quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Superman, filme de 2025 escrito e dirigido por James Gunn

Assisti ao Superman de James Gunn porque está na grade da HBO Max, streaming que recebo gratuitamente do cartão de crédito – caso contrário, não assinaria, pois cada vez assisto menos a séries e filmes. E gostei do filme. É divertidamente super colorido, simples nas ideias e na linguagem, com definições claras e pueris de bem e mal, certo e errado, e tudo com cara de historinha com selo "aprovado pelo Comics Code Authority". Acho que essa foi a proposta e, se foi, deu certo. Superman é um cara legal e bobalhão; Lois Lane lhe detém o verdadeiro poder – sexual e afetivo – e Lex Luthor é um vilão invejoso que põe em prática ideias mirabolantes para destruir o alienígena.

A história não se limita apenas ao confronto entre Clark Kent e Lex Luthor, expandindo o universo dos "súperes" ao introduzir personagens icônicos, como Guy Gardner, o Lanterna Verde mais maluco da tropa, a Mulher-Gavião, o Senhor Incrível (Mister Terrific) e Metamorpho. Também temos a Engenheira – e só depois a associei à personagem de The Authority. Eu realmente pensava, assim que a vi, que fosse algo aproveitado da androide (ops!, ginoide) Hope, sacrificada pelo trilionário na HQ Lex Luthor: O Homem de Aço, como forma de voltar a opinião pública contra Superman - sendo que boa parte da trama do filme de James Gunn tem esse mote de descrédito junto à população, fazendo-a ver o super-herói como algo ameaçador.

Também há espaço para o carinha mais legal do pedaço: Jimmy Olsen. E para os pais adotivos de Kal-El: Jonathan e Martha Kent, que o ajudam a reforçar sua conexão com a humanidade, lembrando-o constantemente de suas raízes em Smallville, quando ele próprio começa a se questionar acerca de sua função na Terra, após tomar conhecimento de uma mensagem enviada pelos seus pais kryptonianos Jor-El e Lara, na qual vemos que a intenção de seu envio à Terra seria para nos governar e não para nos servir – o que, de certa forma, é um paradoxo, pois um bom governante quase divino não deixaria de ser um servidor público global com selo ISO de qualidade. Recordei que, na série Smallville (assistia em pedaços, no SBT), houve algo semelhante, quando Clark decifra uma mensagem na espaçonave que o trouxe e as instruções seriam para que ele dominasse a gentalha terráquea.

No final da história, temos uma ponta da Supergirl como uma jovem mulher irresponsável que vive em baladas pelo cosmo em busca de leitadas extraterrestres, recebendo de volta seu cãozinho Krypto. Este, aliás, foi uma bela sacada do escritor/diretor para alocar sua obra nos recônditos mais imberbes da memória coletiva. Ele poderia ter nos dado um Kal-El gay, negro e da quebrada, dono da porra toda e sambando na cara dos fazendeiros retrógrados de Smallville; ou um alien viciado em cheirar regolito lunar. Mas não: nos entregou um super bobão gente fina que, ao final da obra, encontra conforto em suas lembranças enquanto humano, crescendo ao lado de pais caipiras responsáveis e carinhosos.

Ratifico: bom filme, divertido, simples e colorido. Veio-me Christopher Reeve à mente enquanto assistia. Não sei por quê. Acho que porque me lembrei dos filmes em que ele deu vida ao personagem, e eu assistia à exaustão quando era guri.

É isso. Superabraços e até a próxima.


sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Gangsta's Paradise da vida real


Vou te apresentar um Kit Salve Da Quebrada:
um jacarezinho pra amarrar a mãozinha dela,
um taco de beisebol pra quebrar o braço dela,
dez metros de fio pra zebrar as costas dela,
uma maquininha pra raspar o cabelo dela.

MC Bóbi Dilã, 2025

O filme Mentes Perigosas fez bastante sucesso quando eu era adolescente. LouAnne Johnson (Michelle "diliça" Pfeiffer) é uma oficial naval que tem a brilhante ideia de largar a Marinha para lecionar inglês em uma escola pública fodida na Califórnia — o Estado com mais putas e bandidos por metro quadrado dos USA, creio. Ao se deparar com uma turma de adolescentes desgraçados, violentos e filhos da puta, ela percebe que os métodos tradicionais não funcionam. Ora, quem diria, né? Determinada a fazer a diferença, LouAnne (muié "inspiradora" ainda viva, sobre quem o filme se baseou) adota estratégias pouco convencionais para conquistar a confiança dos alunos, inspirando-os com músicas de Bob Dylan, amor e compreensão. Claro, ela mantém a dureza, mas sem perder a ternura. E não é que, dizem, deu certo? Alguns dos meliantes se aprumaram na vida. Coisas de cinema, claro. E tudo embalado pelo rap mais famoso da história: Gangsta's Paradise.

Gangsta's Paradise foi composta (sobre Pastime Paradise do genial Stevie Wonder) para o filme e conta com a própria Michelle Pfeiffer no clipe oficial. Fala do desperdício de vida com o crime. De pessoas que se iluminaram etc. Tem tudo a ver com a película e, creio, é uma das canções que melhor casou com uma produção cinematográfica. Mas... é só uma música. Os coringas e as arlequinas das quebradas não têm salvação a não ser matando-se. Gente imunda, ruim, que ostenta em redes sociais com fuzis, maços de dinheiro e pó, muito pó. Zé Maloqueiro e suas Marias Putianes não querem saber de Bob Dylan nem tampouco pensam em mudar de vida. É aquela vida que querem, até a morte. E, francamente, nesta imundície onde vivemos, não é uma escolha irracional ofertar-se ao crime. A outra opção é subemprego para alimentar o sistema de corrupção, onde apenas políticos, burocratas e empresários amigos do Poder enriquecem. Então é isso: não os julgo, mas não sou obrigado a gostar deles nem a achar óbvio que tenham mortes trágicas. É melhor bandido se trucidando, em brigas entre facções, do que matando trabalhador já ferrado na vida. Um dia, creio, todos os bandidos faccionados do Brasil unir-se-ão e mandarão de vez nesta latrina. Mas isso é outra história para abordar noutra postagem.

Então vamos lá...

Vi no “X” - antigo Twitter - um vídeo curto com o cadáver de Eweline Passos Rodrigues, vulgo Diaba Loira, aos 28 anos de idade, totalmente destroçado. Aparentemente, houve tortura antes da morte. A morte rápida é uma recompensa; tortura é punição. Em O Último dos Moicanos, Daniel Day-Lewis corre contra o tempo para atirar na cabeça do major Ducan antes que o fogo comece a devorá-lo dos pés à cabeça (se bem que, neste caso, o cidadão falece primeiro por sufocamento, devido à fumaça). Em Família Soprano, Tony precisa entregar seu primo, interpretado por Steve Buscemi, à família rival; mas querem o malandro vivo. Tony o entrega, mas não sem antes lhe estourar a cabeça com uma escopeta. O problema nunca foi a morte, mas a morte lenta. E, francamente, não tenho pena das “diabas e diabos loiros” que são torturados por aí, na vida do crime. Felizmente, não os conheço, nem penso neles. Só vejo o resultado da existência dessas pessoas em nosso mundo: podridão. “Do cocô vieste, ao cocô retornarás” — está na Bíblia.


Diaba Loira delirou com o crime e morreu por ele. O fascínio pelo crime não é recente. Acho que sempre esteve incrustado na sociedade. Bandidos tornaram-se celebridades tanto lá fora quanto em nosso país amaldiçoado. Mulheres que molham a calcinha por marginais e homens que se fodem por vagabundas. Aliás, esses dias vi como Suzane von Richthofen está bem, vivendo uma bela história de amor com um médico (profissão de bom status social), enquanto seu irmão Andreas sobrevive com a cabeça em frangalhos. Igor Eduardo Pereira Cabral, que deu 60 (sessenta) socos na cara da namorada, estaria recebendo quase dois mil e-mails de moçoilas querendo lhe dar xota no xilindró. A coisa é por aí... A maioria dos homens e mulheres tem inclinação para a safadeza - especialmente para o crime, acaso tenha a garantia de ganhos e vislumbre pouca chance de punição.

É isso. Que todos os diabos e diabas do crime virem carne moída ainda na flor da idade. Amém.

Abraços "é nóix, parça" e até a próxima.


Arlequinas antes de tomarem um "kit salve da quebrada".


Pastime Paradise, Stevie Wonder, Songs in the Key of Life, 1976