domingo, 26 de fevereiro de 2017

Sherlock da BBC [ Série, TV ]



  • Terminei de assistir à série Sherlock e gostei bastante. Atualmente, já há duas temporadas com três episódios cada uma, cada com duração de 1h30m cada um. A trama se passa na época atual, mas todos os elementos construídos por Sir Arthur Conan Doyle estão ali. Sherlock Holmes conhece o médico John H. Watson para, com ele, dividir um apartamento localizado no 221B da rua Baker. Em pouco tempo, está formada a famosa dupla, com Sherlock ratificando toda a validade de sua ciência da dedução e Dr.º Watson o auxiliando e registrando todas as aventuras para a posteridade, além de oferecer à equipe um contraponto mais "humano".
  • Na série, ao invés de diários, Watson mantém um blog bastante acessado em todo o Reino Unido. O vício em cocaína de Holmes foi substituído por nicotina. Todos os personagens fazem-se presentes: Inspetor Lestrade, Mycroft Holmes, James Moriarty, Irene Adler etc.
  • As tramas seguem momentos épicos do personagem na literatura. Assim, Um Estudo em Vermelho tornou-se Um Estudo em Rosa, dando vez a um assassino serial killer. O Cão dos Baskerville tornou-se O Cão de Baskerville, numa trama recheada de incursões pela engenharia genética. Nesses episódios, personagens das obras obras escritas assumem novos papéis, similares ou não ao original. Para quem conhece um pouco da obra de Conan Doyle, é bacana ver isso.
  • É curioso como utilizam alguns elementos das obras originais. Na literatura, Sherlock sempre se refere a Irene Adler como "A Mulher". Este título é utilizando por ela, na série, em seus site profissional, onde oferece serviços de dominatrix para toda espécie de pervertido. Pequenos detalhes como esse aparecem aos montes no seriado.
  • Até o famoso chapéu ridículo tipo deerstalker ganha espaço no seriado, quando Sherlock, para se proteger de repórteres, o pega do vestiário de um teatro. A imagem dele com o chapéu vira sucesso nos tabloides ingleses.
  • A caracterização de Moriarty ficou boa. É interessante como ele refere-se à resolução de seus atritos com Holmes como "o problema final". Este é o título da novela onde o detetive finalmente conhece o "Napoleão do crime" e o enfrenta nas Cataratas de Reichenbach. Na TV, as cataratas são mencionadas durante todo o episódio final da segunda temporada, por Sherlock ter recuperado uma tela famosa intitulada The Fall of Reichenbach. E, neste mesmo episódio, o duelo nas alturas da queda d'água na Suiça é transportado para o telhado do hospital São Bartolomeu.
  • Detalhes como os acima informados são encontrados aos montes por pessoas mais atentas. Ratifico ser uma boa série. Mas nada de extraordinário. Na maioria das vezes, a resolução dos casos é "elementar". Poderiam ter trabalhado mais em cima disso. Ainda acho Monk a melhor série de detetive que já acompanhei. Além das tramas inteligentes, ainda ganhamos o bom humor.
  • Spoiler a partir daqui. Como falei, acho a série elementar. No final da segunda temporada, pensamos que Holmes morreu na queda do telhado. Como nos livros, isso é mentira. Mas ainda não sabemos o que ocorreu. Então, aqui, vai meu palpite. Sherlock pulou do telhado para dentro do lixo depositado no caminhão à frente do edifício. O corpo que se espatifou foi o de um cadáver, arremessado, em seu lugar, durante a queda. O ciclista que derruba Watson para ele não ver tudo faz parte da rede de sem-tetos de Sherlock. Quem o ajudou com o corpo? Sua admiradora patologista. É mais ou menos isso. Também imaginei que o corpo tivesse sido substituído após a queda. Assim, Holmes, após cair no lixo, trocaria de lugar com o cadáver. Mas essa segunda hipótese parece mirabolante demais. Ainda creio que o corpo encontrado por Watson foi mesmo o de um sósia. Veremos a terceira temporada para ter certeza.
  • Por último ficam algumas sugestões minhas de obras que, como esta série, utilizam elementos da criação do Sir Conan Doyle. Primeiro, O Xangô de Baker Street, romance de Jô Soares protagonizado pelo detetive britânico em solo brasileiro, com direito a Watson sendo possuído por uma pomba-gira. O romance também foi adaptado para o cinema, numa boa produção. Ainda recomento A Liga Extraordinária de Alan Moore e Kevin O'Neill, uma das HQs mais brilhantes da História, onde encontramos os irmãos Mycroft e Sherlock Holmes e o Professor James Moriarty. Atualmente, no Brasil, faltam publicar o volume de ligação Dossiê Negro e o terceiro volume da terceira parte para concluirmos toda a saga da Liga. Também não posso deixar de lado O Nome da Rosa, a opus magna de Umberto Eco, um romance detetivesco erudito cuja trama se passa na idade média e tem seu protagonista Guilherme de Baskerville inspirado em Holmes. Aliás, o sobrenome "Baskerville" é mais do que explícito.

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