quinta-feira, 27 de abril de 2017

Cinema: O Caçador e Rastros de Maldade


Esta semana tive duas gratas surpresas buscando, à toa, ao que assistir na Netflix. Primeiro foi O Caçador, onde Willem Dafoe dá vida ao profissional contratado por uma companhia de tecnologia militar para obter fluidos e tecidos do tigre da tasmânia, em tese extinto há pelo menos sete décadas. O segundo filme, meio western e meio gore, é Rastros de Maldade, com Kurt Russell, seu bigode e grande elenco adentrando no deserto selvagem em busca de dois habitantes sequestrados por uma estranha tribo de canibais. Ambas as produções possuem algo em comum: a vida em ambiente inóspito, sobrevivencialismo e a exemplar força humana em ação.


O Caçador toca em pontos sensíveis, como ganância corporativa e meio ambiente. A empresa Red Leaf teria provas da existência do que talvez seja o último exemplar do tigre da tasmânia, mas não mede esforços e sacrifício de vidas humanas para obter amostras do DNA do "cãozinho" (não felino), o qual possuiria uma toxina única que paralisa com eficiência a presa. Na ilha, Dafoe se depara com a guerra civil ali travada entre lenhadores e acadêmicos/ativistas pentelhos que pretendem acabar com a derrubada de árvores a todo custo, ao invés de buscarem um consenso por extração responsável. O final do filme tinha tudo para ser pegajoso, mas consegue nos encantar, nos mantendo com os pés no chão. Conheço caçadores onde resido e posso afirmar que Willem Dafoe estudou bastante para encarar o papel.


Rastros de Maldade, por sua vez, deu ao western uma pegada de terror que nos deixa de queixo caído em vários momentos, diante da crueza das cenas. Aos poucos, percebemos que a tribo canibal trata-se de um quase elo perdido na evolução humana. São homens primitivos que se mantiveram intocáveis pelo avanço da civilização. Vários detalhes chamam atenção, como o uso de próteses ósseas na garganta - possivelmente inseridas desde crianças, para emitir sons irreproduzíveis - e presas de animais enxertadas nas faces de alguns membros do clã. A mutilação das fêmeas para que sirvam apenas à reprodução também nos choca. Contudo, a forma como preparam suas vítimas para comer é para acabar com nosso apetite por carne por dias. Mas não deixa de ser inteligente observar que, ao esquartejarem homens por baixo, partindo-os ao meio por entre as pernas, já põem para fora vísceras e restos de fezes, limpando a caça. A crueldade daqueles índios meio neandertais é ilimitada. Durante um momento, recordei de Meridiano de Sangue de Cormac McCarthy e suas passagens tenebrosas, onde indígenas penduravam as proles de seus adversários em galhos de árvores ou esmagavam-lhes as cabeças enquanto vivas, pegando-as pelo calcanhares.

Gostei do título original de Rastros de MaldadeBone Tomahawk. Os nativos canibais são exímios caçadores e seus instrumentos são feitos a partir de ossos, inclusive as machadinhas bem amoladas e com boa empunhadura que destroçam pessoas ao meio com pouco esforço.

Ficam as sugestões para este final de semana.

Abraços e até a próxima.

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