domingo, 16 de outubro de 2022

Hellraiser 2022

Roland Voight é um milionário que tem acesso a tudo o que deseja. Entediado, sem saber mais o que fazer da vida para torrar toda a grana acumulada, parte para o catimbó e vai bater tambor. No universo concebido por Clive Barker, isso quer dizer algo mais sofisticado. Logo, Voight procurará meios de acesso à cúpula da Ordem de Gash: o próprio Leviatã, em busca do prêmio à sua escolha. Mas, bobinho, pensou que negociaria de boa com demônios e tomou na tarraqueta. O presente foi o de sempre: dor. Para tentar remediar o mal negócio, seguirá novamente todos os passos anteriores, com sacrifícios de inocentes. E é aí que entram a noiada sebosa Riley e seu namorado picareta Trevor. Na jornada, os cenobitas aproveitam a bagunça para fazer o que mais gostam: remoer carne.

Anteriormente, postei no Youtube minhas suspeitas que o reboot cinematográfico de Hellraiser seria fraco. E foi. Não compreendo como "críticos especializados" acharam essa produção mixuruca um alento para o futuro da franquia. Mentira: finjo não entendê-los... Pois o filme é só mais do mesmo, com pequenas reformulações e sem Pinhead. Sim, pois aquela entidade esquisita não serve para Pinhead. Toda a maravilhosa concepção do sacerdote sadomasoquista, desenhada por anos e anos, foi jogada no lixo em prol da "diversidade" ou seja mais lá o quê. Repito que no romance primevo The Hellbound Heart não temos Pinhead. O mais próximo que poderia se aproximar dele é a sugestão de um cenobita com voz feminina e joias na face, que quase não tem destaque na trama. O próprio Clive se encarregou de reformular a ideia, dando à luz (ou às trevas) o verdadeiro Pinhead, o que melhor viria a calhar na cinematografia.

O "novo" Hellraiser é um filme com bons momentos grotescos para matar o tempo. E dentro do universo Hellraiser, obviamente. Há alguns elementos bacanas, explorados pelos roteiristas Ben Collins e Lucas Piotrowski. Eles optaram, por exemplo, pelo fim das roupas de couro. Os capetas vivem peladões e pequenos traços de trajes são representados por recortes e costuras com suas próprias peles. A caixinha finalmente encontrou uma explicação plausível para sua denominação como "Configuração do Lamento". No filme, ela passa por várias configurações e, no final, o "vencedor" pode escolher um caminho, uma configuração como prêmio. A viciada vagabunda não escolhe nenhuma, rejeitando qualquer agrado. Assim, "Pinhead" lhe diz que sua opção foi pelo lamento e a caixa retorna à configuração padrão: um cubo.

Hellraiser 2022, logo, segue o padrão do que vem sendo feito há anos e anos: lixo. Filme podre com bons momentos de nojeira que, para mim, é bacana de se ver na madrugada, deitado na minha rede baforando um charuto e bebendo porcarias.

Felizmente, não gastei nenhum real para assistir. Por ser filme de streaming, os caras upam imediatamente em trocentos serviços gratuitos, com boa resolução. Do próprio celular, transmito para a TV quando possível. Se não, espelho a imagem e assisto de boa, confortavelmente. Como boa empresa engajada com movimentos coletivistas, a Hulu não deve se incomodar com isso. Não importa o meio escolhido, Doug Bradley chora no banho de qualquer maneira.

Abraços lixosos e até a próxima.

4 comentários:

  1. Cheguei a ver ontem esse filme, e também me decepcionei, mesmo sem esperar muita coisa. Essa Pinhead não me convenceu, todo esse filme em si em nada lembra um remake, podia se chamar Hellraiser 10 que não faria diferença. Ainda prefiro os cenobitas com as roupas de couro do primeiro filme, eram bem mais ameaçadores, principalmente o que batia os dentes, e até a forma que eles enquadravam era mais inescapável, sempre em quartos pequenos, com todas as paredes bloqueadas. O filme nem precisava de Pinhead, poderiam ter criado outra personagem ali, se tavam tão inspirados em reformular os demais cenobitas para parecerem armas biológicas de algum Resident Evil. Só gostei do final mesmo, que foi quando o filme se tornou menos previsível e tentou somar em algo, como citado no texto, ampliando o significado da caixa. Já tinham feito isso no Hellraiser IV, mostrando o criador dela, mas a trama descambou para uma ficção científica com ares de paródia, que me pergunto como o estúdio aprovou o roteiro. No geral, dos Hellraisers, gosto mais dos filmes que tem histórias menores e fechadas, onde a presença dos cenobitas vai atuando como um cerco sádico e inteligente, como no Hellraiser V, onde o Pinhead mesmo só aparecendo no final, tem uma participação memorável.

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    1. "armas biológicas de algum Resident Evil" Bem lembrado. E até elas usam couro, como o Mister X e o Nemesis, até mesmo para manter a mutação sob controle. Senti falta do couro. Faz parte da mitologia toda. Dá ares sacerdotais aos capetas, pela cor negra. Achei apenas a pegada "original", diferente. E é assim que vejo aqueles cenobitas: uma nova abordagem dentro do universo Hellraiser. Como vc disse: um Hellraiser X. Tb gosto bastante do "V". Souberam fazer um filme dentro do universo, mas com pouca presença de cenobitas.
      Abraços!

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  2. Bom saber q é um lixo
    Verei sem pressa quando "aparecer" em algum streaming q tenho acesso

    Abs!

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    1. Vê nesses "flixs" piratas por aí. As imagens estão ótimas. Tem bons momentos de gore.
      Abraços!

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