quinta-feira, 17 de julho de 2025

Necrófilos

Blogueiro velho desperdiçando tempo. Imagens geradas por I.A.

Vi uma postagem interessante no blog do Fabiano sobre ter ou não domínio próprio. O post surgiu a partir da indagação do Marreta sobre se pagar por um domínio próprio valeria a pena. Deixei lá minha resposta, defendendo que sim, é um investimento que vale a pena, diante do valor exíguo cobrado — dependendo do plano (anual, plurianual etc.).

Quando falo em investimento, não é necessariamente esperando retorno financeiro, mas sim investindo em algo que você gosta de fazer: manter um blogue. No entanto, pode, sim, haver retorno financeiro, caso você opte por monetizar. Fiz o teste de monetização por duas vezes, sendo uma pelo próprio Google AdSense — e não gostei. Muita poluição visual para um retorno pífio. Então, desisti. Mas o blogue continua aprovado para esse fim (monetização), caso eu mude de ideia.

Sobre isso, estou tentando ver se consigo algo via YouTube, pois parece mais viável. Consegui monetizar o canal há pouco tempo e, aos poucos, vai pingando uns centavos. Se o canal sobreviver, poderei sacar uns trocados esporadicamente, a cada US$ 100,00 acumulados. Veremos... Talvez, em breve, até mesmo o Google vaze do Bostil, diante de tanta insegurança jurídica e até mesmo diante da alma podre do bostileiro. Esta várzea faliu, mas poucos perceberam.

De qualquer forma, tanto este blog quanto o vlog já me rendem uma grana. Explico: sem eles, acho que eu teria adoecido mentalmente em vários momentos. Blogar e vlogar são terapias para mim. Logo, talvez eu esteja evitando gastos com psicólogos (nos quais não confio), psiquiatras e medicações caríssimas.

A internet é tão saudável para mim quanto ler, jogar videogame ou ver um bom filme. E, no caso deste site, tenho um carinho enorme por ele. Então, vale sim o “investimento” em domínio próprio, por esse apreço que possuo. Para quem não sabe, aliás, esta é sua segunda versão. A primeira foi removida pelo Blogger. Eu tinha backup das postagens, mas perdi, com isso, todo o histórico de mais de um milhão de acessos acumulados — o que certamente influencia na indicação do site pelos buscadores. Mas estamos aí novamente, engatinhando.

Voltando à postagem do Fabiano: o Marreta nos chamou de necrófilos. Achei bacana a definição. Parece mesmo que quem mantém e consome blogues são necrófilos de uma mídia já não apenas putrefata, mas cujos restos mortais foram cremados e espalhados no ar binário ou no mundo quântico. Pensei até em trocar o nome do meu espaço para “Blog do Necrófilo”, mas aí parariam aqui uma penca de tarados em busca de imagens de defuntas gostosas.

Por que blogamos? Porque gostamos. Porque preenche um vazio específico em nós — algo que precisa ser exprimido — talvez para recordarmos os velhos tempos da internet discada, seus fóruns, Orkut, IRC etc., e, mais especificamente, o HpG — plataforma brazuca de criação de páginas pessoais gratuitas, popular nos anos 2000 e tralalá. Precisávamos montar a página por meio de FTP (File Transfer Protocol). O meu site, naquela época de acesso discado, chamava-se Miscelândia — neologismo com “miscelânea” e “lândia” (land, terra, lugar). Durou pouco mais de um ano, acho.

Então veio a tecnologia Blogger, e a achei excelente: prática e com bons resultados nas ferramentas de busca.

Blogo porque o instante existe / e a minha vida está incompleta. / Não sou alegre nem sou triste: / sou pateta.

É isso.

Curiosamente, pedi à Skynet que definisse o Blog do Neófito, e a resposta foi a seguinte:

O Blog do Neófito é um espaço pessoal dedicado à cultura pop com um toque de erudição. Lá, o autor compartilha reflexões sobre artes, cinema, literatura, quadrinhos, música, séries e outros assuntos variados — sempre com uma pitada de análise ponderada ou ‘verniz de erudição’.

Principais características:

  • Temas diversos: de resenhas de filmes e séries, passando por críticas de HQs e séries literárias, até reflexões sobre músicas, arte e cultura em geral.

  • Abordagem reflexiva: um olhar pessoal e crítico, muitas vezes carregado de digressões e opiniões sólidas, como mostrado nas postagens sobre quadrinhos ou música.

  • Formato misto: textos com profundidade, com publicações regulares que misturam análise, narração de experiências e sugestões culturais em diversos formatos — escritos ou com vídeos/vlogs.

É mais ou menos isso. Nem eu saberia defini-lo. Na verdade, é meu antigo Miscelândia do HpG, apenas numa plataforma diferente. Não dou mais a atenção devida a este espaço, deveras. Mas, mediante o canal no YouTube, consigo trazer gente para cá, mesmo que seja apenas para uma bisbilhotagem marota.

Além disso, falar merda no iutúbi está me servindo mais, emocionalmente, do que escrever. Pode ser apenas uma fase, acho. O tempo dirá.

É isso. Só groselhar um pouco aqui.

Abraços necrófilos a todos — e até a próxima.

sábado, 14 de junho de 2025

A Hospedeira, filme ruim de 2013


Filme ruim da porra.
SILVA, João, 2013

Anteriormente, falei aqui sobre Joel Schumacher e seu estranho filme Blood Creek. Às vezes, nos surpreendemos com trabalhos medianos — ou francamente questionáveis — de bons cineastas, sejam eles roteiristas ou diretores. Há exceções, claro, como aqueles que só entregaram obras refinadas, a exemplo de Stanley Kubrick, Sam Mendes, Paul Thomas Anderson ou o roteirista Charlie Kaufman. Mas, vez ou outra, aparecem certos títulos nos currículos de alguns nomes respeitáveis que nos deixam perplexos. Ou melhor: compreendemos, sim. Provavelmente rolou uma boa grana, e o sujeito tinha contas vencidas a quitar.

É o caso do filme The Host, ou A Hospedeira, de 2013. Quem o dirigiu foi ninguém menos que Andrew Niccol, que também assina o roteiro — uma adaptação do romance de Stephenie Meyer, autora da série Crepúsculo (aquele dos vampirinhos sexys que brilham ao sol).

Vamos à sinopse. The Host é um filme de ficção científica ambientado em um futuro onde a Terra foi dominada por uma raça alienígena chamada “almas”, que assumem o controle dos corpos humanos. A história gira em torno de Melanie Stryder, uma jovem cuja mente resiste à alma chamada Peregrina (ou Wanda), implantada em seu corpo. Juntas, elas embarcam em uma jornada que desafia as regras desse novo mundo. As “almas” são criaturinhas brilhantes que cabem na palma da mão e entram no corpo humano por uma pequena incisão na nuca. São seres evoluídos que, ao ocuparem o planeta, acabam com as guerras, a fome, a dor e o sofrimento. Mas, naturalmente, existem grupos de resistência humana — e Melanie faz parte de um deles. Ela é muié guerreira tão determinada que a “alma parasita” acaba convivendo com sua consciência dentro do mesmo corpo e, a partir disso, aprende a valorizar a condição humana. Que lindo!

O mote até desperta interesse, mas não convence. Uma inteligência alienígena milenar, altamente evoluída, acaba simpatizando com a humanidade — uma espécie tóxica, interesseira, traiçoeira, promíscua e autodestrutiva. Mas, claro, nós temos algo que nenhuma civilização interplanetária tem: a capacidade de "amar" (leia-se: gozar gostoso em buracos quentes). Ironias à parte, as almas talvez amem nosso planeta mais do que nós mesmos, já que vêm para eliminar a nocividade herdada desde Adão e Eva - a primeira dívida histórica jogada em nosso colo! Se houvesse uma invasão assim, eu mesmo ficaria do lado dos ETs fofinhos.

Veja bem: Andrew Niccol escreveu filmes como Gattaca – A Experiência Genética (1997), O Show de Truman – O Show da Vida (1998), S1m0ne (2002), O Terminal (2004), O Senhor das Armas (2005), O Preço do Amanhã (2011), Good Kill – Máxima Precisão (2014) e Anon (2018). Então, um dia, ele pariu A Hospedeira — e, dizem, conseguiu dormir em paz mesmo assim. Se estava tão necessitado de dinheiro, talvez fosse mais digno aceitar um job na Rua Augusta.

Enfim, é isso. O filme é uma bosta e me ensinou que bons diretores e escritores se vendem igual a qualquer um: dinheiro na mão, calcinha no chão.

Abraços vendidos e até a próxima.


Andrew Niccol antes e após escrever e dirigir The Host. Imagens obviamente geradas por IA.