Cosmo Kramer & Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

"A senhorita Kruczynski não estava feliz e quis seguir em frente. Nós apenas ajudamos nisso."

Dr. Howard Mierzwiak

Minha experiência com serviços de streaming pagos é curiosa. Nunca gostei disso, pois preferia baixar tudo por torrent ou procurar sites que disponibilizam material gratuitamente (pirataria, enfim). E às vezes alguém lançava algo no Youtube com boa resolução, mesmo durando poucos dias. Além disso, muita gente vem conseguindo manter séries no Facebook em transmissões ao vivo. Vejo Os Simpsons assim, por exemplo, descompromissadamente.

Só que precisei assinar a Netflix por minha filha, para ter algum conteúdo de fácil acesso para ela. Depois, passei para o Prime da Amazon e às vezes compro cartões do Google para locar filmes on line e até da Globo, para rever algum programa etc. Tomei gosto pela praticidade de não ter que ficar buscando arquivos etc. Acho que estou ficando velho.

Acho o Prime um bom complemento à Netflix. Sem dúvidas a navegação nesta última plataforma é melhor, mais prática. Mas, por uns trocados, vale a pena ter os dois serviços. E no Prime estou revendo Seinfeld em boa resolução. 

É interessante como funciona nossa memória afetiva e associações. Assisto a Seinfeld desde 2002. Mas, atualmente, rever aqueles episódios me faz recordar constantemente alguém que conheci bem mais tarde, porque lhe falei sobre a série e ela gostou. Então ando revendo Jerry, Elaine, George e Kramer (maldita kavorka!) entre risos e muita saudade afetiva. Faz parte da vida, não é mesmo?

Esses dias também revi, no Prime, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, grande filme como tudo o que foi escrito por Charlie Kaufman mas que, estranhamente, é algo pouco recordado, quando se fala em cinema, no Brasil. Adoro esse filme. E, hoje em dia, ele faz ainda mais sentido à minha vida. A primeira vez que o vi foi no ano de lançamento e o achei "apenas" um ótimo filme. Hoje, é algo mais, pois encontra em mim maior ressonância emocional; assim como Seinfeld.

Brilho Eterno... fala essencialmente da persistência da memória e, como o exposto no pôster promocional de Drácula de Bram Stoker (vi este filme no lançamento, criança, acompanhado por minha mãe!): o amor nunca morre; na memória, vive para sempre.

É isso.

Como é imensa a felicidade da virgem sem culpa.

Esquecendo o mundo, e pelo mundo sendo esquecida.

Brilho eterno de uma mente sem lembranças!

Cada prece é aceita, e cada desejo realizado;

Trabalho e descanso mantidos em iguais períodos;

Obedientes sonhos dos quais podemos acordar e chorar;

Calmos desejos, afetos sempre furiosos.

(Excerto de Eloisa to Abelard, de Alexander Pope)