"Essa é a nossa missão!"
Cronos: The New Dawn é um jogo de ação e sobrevivência ambientado em um mundo pós-apocalíptico devastado pela “Mudança” (ou Mutação) — evento que transformou humanos em criaturas grotescas e gerou anomalias gravitacionais. O jogador assume o papel de uma Viajante do “Coletivo”, enviada para explorar ruínas e fendas temporais entre um futuro sombrio e a Polônia comunista dos anos 1980, em busca das "essências" de pessoas escolhidas por este mesmo "Coletivo" - cuja extração é efetuada pela cachola por meio de gadget preso ao pulso dos Viajantes e um sistema de guarda chamado "filatério", o que mantém, de certa forma, uma ligação com a ideia do tefilin místico usado por judeus e outras religiões. Com estética brutalista e atmosfera retrofuturista, o jogo combina combate tático, horror corporal e confrontos morais sobre memória, humanidade e sacrifício. Para mim, é uma clara ode ao indivíduo diante do coletivismo.
Cronos (ou Kronos, Cronus, Crono) é, na mitologia grega, o titã do tempo e rei dos titãs. Saturno é a versão romana para a mesma divindade. Filho de Urano (o céu) e Gaia (a terra), é obviamente o mais jovem entre eles. Representa o tempo em seu aspecto destrutivo e inevitável — força capaz de reger o destino e consumir todas as coisas. Em algumas representações, carrega uma foice. Após destronar o próprio pai, passou a devorar os filhos, temendo que o mesmo destino o alcançasse.
Acredito que o “Cronos” que dá título ao jogo refere-se ao vilão Desbravador, perseguido por nós durante toda a jornada e que, ao final, se torna nosso grande oponente. Sua âncora temporal transforma-se em uma foice — símbolo que também remete ao regime soviético. Em determinado momento, encontramos vários Viajantes (concebidos por ele) mortos em celas — ou seja, ele literalmente aniquila seus próprios “filhos”.
Faz tempo que eu não escrevia sobre videogames e, curiosamente, publiquei dois vídeos quase seguidos sobre o mesmo jogo: Cronos: The New Dawn, desenvolvido pelo estúdio polonês Bloober Team — o mesmo que me conquistou com o remake de Silent Hill 2 e com o terror em primeira pessoa A Bruxa de Blair. Digo “curiosamente” porque o conteúdo do meu canal costuma surgir de forma espontânea, diante de alguma notícia ou obra que me chama a atenção — livros, jogos etc. Assim, gravar dois vídeos sobre um único título foi algo realmente fora da curva para o ritmo das minhas postagens no YouTube.
Devo admitir: fiquei impressionado com Cronos: The New Dawn. Se eu tivesse o hábito de dar notas, ele mereceria um 8/10. Enquanto experiência de survival horror, beira à perfeição — mas alguns aspectos de jogabilidade impedem-no disso. Ainda assim, foi uma jornada intensa, imersiva e aterrorizante. O medo constante de ser surpreendido por algum monstrengo brotando do nada manteve-me tenso durante mais de vinte horas de jogo.
A jogabilidade é desafiadora e - às vezes - irritante e cansativa. Nossa personagem, a Viajante, é lenta e pesada, devido ao traje e aos equipamentos carregados. Já os inimigos são ágeis, com ataques de longo alcance e alto dano. E os bosses… nem se fala. São cinco ao todo, e os dois últimos quase me fizeram desistir: Mãe Eliza e o Desbravador. Acredito que mais da metade das minhas mortes veio apenas desses dois confrontos. Foram eles que me impediram de dar uma nota 10/10 pois o resultado da dificuldade trouxe mais uma experiência de cansaço e estresse - diante do desequilíbrio - do que de conquista.
As batalhas são brutais (sobretudo contra o jogador). Mãe Eliza nos esgota com hordas de criaturas, vômitos ácidos e tentáculos que emergem do chão. O Desbravador é ainda mais impiedoso — ágil, teleporta-se e aparece de surpresa às nossas costas, com ataques praticamente inevitáveis e uma barra de vida exagerada. Além disso, dispara esferas elétricas e rajadas de energia por todo o cenário, obrigando-nos a manipular a gravidade e o ambiente para sobreviver. Enfrentamo-lo em quatro cenários distintos, com pouquíssima munição e escassos frascos de cura.
Dizem que, ao zerar um jogo difícil, a sensação é de recompensa. Para mim, foi apenas alívio. A verdadeira gratificação veio das boas horas de diversão (descontados os bosses que desequilibram a jornada) e do belo enredo, cujo desfecho nos oferece uma reflexão sobre reparação, amor e respeito ao individualismo. Ao final, temos uma escolha: executar ou não o Desbravador. Escolhi poupá-lo, permitindo que partisse com sua amada Weronica — apenas para descobrir que ele reiniciaria todo o ciclo novamente. Caso o executássemos, Weronica voltaria ao pré-apocalipse, contaminada pela Mutação, e tudo recomeçaria do mesmo modo. Em suma: se correr o bicho pega; se ficar, o bicho come. Cronos, então, é um jogo também sobre a inevitabilidade. Além disso, quando zeramos o jogo novamente, surge a terceira opção: "Recomeçar". Nesta, não executamos o Desbravador; mas também não enviamos Weronica ao passado. A Viajante a conduz a uma possibilidade que nos é incógnita: lhe estendendo a mão para ajudá-la a emergir de uma cápsula de viajante... O que virá daí? Nem os desenvolvedores sabem, certamente. Mas deixaram um fio de esperança no ar.
O jogo não possui "modo fácil" — apenas o "normal". Após zerar, desbloqueia-se o Novo Jogo+, que mantém os aprimoramentos de armas e armaduras, além de liberar um modo difícil, voltado aos mais "obstinados" - ou seja: gente viciada em videogame e com bastante tempo livre à frente da tela. Pretendo tentar o Novo Jogo+ futuramente, para descobrir o que deixei passar em termos de história e coleta de itens. Mas, se houver uma continuação, só a comprarei se incluírem um modo fácil — às vezes, quero apenas me divertir sem neuras, sem gastar horas enfrentando chefões brutais.
A mídia comprada por mim é a física. De brinde, vieram uma cartela de adesivos e um voucher com código resgatável para 1000 (mil) pontos de energia (essencial para aprimoramentos), quatro munições para a "espada" (pistola) e um frasco pequeno repositor de saúde. Achei bacana, pois é melhor do que vir apenas a caixa com o disco e nada mais - e, claro, ter a mídia física é sempre mais legal que "ter" a mídia digital pelo mesmo preço.
Acho que já escrevi demais, considerando que existem dois vídeos meus sobre essa verdadeira obra de arte eletrônica. Encerro por aqui.
Abraços desbravadores e até a próxima.


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Lembro bem do vídeo em que você fala desse negócio de jogar sem pretensões de se tornar um gamer e acredito que haja ou haverá um olhar maior sobre isso, para fisgar os considerados jogadores ocasionais. Mas eu não sou a pessoa mais indicada para falar sobre isso. Também lembro de você ter criticado a lentidão da personagem protagonista, pois isso a torna vulnerável demais aos perigos e desafios. Na verdade, não acho justo que a gente, como personagem, possua uma limitação não afirmada, que a gente não sabe se é assim mesmo ou se faz parte de um bug do game. Parece que o sistema já foi projetado pra o jogador perder,,colocando-o em desvantagem. Não sei se isso faz o jogo ficar melhor ou não. Mas você gostou assim mesmo, é o que importa - a gente gostar de dar nosso tempo àquilo.
ResponderExcluirUm abraço
A lentidão foi pensada pelos desenvolvedores, mas acho que pesaram a mão. Ficou sofrível, em vários momentos, e nada "emocionante". Acredito que, em alguma atualização futura, poderão inserir o modo fácil. Vi isso no jogo the evil within 2, por exemplo. Quando joguei a primeira vez (em mídia física), foi difícil. Depois joguei novamente via PS Plus (sistema da Sony) e já havia um modo fácil. Zerei nas duas vezes, mas na segunda queria apenas passar o tempo sem enfrentar novamente tantos desafios complicados. Acho que os estúdios deveriam pensar mais no jogador casual, até como maneira de "formar novos gamers". Abraços!
ExcluirValeu a pena investir no PS5?
ResponderExcluirSalve, Pateta.
ExcluirTenho minhas dúvidas. Acho q esses jogos rodariam no Ps4 se a indústria quisesse. Mesmo assim o meu havia queimado a fonte de alimentação DUAS VEZES e um cara quis comprar para consertar e vendê-lo. Então passei logo pra frente e não fazia sentido comprar um ps4 novo.
Joguei MUITO no ps5. Então penso que só por isso já valeu.
Abraços
"tefilin místico" nem sabia que existia
ResponderExcluirque "acessório" legal, especulo que deve ter alguma relação com memoria tátil, sei lá.
os judeus são impressionantes
abs!
Deve ser alguma forma de macumba sionista.
ExcluirErvas daninhas São impressionantes: arruinam tudo é não há quem dê cabo.
Abraços