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O personagem central de O Nome da Rosa não é o monge detetive Guilherme de Baskerville nem tampouco Adso de Melk, então noviço à época dos eventos e que, já idoso, nos narra toda a história mirífica ocorrida num remoto mosteiro cujo nome lhe pareceu prudente omitir. O protagonismo fica por conta da imensa biblioteca cuja arquitetura remete aos labirintos clássicos. Não apenas neste, mas em diversos romances de Umberto Eco, o conhecimento e a maneira de manipulá-lo são o mote para suas tramas.
Mantive, na adolescência, uma relação íntima com bibliotecas. Residia próximo à feira livre na cidade de Caruaru - PE, onde ficavam as melhores bibliotecas de acesso público, como a do Sesc e a existente na Casa de Cultura José Condé. Esta última era fantástica, com um maravilhoso acervo de livros raros que pertenceram aos escritores José Condé e Álvaro Lins. No início, podíamos circular livremente entre as estantes e foi assim que, por mero acaso, acabei tendo contato com muita coisa boa. Depois, a biblioteca passou a utilizar o sistema de balcão, onde o livro precisa ser solicitado a um funcionário. Bons tempos... Na verdade, não recordo bem se foram tempos tão bons. Contudo, a recordação daquele momento é boa. A isso, afinal, é que chamam de nostalgia.
Um ótimo romance que também dá ao livro enquanto objeto um papel de destaque, bem como às bibliotecas, é O Clube Dumas de Arturo Pérez-Reverte, adaptado para o cinema como o Último Portal por Roman "Pervertido" Polanski. Nesta obra, tomamos contato com um mundo dos livros raros, seus colecionadores endinheirados e lunáticos - bibliófilos e bibliômanos. As nuances da bibliofilia são realmente instigantes.
Há poucas semanas adquiri o compêndio A Biblioteca: Uma História Mundial, do arquiteto James W. P. Campbell e do fotógrafo Will Pryce. Trata-se de uma obra tanto para leitura linear quanto para consultas esporádicas e leituras eventuais. Como quase toda edição Sesc, é caprichada. São 328 páginas em papel similar ao cuchê de elevada gramatura num baita tamanho de 24,0 x 30,0 centímetros, e capa dura com sobrecapa. Acredito que o sucesso da obra se deve a entregar a quem entende o tema "biblioteca": a um arquiteto. Independentemente do conteúdo depositado em suas estantes, uma biblioteca é sobretudo planejamento de espaço físico, ambiental. Eco - citado acima - deixa isso claro em O Nome da Rosa, ao destacar toda a arquitetura labiríntica onde a abadia trancafiava seus valiosos pergaminhos. O objetivo, ali, era impedir o livre acesso às obras, de maneira que apenas o bibliotecário e seu assistente soubessem, por bastante treino e memorização, onde encontrar cada obra requisitada.
Aos amantes de papel impresso e que tiveram a oportunidade de frequentar bibliotecas (espaço em extinção), recomendo bastante esse compêndio o qual, para mim, serve como extensão da edição Livro: Uma História Viva de Martyn Lyons, da editora Senac São Paulo, outrora brevemente resenhado por mim no antigo blogue.
Abraços e até a próxima.
Esse filme é muito bom
ResponderExcluirGostei do livro, cheio de história e feito com bom gosto
Merece um lugar na estante
Abs!
"Merece um lugar na estante"
ExcluirMe atraiu sobretudo pelo capricho gráfico e acabamento.
Abraços!
Cravaram uma série O nome da rosa com 8 episódios, foi lançada esse ano, é muito boa.
ResponderExcluirEu não sabia disso. Grato por compartilhar. Ando meio sem paciência para seriados. Mas oito episódios dá para suportar, especialmente se for mesmo boa.
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