sábado, 25 de junho de 2022

Quem você chamará?

O tempo passa, o tempo voa e nem a poupança Bamerindus continuou numa boa. As coisas mudam e um filme como Os Caça-Fantasmas (1984/89) não serviria para os dias de hoje. Cada época tem o seu paladar. É como o sabor tutti-frutti, que vai mudando de acordo com região, clima e época. Então não podemos sentar para assistir algo novo da franquia esperando o que víamos quando guris. Mas o passado pode ser homenageado. E o novo pode agradar a várias idades com respeito à nossa inteligência. E assim foi com Os Caça-Fantasmas - Mais Além, filme divertido do ano passado.

Confesso que não queria ver a produção. Fiquei com medo de intoxicar meus sentidos, após aquela monstruosidade filmada em 2016. No entanto, vale a pena. E o melhor: o filme dá continuidade à franquia como se aquela abominação nunca tivesse existido. O filme das empoderadas foi satisfatoriamente extirpado da cronologia.

Na trama, Egon Spengler, o ex-gênio da trupe assombrada, tem seus últimos dias, vindo a falecer em confronto à malévola entidade Gozer (sim, a mesma do primeiro filme). Logo após, conhecemos seus descendentes: a filha com quem não mantinha contato e dois netos, herdeiros de sua fazenda na pacata cidade perdida no fim do mundo: Summerville. Como era de se esperar, eventos estranhos rondam a região e caberá à gurizada salvar o mundo, com direito à ajudinha (lá no final) da formação original, até mesmo com um Harold Ramis (o Dr. Egon) recriado digitalmente, já que é falecido desde 2014. E, no meio dos créditos, ainda temos Sigourney Weaver de brinde, dando choques no Dr. Bill "Venkman" Murray.

É um filme despretensioso, mas que lavou a alma da franquia após a lacração acéfala de 2016. Todos os elementos que tornaram Caça-Fantasmas o que são estão lá: o fantasma Papa-Metal que sucede "espiritualmente" o que, no desenho animado, chamamos de Geleia; pequenos Mr. Stay-Puft; os cães lazarentos do inferno que incorporam em pessoas indefesas e a própria Gozer, como já falado. Aliás, os novos tempos estão ali na pessoa de Gozer. Aproveitando sua imagem andrógina, uma das pirralhas adverte que a entidade não é "ela" nem "ele", pois está além de gêneros, ao que a outra responde: "Politicamente correto há 3000 anos antes de Cristo". E até Janine deu as caras, logo no comecinho.

As homenagens não são apenas aos filmes anteriores da franquia. O professor Grooberson, para ocupar os alunos perdedores, põe filmes de terror antigos, em VHS, na TV de tubo, para a estranheza dos guris que não aceitam bem aquelas produções datadas, como Cujo (1983) e Brinquedo Assassino (1988). É ele dizendo por nós: "Vejam, nós adorávamos essas porcarias".

O filme tem o mérito de ligar a pequena Summerville e o metal ali extraído com a edificação do prédio onde Gozer surge, em Nova Iorque, na obra de 1984. E, no final, o inesquecível automóvel Ecto-I nos é mostrado retornando à grande metrópole, certamente em busca de novíssimas aventuras.

E antes que você pergunte: claro, os créditos são embalados pela Ghostbusters de Ray Parker Jr.!

Abraços fantasmagóricos e até a próxima.

13 comentários:

  1. se um dia aparecer no netflix ou no prime, dou uma olhada
    bom saber que é razoável
    pelo menos a aberração de 2016 cujo nome não deve ser dito morreu no prejuízo e não terá descendentes hahahahaha

    abs!

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    1. Fala, Scant. Vi que vc movimentou o canal do YT!
      Só assisti pq entrou na HBO e ainda tô com acesso. Mas tb não correria atrás para vê-lo. Aliás, não corro mais atrás de nada: filme, livro, hq etc. Se tiver fácil para consumo, blz. Se não, espero vir até mim. Felizmente, há anos e anos, não nutro ansiedade por mais nada assim.
      Abraços!

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    2. registrando minha voz e pensamento para a o posteridade.
      daqui a 100 anos alguem poderá ouvir o que digo e dizer: "que lixo!"

      "Se tiver fácil para consumo" a paz da aleatoriedade

      abs!

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    3. No ritmo em que as coisas andam, acho que daqui a cem anos nem teremos mais acesso à internet. Estaremos nos matando com tacapes e lanças!

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  2. Não acompanhei esse Ghostbusters de 2016, tampouco esse último. Me contentei com o antigo, que passava vez ou outra na Globo, aos domingos.
    Ultimamente, deixei de ver filmes como via antes. O cinema ficou muito caro e têm muita porcaria. Gostava de ir quando era estudante e ainda pegava aquela meia entrada nas terças, que o ingresso é mais barato até as 17h (mas quem, se não um estudante, poderia ir nesse horário ao cinema?). Tenho Netflix, mas ver filmes por lá é chafurdar na merda pra tentar achar uma pérola. Passo mais tempo procurando que vendo, não sei se vale a pena. A maioria das vezes, escolho mal e o filme é chato e entediante, cheio dessas lacrações irritantes.
    Ao chegar ao final do texto vi as propagandas e lembrei que você havia ativado e fiquei curioso: está valendo a pena? Dá pra pagar, pelo menos, um café da manhã? um petit déjeuner?
    Abraços!!

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    1. "enho Netflix, mas ver filmes por lá é chafurdar na merda pra tentar achar uma pérola" - concordo.
      uma solução: youtube (gratuito ou pago) e/ou Prime Video (pago) + antologia de filmes (https://www.listchallenges.com/500-essential-cult-movies)

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    2. Olá, Matheus.
      Cara, os filmes de '80 foram importantes para mim. Vi e revi várias vezes ao longo da adolescência.
      Cinema fui muito quando guri. Após os 16 anos, na época da faculdade, fui pouco. Hj, quase não piso num. É caro demais pq não tenho meia entrada então pago a meia-entrada dos outros. Tô fora. Sem contar que me acomodei bastante e passei a gostar de habitar minha casa.
      Evito colocar propaganda dentro de postagem. Acho cansativo. Tô usando o código para o final do post.
      Por enquanto, não serve para nada. Tenho em média 10 mil acessos por mês e conferi agorinha: tá em 60 centavos (acho que de euro).
      Um espresso tá cinco conto. Um café da manhã bom tá custando em torno de 15 a 20 onde gosto de ir: uma padaria legalzinha.
      Logo, acho que vou desistir disso. Mas como me propus a ir até o final do ano, manterei.
      Enfeia bastante a página para retorno algum.
      Abç!

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    3. A melhor assinatura q fiz foi o YT Premium!

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  3. Fala, Fabiano. Tb sou assim: só assisto se estiver facinho. Abç!

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  4. Legal sua resenha, me deu vontade de assistir ao filme. Nem sabia da existência dele!

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  5. Assim como para você, os filmes dos anos 80 também foram importantes para mim. Por isso, para não destruir a boa lembrança que tenho deles, evito reassisti-los. Mais ainda, ver os remakes.

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    1. Fala, Marreta.
      Sempre q possível, tô revendo. Mas evito remakes.
      Abç!

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