Vide cor tuum / E d'esto core ardendo / Cor tuum
Vide Cor Meum de Patrick Cassidy
Magoado e só, / - Só! - meu coração ardeu:
/ Ardeu em gritos dementes
Epígrafe de Manuel Bandeira
Faz mais de seis meses desde a última postagem nesta plataforma defunta. Ainda gosto deste espaço e as estatísticas me indicam que, por incrível que pareça, ainda há bons acessos. No último mês, foram quase cinco mil. Então é um site que merece permanecer de pé, mesmo que a maioria das pessoas prefiram redes sociais variadas - a exemplo do Instagram - e vídeos curtos como no YouTube, TikTok etc.. Então, enquanto houver acessos, manterei o blog. Mas não me vejo mais no ritmo do passado, com postagens regulares, ao menos semanais. De qualquer forma, pode ser que isso mude. Vai que eu sinta ímpetos, mais à frente, de escrever regularmente? Pode ocorrer. Muitas vezes, não estamos empolgados com algo (música, filme, leituras, escrita e hobbies diversos, v.g.) e, de repente, nos damos bastante a algo até então anestesiado.
Mas vamos lá. Esses dias, reli todos os livros de Thomas Harris onde encontramos o vilão Hannibal Lecter: Dragão Vermelho, em 1981; O Silêncio dos Inocentes, 1988; Hannibal, 1999; e Hannibal - A Origem do Mal, de 2006. Releituras em regra são proveitosas e deveras encontramos no texto - e nas entrelinhas - novas percepções passadas incógnitas à primeira vista. Dessas releituras, surgiram alguns vídeos postados no meu vlog. Então basicamente o objetivo desta postagem é fazer auto-jabá de meu conteúdo. Até porque só tenho a mim mesmo para me divulgar. Entretanto, há algo que queria compartilhar: uma belíssima peça que nunca existiu.
Tanto no romance quanto no filme homônimo - dirigido porcamente por Ridley Scott -, Hannibal assume a vida de Dr. Fell, curador da biblioteca do Palazzo di Gino Capponi. Ali, ele se interessa ainda mais por Dante Alighieri e a obra Vita Nuova é citada algumas vezes. No livro, Hannibal, sob seu disfarce de curador, realmente encontra o casal Rinaldo e Allegra Pazzi numa apresentação pública. Não há detalhes sobre a peça executada, mas passar-se-ia no Teatro Piccolomini, com a Orquestra de Câmara de Florença. Como Allegra observa bastante o libreto, Hannibal/Fell lhe oferece um pergaminho escrito à mão, do Teatro Capranica, de 1688, o ano em que ela teria sido escrita. No cinema, inventaram algo sobre a passagem de Vita Nuova, quando, entre sonhos e suas interpretações, Dante se questiona sobre Beatriz a lhe devorar, literalmente, o coração. A aria Vide Cor Meum foi brilhantemente composta e executada por Patrick Cassidy. Sem saber, ele nos deu alguns minutos da mais bela ópera que nunca existiu - foi tudo criação do compositor, exclusivamente para o filme.
É isso. Só queria movimentar este blogue pelo qual mantenho bastante carinho e dar impulso ao meu conteúdo no YouTube.
Abraços canibais, bon appétit e até a próxima.