sábado, 7 de setembro de 2019

Barras e Barreiras, retrato de Kelly Alves [Documentário]

Créditos da imagem: Jornal da Paraíba

Riccardo Migliore nasceu em Milão. Atualmente, é mestre em Comunicação pela UFPB e também graduando em Ciências Sociais pela UFCG. Kelly Alves é natural da zona rural de Puxinanã, Paraíba; é uma transexual que comeu o pau que o diabo amassou em sua jornada física e espiritual em busca de uma posição social digna, como qualquer outro cidadão brasileiro, seja gay ou não. Riccardo é o responsável pelo documentário Barras e Barreiras (argumento, roteiro, fotografia, edição e direção), onde conhecemos um pouco da vida de Kelly, que saiu de seu pequeno sítio para a cidade de Campina Grande, o maior centro urbano do interior do nordeste brasileiro.

Morei mais de cinco anos em Campina Grande (bem às margens do açude da fotografia acima), da qual ainda hoje sinto saudades. Minha mãe é natural de Puxinanã (cidade da Kelly) - terra seca que talvez tenha refletido em sua natureza igualmente árida e em sua loucura. Meu irmão estudou na UFCG e na UFPB (locais de estudo do cineasta). Conheci um pouco do centro da cidade, desde a violenta rua João Pessoa mencionada por Kelly (onde travestis fazem programas, drogas são vendidas e os mais diversos crimes acontecem) e também conheci muita gente diferente e interessante igual à protagonista.

Assisti a esse documentário na TV Brasil e fiquei bastante satisfeito ao encontrá-lo, na íntegra, postado no Youtube pelo próprio diretor, em seu canal. A produção teve várias exibições públicas e ganhou o Prêmio Aquisição TV Brasil (categoria Melhor média-metragem) na 6ª Mostra de Cinema e Direitos na América Latina (com votação do público em 27 capitais brasileiras). Infelizmente, procurando novamente o vídeo para republicar esta postagem, não o encontrei mais. Então fica a sugestão mesmo assim para quem encontrá-lo gratuitamente em algum sítio.

Como, há pouco tempo, recomendei a HQ Malu - Memória de Uma Trans, acho mais do que oportuno sugerir este bonito trabalho, que, dentre outros méritos, conseguiu aproveitar com felicidade a estética oferecida pela bela Campina Grande, mesmo quando abordada em suas noites frias e escuras, típicas da região da Borborema.

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