Mein Führer! I can walk!
Dr. Strangelove
Peter Sellers foi um ator que mexeu bastante comigo. Alguns atores conseguem isso conosco. Vejo filmes com Denzel Washington, por exemplo, como o mosquito vai em direção à luz. No caso de Sellers, ele imortalizou-se como Inspetor Clouseau em produções d'A Pantera Cor-de-Rosa. Para mim, acho que foi em Lolita, mesmo sendo curto seu papel. Nunca vi alguém parecer tão sinistro num papel como ele encarnando Clare Quilty, o responsável por levar Lolita à perdição (além do instinto natural da rebenta em ser quenga, claro). Se você não assistiu a Lolita de Stanley Kubrick, faça-o para ontem.
Com Kubrick, Sellers interpretou três personagens em Dr. Strangelove, a melhor peça de humor negro da História. Para mim, o personagem que dá título à película é ícone da Sétima Arte. O nazista naturalizado americano na Operação Clipe de Papel condensa minutos preciosos do cinema, azucrinado pela mão negra do nazismo, sempre em riste, com ânsia de sangue (chega a enforcar "seu dono") e saudando o Presidente ianque por "mein Führer".
Não recordo quando, mas foi há décadas que assisti a Muito Além do Jardim (1979), um dos último trabalhos de Sellers, antes de enfartar após não aguentar o tranco com a moçoila noiada com quem casou. Na trama, conhecemos o senhor Chance, analfabeto que passou a vida inteira trancado numa mansão, como jardineiro. Sua única atividade lúdica e intelectual: ver televisão. Um dia, seu patrão falece e ele sai sem destino às ruas, sendo atropelado e levado à casa do magnata interpretado por ninguém menos que Melvyn Douglas, já em estado de mumificação. Em pouco tempo, este poderoso homem se afeiçoa a Chance e lhe faz muitas perguntas sobre condição humana, geopolítica etc. Chance o responde com metáforas vazias relacionadas à jardinagem ou a programas de TV. Logo, é visto como Filósofo. Antes de falecer, o magnata apresenta Chance à cúpula política nacional. No final, o jardineiro analfabeto com belas frases de efeito terá, em suas mãos, o maior poderio bélico e econômico da História.
Muito Além do Jardim é belo e enigmático. Nunca li o romance que lhe deu origem. Mas, no cinema, chamam atenção alguns símbolos que remeteriam aos agentes da Nova Ordem Mundial conduzindo os negócios na nação. Melvyn Douglas seria alguém como o Soros de nossa atualidade, talvez. Recordo que Hillary Clinton seria a possível Presidente da República, quando Soros, numa reunião de poucos minutos entre ela e Obama, escolheu este para a disputa. As frases bonitas de Obama, com seu gingado de bom moço, atendiam melhor aos anseios das maiores fortunas globais. E assim permaneceu oito anos na Casa Branca, regulamentando os menores atos da vida individual, familiar e comunitária. Foi um trabalho competente, além de aumentar o tamanho do Governo federal em quase o dobro sem que isso representasse nada em termos de Defesa Nacional ou algo significativo.
O jardineiro Chance logo conquista os EUA. Todos se rendem aos seus encantos, polidez, fala macia e mansa e lugares-comuns. Da boca de Chance, só emana amor, seja lá o que isso signifique em termos de política destinada a milhões de habitantes tão distintos entre si. Chance é o Presidente que todos querem ter, especialmente os brasileiros.
Há anos vi Muito Além do Jardim e recordei deste filme por acaso, quando vejo eleitores "assombrados" diante das falas de nosso Presidente da República, que fala em "cagar" (isso quando não caga pela boca) e outras coisas absurdas. "Mas e a liturgia do cargo?". Isso não existe mais em lugar algum da Terra. Biden chama Putin de assassino, Macron destrói a Guiana Francesa enquanto quer ditar regra para nós, nossos Parlamentares gastam milhões com o circo da Covid 19 e, de acordo com o Supremo, não existe mais independência entre os Poderes. O mundo é um puteiro e só você ainda não percebeu.
O discurso fofo não cola. Desconfio de palavras acarinhadas e carinhosas. Esses dias, descobri que Luciano Huck proíbe pedreiros no mesmo pavimento que ele e sua família, durante reformas. Que Regina Casé ama o povo da favela mas tem problemas com pobretões próximos. E por aí vai. É como o PSOL que fala em defesa da CLT, mas só contata por meio de PJ. Como dizia vovó, falar é fácil.
Não quero o senhor Chance no Planalto. Prefiro Bolsonaro. É isso.
Abraços e fiquem com Sellers, abaixo.
"O mundo é um puteiro e só você ainda não percebeu." quem dera.
ResponderExcluirse o mundo fosse como um puteiro, seria bem melhor organizado e sincero. receberíamos exatamente pelo que pagamos e ainda estaríamos satisfeitos e felizes com o serviço. ainda que alguns pudessem achar que algo tão prazeroso só pudesse ser pecado...
o serviço público e o Estado atuais poderiam melhorar muito copiando puteiros.
acho que o mundo é pior que um puteiro.
abs!
Mas é. Só que não fodemos. Somos fodidos. Por isso não enxergamos o lado bom da zona.
ExcluirComo servidor público, tento fazer bem meu serviço. Não tenho trabalho acumulado e desempenho com honestidade minha função. Mas como usuário dos serviços públicos, que horror. Às vezes acho que o problema não é do setor público, mas brasileiro. Quantas vezes não vemos descaso na própria iniciativa privada, com ou sem concorrência. A descortesia, a má fé, o marasmo. Isso é nosso. Brasileiro é porco.
Abraços!
"Brasileiro é porco." eu ia defender o porco na comparação com o brasileiro, mas já me basta a inveja da organização dos puteiros, por hoje :)
Excluirabs!
Ah uma barriguinha de porco na brasa...
ExcluirAssisti a Muito Além do Jardim há muito, muito tempo e gostei demais, achei belíssimo. Mas não vi nada dessas simbologias subliminares etc. Talvez fossem tempos mais puros quando eu o assisti, Ou eu fosse mais puro, vai saber.
ResponderExcluirE concordo com o Scant : antes o mundo fosse um puteiro; funcionaria bem melhor. No puteiro, tem quem manda e pronto, ninguém fica fazendo reunião com as putas (nossa câmara e nosso congresso) para ver o que elas querem e acham melhor para o puteiro.
Acerca da simbologia, acho que fica mais evidente quando do funeral no final, com os signos pagãos no mausoléu. Os EUA possuem sociedades DISCRETAS poderosas, todas com viés místico. Ex.: Skull and Bones.
ExcluirPensar neste filme me deu vontade de revê-lo.
Abraços!
Olá, Neófito.
ResponderExcluirAcho que mencionei algo em relação a jogos antigos antes. Comigo ocorre o mesmo em relação aos filmes. Esses filmes em preto e branco, simplesmente não consigo assistir, acho que um choque de realidade para quem viveu só no colorido e com atores de outra época ocorre comigo. Mesmo assim, Lolita é um livro que sempre quis ler, apesar de nunca ter visto o filme. Inclusive, baixei aqui para lê-lo essa semana.
Quanto ao mundo atual, acho que a lama, ou puteiro, ou seja lá como queira chamar, está muito putrefa. Acho que Olavo dizia que nós suportavamos a miséria dos mendingos ao esquecer deles, mesmo os vendo na rua. Simplesmente fingimos que não os vimos. O mundo atual é assim, muitas pessoas fingem que não veem como o mundo é sujo. E continuamos, mesmo que sendo feitos de trouxa por alguns caras que controlam tudo e todos, para não enlouquecer.
Quanto a metáfora do puteiro, acho que é bem válida. O Brasil parece muito com puteiros baratos, cheios de putas safadas e mentirosas. Dizem que farão tudo e que o programa é completo, só para reverter tudo nos primeiros minutos de ação. O tempo necessário para acher putas decentes é grande, a maioria é assim, malandra.
Concordo com você, o problema é o brasileiro. Somos arrogantes, descorteses e malandros. Ainda assim, existem exceções.
Abraços.
Fala, Matheus.
ExcluirA estética P&B me atrai bastante. Gosto de produções modernas em P&B, por exemplo. Na terceira temporada de Twin Peaks, por exemplo, David Lynch fez uso do recurso em um dos episódios. Ficou bonito. Mank (indicado a Oscar), tb ficou legal sem cores.
Sobre os jogos, meu problema com os mais antigos (e venho gostando de vários) é que são muito difíceis. Propositadamente difíceis, o que às vezes frustra (mas, na contramão, recompensa o ego).
Felizmente, até hoje não tive problemas com putas baratas que nunca cumpriram o acordado.
Como transito entre ricos e pobres (e tô no meio, do meio pra baixo), percebo este estado de negação em ambos. O pobres estão de boa, igual Construção de Chico Buarque, se calando com a boca de feijão e muita cerveja vagabunda no final de semana (Crystal, Lokal etc.). Desde que o Bolsa Família esteja na conta (agora incrementado com o auxílio covid), está valendo. E muitos mesmo trabalhando recebem. Algo que deveria ser para estado emergencial é, desde sempre, destinado à cerveja. E o rico está de boa, numa casa de alguns milhões (meu bairro é pobre, mas há casas e chácaras milionárias) e podendo viajar, finge que está tudo bem à sua volta.
Minha opção de vida foi aproveitar as coisas boas da vida, sem estar alheio aos problemas, mas sem me deixar contaminar por eles, pois não posso enfrentá-los. Caso contrário, a gente pira.
Abraços!
Olá, Fabiano.
ResponderExcluirEstou sem acessar Facebook. Tinha fechado até minha conta de Instagram, mas reabri devido a questões profissionais.
500 mil mortes... E morrerão mais. O Presidente não está catando vírus nas ruas. O Brasil é continental. Proporcionalmente, nem estamos na liderança. Aliás, bem longe disso. E números absolutos não contam, pois temos muita gente em nosso território. O que fazer? A Argentina trancou todo mundo em casa e está fodida do mesmo jeito; ou pior: a economia em frangalhos. No Chile, apesar da vacinação em massa, pessoas estão morrendo e contraindo. Aqui no Brasil, a gestão da covid cabe aos Estado e Municípios. Foram BILHÕES repassados.
500 mil mortos. E muitos famosos. É como o ator Paulo alguma coisa, que morreu pq, mesmo se recuperando de câncer, contraiu covid após viagens e festinhas. Ou o filho do Datena, que passou toda a pandemia viajando o mundo. Eu mesmo tive covid pq EU NÃO ME CUIDEI.
Votei em Bolsonaro e votarei novamente. Espero que todos façam uso consciente tb de seu voto. Tomem partido de algo. Que votem até em Lula.
Sobre MSP... acompanhei tudo por seu canal e não gostei do que vi. Tudo muito bobo, passatempos em exagero, arte medíocre. Mesmo que tenha uma história boa numa revista, minha grana é preciosa demais para gastar com essas publicações. Temos muita coisa Abril e Globo para ler e reler. A vida é curta. O tempo é precioso para tentar insistir com o MSP.
O mundo mudou e está mudando. Mas devido a isso não precisam publicar gibis para retardados. A Disney está aí de prova. As hqs italianas novas não subestimam a inteligência de crianças, quanto mais de adultos.
Verei o vídeo, como sempre.
Abraços!
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ResponderExcluirFala, Pateta.
ExcluirRealmente, há décadas abandonei a TV aberta. Essencialmente, foco no Youtube. Gosto de vários canais, os quais acompanho. E tb muito conteúdo aleatório por lá mesmo. Recomendo assinar o YT Premium para fugir de comerciais. Boa sugestão. Um dia talvez indique algo sobre canais.
Abraços!