sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Clássicos do Bumerangue, Papa-Capim e Turma da Mata: o bom senso nas histórias infantis


Este final de semana, li dois formatinhos que me fizeram pensar nas coisas boas que a paranoia pelo politicamente correto destruíram - em especial, o bom senso nas HQs. Pois é. Os gibis, às vezes, não perdem apenas a graça; perdem a lógica. Um dos gibis lidos é o Almanaque Clássicos do Bumerangue n.º 01 (janeiro de 2007), com histórias bem boladas e traços bonitos com personagens como Os Jetsons, Zé Colmeia e Hong Kong Fu. Um gibi sem frescuras que merece aplausos. Logo na primeira história, Peter Potamus vai para um planeta "Bizarro" (como o do Superman), onde tudo é às avessas. Não bastassem as barbaridades ocorridas na trama, ainda finalizam com o retorno à Terra em plena Idade Média e uma visão geral da Inquisição espanhola torturando os "hereges". Na segundo trama, Zé Colmeia trabalha em um resort onde aplica pequenos golpes, no restaurante, e, assim, rouba comida dos hóspedes. Em Os Jetsons, temos ótimos momentos, inclusive com o tesão explícito do Sr. Spacely pela dança sensual de Jane e Judy. A Formiga Atômica finaliza a edição numa história simples sobre a gula e a ineficiência da força policial.

O outro gibi lido no mesmo momento foi o Almanaque n.º 08 do Papa-capim e Turma da Mata (outubro de 2013). Gostei da edição. A última história é sobre caça a animais para fins diversos: pele de raposa para madames, tartarugas para sopa e os marfins do Jotalhão. Todos os caçadores, nos quadrinhos, empunham trabucos - afinal, eles não conseguem matar outro animal, à distância, com a força do pensamento. Mas o MSP evita publicar algo assim, para não incitar a violência. Delírios do Estúdio, é claro, pois atualmente os guris matam os amiguinhos no pátio da escola, a facadas, apenas de farra ou por outra bobagem qualquer. Quando há armas nas histórias a ser republicadas, o desenho é alterado e elas são suprimidas ou substituídas por outros instrumentos, mesmo que fiquem meio desconexos. Desta fez, tiveram o raro bom senso em mantê-las. O final é bonito justamente por isso - Jotalhão enterra todas e, sobre elas, planta uma flor. Dá para repassar bons ensinamentos mantendo os pés no chão, sem frescuras e devaneios. No entanto, na história "Fogo!!", Papa-Capim encontra um isqueiro que, talvez, tenha espalhado o incêndio pela floresta. Aparentemente, na história original, o caraíba que reencontra o isqueiro o utiliza para acender um cigarro (ou charuto); e isso foi alterado (acredito), ficando esquisito, no quadrinhos, o sujeito fazendo biquinho para a chama, como se quisesse beijá-la ou, no melhor esforço mental do leitor, apagá-la com um sopro.

Enfim, achei interessante compartilhar um pouco de minhas impressões sobre esses gibis, pela ótica do que seria, no momento, politicamente correto e como isso influência na qualidade e compreensão das histórias.







2 comentários:

  1. A MSP tá podre de Rica
    Não vale a pena para ela desafiar o politicamente correto hoje em dia
    Principalmente com tanta frescura a solta
    Boas estórias

    Abs

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    Respostas
    1. Certamente. Contudo, creio que uma maior crise no mercado de HQs se avizinha. Veremos se o MSP se manterá com lacração e adesão à agenda globalista, após jogar na latrina toda uma bela de história de belas artes e bons roteiros.
      Abraços, SCant!

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