telenovelas, como mencionei em D'O Berço do Herói a Roque Santeiro. A televisão tinha coisa boa dentre o lixo, e valia a pena, creio.
Penso nisso agora porque estou finalizando a sétima temporada de Fear the Walking Dead (é missão de honra concluir aquela porqueira) e minha esposa estava vendo, hoje, o primeiro episódio de The Last of Us - ela é apaixonada pelo jogo, tendo-o zerado duas vezes. E fiquei pensando como às vezes dá saudade uma vinhetinha. Sim, a vinheta. Antes de cada programa, alguma vinheta, como tínhamos em Tela-Quente, Sessão da Tarde, Vale A Pena Ver de Novo etc. Vinhetas mexem comigo lá no fundo da alma. Me levam a várias épocas ao mesmo tempo (tudo ao mesmo tempo agora, para citar novamente Titãs). Parece estúpido mencionar isso, claro. Qual o sentido de vinhetas em serviços de streaming? Nenhum. Mas às vezes me vejo pensando bobagens assim nas horas mortas.
A vinheta que mais me toca é a do Super Cine, com aquelas películas se desenrolando ao som de algo parecido com jazz, bem suave. Cresci achando se tratar do trecho de alguma peça famosa. Mas depois descobri ser criação de Roger Henri, sob encomenda da Globo. Ou seja: os caras prezavam por qualidade, realmente.
Acho que a TV de minha juventude não me emburreceu. A de hoje, creio, faria isso. E a internet, embora me possibilite o acesso a todos os ângulos de uma mesma história, está me cansando. Falo isso há uns dois anos. Mas me parece que, mais do que nunca, seria bom mesmo dar um tempo no acesso regular à internet e à produção de conteúdo, por mais que isso me dê prazer. Programo fazer isso, creio, este ano, após deixar blogue e canal em relativa ordem e concluir a subida de alguns conteúdos já prontos.
Abraços nostálgicos e até a próxima.
* * *
Franzia a tarde tímida e lavada,
Eu saía a brincar, pela calçada,
Nos meus tempos felizes de menino
E, estendendo o meu braço pequenino,
Eu soltava os barquinhos, sem destino,
Ao longo das sarjetas, na enxurrada…
Que não são barcos de ouro os meus ideais:
São feitos de papel, são como aqueles,
– Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!
Olá, Neófito. Tudo bem?
ResponderExcluirCara, te entendo, do ponto de vista de ficar cansado. Mas, infelizmente, a internet não irá sumir e, acredito, iremos precisar dela para tudo. Não vejo como viver sem ficar refém de ver coisas que não quero: publicidades estão em todos os lugares, noticias indesejadas aparecem constantemente e nossos sentidos são bombardeados de estímulos a todo instante, em todo local.
Aqui, nos blogs, ainda que de uma forma mais rústica, temos um local para falar o que pensamos, praticar a escrita e poder trocar algumas palavras com desconhecidos que parecem partilhar de uma mesma ideia. Pelo menos, por enquanto, é assim, não sei se a censura chegará aos pequenos blogs de maneira mais incisiva.
Acho que fugir disso só seria viável se tivéssemos uma forma de extravasar o que escrevemos fora da internet. Hoje, cada vez as pessoas escutam menos. É muito difícil ter uma conversa com alguém sem ser julgado previamente. Nossos entes tem os problemas deles e, muitas vezes, já escutaram nossas histórias zilhões de vezes. Talvez a internet seja um local de fuga, mesmo que de uma fuga fugidia, afinal.
Quanto ao emburrecimento, acho que não é algo só da televisão. Os livros ficaram piores, também. Acho que é mais uma questão que os tempos mudaram. Coisas inteligentes demandam tempo e esforço e, via de regra, o pessoal está muito imediatista, querendo tudo pra ontem.
Em tempo, pulo as vinhetas do começo das séries na Netflix kkkkk, mas também me lembro bem de algumas vinhetas na minha infância, tal como tela quente, novela do vale a pena ver de novo, aquela de notícia urgente que passava quando o pcc tava aterrorizando SP kkkkk
Abraços!!
ExcluirFala, Matheus.
“Mas, infelizmente, a internet não irá sumir”
E espero que não suma. Internet é maravilhosa e bem vinda. Mas, como álcool e tabaco, penso que às vezes é bom dar um tempo em seu consumo para descansar o corpo.
Recordo do primeiro acesso residencial à internet, quando eu tinha 16 anos. Desde então, tenho acesso a um mundo antes apenas imaginado.
Depois, com a banda larga, o salto foi “revolucionário”. Em meu trabalho mesmo reduziu meu esforço físico em 90%: processos eletrônicos, Google Maps, Google Earth e Street View, mensageiros como WhatsApp etc. Além de ferramentas próprias. Antigamente, por exemplo, eu tinha que dirigir até cartórios. Hoje, uso o Malote Digital. Coleto dados em fontes abertas e fechadas como o InfoSeg e por aí vai. Isso me deu qualidade de vida para sair quase nada de casa.
É isso. todos os dias precisarei da internet para trabalhar, e espero continuar assim. E também para filmes, séries e música. E para companhar blogues que gosto e alguns canais. Mas, de resto, penso ser viável uma dieta de internet para consumo de alguns sites, canais e no que produzo. Afinal, é uma década escrevendo sem parar no Blogger. Acho que isso servirá para amadurecer até mesmo esses espaços – blog e vlog. Analisar como ficarão com o tempo. Será até mesmo um experimento em favor dos próprios ambientes. Acredito que posso viver longas décadas, se me cuidado – mas, claro, tudo é aventual. Então pausar um ano aqui não será muito, acaso tenha uma vida longa e próspera.
Até março creio que dará para deixar tudo nos conformes para essa longa férias de blogueiro.
Sobre “pulo as vinhetas do começo das séries”: se for boa, não pulo! Mesmo maratonando, deixo rolar.
Abraços!
cara, para aproveitar a base de neurônios que essas vinhetas criaram no seu cérebro; porque vc não as grava e as usa (ouve) antes de ver filmes?
ResponderExcluirmais fácil e barato que fazer igual ao pessoal que até hoje usa VHS para filmes.
Olá, Scant.
ExcluirVejo falar da turma do VHS e acho estranho. Recordar é bom, natural e humano. Mas abrir mão de imagem e som de qualidade, além da praticidade, para se trancar no passado, é mais do que apego. Acho que deixa de ser uma nostalgia saudável para se tornar algo meio “insano”. Mas… como colecionador de bobagens, não pega bem criticar como “insano” o colecionismo alheio.
Para matar essa saudade, fico vendo intervalos comerciais. Já desperta bastante coisa. Esses dias achei um canal interessante que se dedica a passar trechos de programas da década de ‘90 do estado de Pernambuco, por exemplo. Muito bacana para mim. @80e90emRecife
Abraços!!!!
Não assisto TV aberta a anos. O único programa da TV aberta que assisto um episódio ou outro na internet é o the noite. Quando assistia gostava de ver o programa do ratinho. Acho o programa bem a cara do Brasil. Na globo o último programa que acompanhei foi a grande família, mas nem assisti as últimas temporadas.
ResponderExcluirHoje nem TV a cabo tenho mais. Assisto alguns canais que gosto no YouTube e filmes na Amazon ou Netflix.
A TV aberta sempre foi uma merda, mas com politicagem correto e a militância progressista, o que era ruim ficou pior.
Tenho boas recordações dos programas que assistia na adolescência, Rockgol, Hermes e Renato, Jô Soares de madrugada, cine privê.
Pode ser uma visão enviesada, mas tudo ficou muito ruim, TV, cinema, música. Ou sou eu ficando chato.
Fala, Dedé.
Excluir"Quando assistia gostava de ver o programa do ratinho"
Vi muito Ratinho antes do Ministério Público pegar em cima com TACs e acabar com a baixaria. Como vc disse, era a cara do Brasil: gente parasita, vagabunda, pilantragem e baixaria. Recordo de diversos momentos grotescos. Me acabava de sorrir com aquilo. Eu era guri e valia de tudo.
"Hermes e Renato"... Foi o último canal que acompanhei: MTV. Ainda assistia até o fim, até a última transmissão ao vivo. Tirando isso, mais nada. Quando ao Jô, bem antes do fim já estava cansativo para mim.
Objetivamente, houve uma queda na qualidade de tudo. Gosto de publicidade e propaganda e, realmente, por exemplo, nenhuma peça atual supera os premiados do passado. Isso é unânime no setor, aliás. Quanto a programas, basta procurar algo à altura de Tv Pirata ou do início de Casseta & Planeta, por exemplo. Não há. Quem será o próximo Chico Anísio? Qual trupe substituirá Os Trapalhões? Há espaço para isso aflorar, aliás?
Acho que a Tv, algo novo, teve um curto auge e já foi pra cova.
Abraços!
A vinheta do Super Cine realmente marcou uma geração. Ficava aguardando ansioso os filmes do Super Cine e aquele som de abertura com o S brilhando era realmente muito bem elaborado. Sessão da Tarde, Corujão, Tela quente, todos eles tinham seu charme especial. Com relação ao Fear The Walking Dead ainda cheguei a ver alguns episódios da primeira temporada, lembro que estava até curtindo, mas depois acabei abandonando. Atualmente estou lendo as HQs e retomando a série principal que tinha parado de ver na sexta temporada.
ResponderExcluirCara, Corujão!!! Bem lembrado. Virei muita madruga com o Corujão. A série é fraquinha. Mas já vi as sete temporadas. Agora vou até o final. Acho q será a última agora. Pretendo ler toda a série tb!!! Abç
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