sábado, 14 de junho de 2025

A Hospedeira, filme ruim de 2013


Filme ruim da porra.
SILVA, João, 2013

Anteriormente, falei aqui sobre Joel Schumacher e seu estranho filme Blood Creek. Às vezes, nos surpreendemos com trabalhos medianos — ou francamente questionáveis — de bons cineastas, sejam eles roteiristas ou diretores. Há exceções, claro, como aqueles que só entregaram obras refinadas, a exemplo de Stanley Kubrick, Sam Mendes, Paul Thomas Anderson ou o roteirista Charlie Kaufman. Mas, vez ou outra, aparecem certos títulos nos currículos de alguns nomes respeitáveis que nos deixam perplexos. Ou melhor: compreendemos, sim. Provavelmente rolou uma boa grana, e o sujeito tinha contas vencidas a quitar.

É o caso do filme The Host, ou A Hospedeira, de 2013. Quem o dirigiu foi ninguém menos que Andrew Niccol, que também assina o roteiro — uma adaptação do romance de Stephenie Meyer, autora da série Crepúsculo (aquele dos vampirinhos sexys que brilham ao sol).

Vamos à sinopse. The Host é um filme de ficção científica ambientado em um futuro onde a Terra foi dominada por uma raça alienígena chamada “almas”, que assumem o controle dos corpos humanos. A história gira em torno de Melanie Stryder, uma jovem cuja mente resiste à alma chamada Peregrina (ou Wanda), implantada em seu corpo. Juntas, elas embarcam em uma jornada que desafia as regras desse novo mundo. As “almas” são criaturinhas brilhantes que cabem na palma da mão e entram no corpo humano por uma pequena incisão na nuca. São seres evoluídos que, ao ocuparem o planeta, acabam com as guerras, a fome, a dor e o sofrimento. Mas, naturalmente, existem grupos de resistência humana — e Melanie faz parte de um deles. Ela é muié guerreira tão determinada que a “alma parasita” acaba convivendo com sua consciência dentro do mesmo corpo e, a partir disso, aprende a valorizar a condição humana. Que lindo!

O mote até desperta interesse, mas não convence. Uma inteligência alienígena milenar, altamente evoluída, acaba simpatizando com a humanidade — uma espécie tóxica, interesseira, traiçoeira, promíscua e autodestrutiva. Mas, claro, nós temos algo que nenhuma civilização interplanetária tem: a capacidade de "amar" (leia-se: gozar gostoso em buracos quentes). Ironias à parte, as almas talvez amem nosso planeta mais do que nós mesmos, já que vêm para eliminar a nocividade herdada desde Adão e Eva - a primeira dívida histórica jogada em nosso colo! Se houvesse uma invasão assim, eu mesmo ficaria do lado dos ETs fofinhos.

Veja bem: Andrew Niccol escreveu filmes como Gattaca – A Experiência Genética (1997), O Show de Truman – O Show da Vida (1998), S1m0ne (2002), O Terminal (2004), O Senhor das Armas (2005), O Preço do Amanhã (2011), Good Kill – Máxima Precisão (2014) e Anon (2018). Então, um dia, ele pariu A Hospedeira — e, dizem, conseguiu dormir em paz mesmo assim. Se estava tão necessitado de dinheiro, talvez fosse mais digno aceitar um job na Rua Augusta.

Enfim, é isso. O filme é uma bosta e me ensinou que bons diretores e escritores se vendem igual a qualquer um: dinheiro na mão, calcinha no chão.

Abraços vendidos e até a próxima.


Andrew Niccol antes e após escrever e dirigir The Host. Imagens obviamente geradas por IA.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Blood Creek

Nazistas macumbeiros: garantia de boa diversão.

Joel Schumacher, pouco antes de morrer, afirmava ter levado para a cama mais de vinte mil homens. Não duvido. Foi um bom diretor, responsável por produções que permanecerão na memória afetiva de muitos e, com isso, obteve destaque na Babilônia hollywoodiana. Se até um anônimo consegue sexo fácil (ainda mais nos dias de hoje, quando o corpo humano tem o mesmo valor que um pedaço de cocô), imaginem quantos homens não aceitariam dar o furico a Schumacher, em troca de uma pontinha num filme qualquer.

Em resumo, suas declarações nunca tiveram nada de respeitáveis, pois se vangloriar de foder deveria ser algo insignificante para alguém que possui o mérito de ter encabeçado um bom conjunto de obras. Como diretor, sim, ele foi respeitável. Só por O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (St. Elmo's Fire, 1985), ele já mereceria todo meu apreço.

Blood Creek é um filme curioso, pois, apesar de contar com Joel Schumacher na direção e nomes como Dominic Purcell, Henry Cavill e Michael Fassbender no elenco, passou despercebido. A trama é interessante, e a narrativa segue de maneira destrambelhada. Mas a proposta do filme sempre foi ser um terror/suspense meio gore e banal. E, de fato, passou totalmente despercebido. Eu mesmo o vi há alguns anos meramente por acaso (surgiu como indicação na tela do streaming) e, agora, o revi graças ao algoritmo dentro do gênero terror e sobrenatural.

O mote se liga à já batida história do nazismo e suas práticas ocultistas, algo que, aliás, mencionei aqui quando sugeri o filme Navio de Sangue (2019). A história começa em 1936, com a chegada do oficial e pesquisador nazista Richard Wirth a uma fazenda de imigrantes alemães nos ermos vicinais dos EUA. Ele demonstra interesse por algo peculiar no local: uma imensa e antiga pedra viking entalhada com runas.

Quem é fã da franquia Indiana Jones deve se lembrar de como os nazistas viviam infernizando o arqueólogo em busca de relíquias sagradas que fundamentariam suas crenças e dariam poder ao Reich de mil anos. Isso nunca foi mera ficção. De fato, o alto escalão bigodista patrocinava expedições similares, inclusive em regiões inóspitas como a Antártica.

Após poucos minutos de filme, saltamos para o ano de 2007, onde conhecemos um paramédico atormentado pelo desaparecimento do irmão durante uma pescaria. Numa noite, esse mesmo irmão retorna e o chama para ajudá-lo numa empreitada violenta. Logo percebemos que ele esteve preso por dois anos na mesma fazenda onde o macumbeiro alemão chegou na década de '30 – e que toda a família de imigrantes ainda está lá, vivendo como no passado e sem envelhecer.

E mais: os irmãos têm apenas uma noite para impedir que um ritual macabro ocorra. Se eu falar mais, estragarei as surpresas. Surpresas bobas de um filme simplório – mas, ainda assim, surpresas.

É isso. Sugestão de filme bobo para passar o tempo. Fico por aqui. Abraços emacumbados e até a próxima.


Imagens geradas por IA com base nas diretrizes: Hitler, magia e ocultismo